terça-feira, 17 de maio de 2022

19 dias entre o oriente e o ocidente: redflags (ou "twist of fate"?)

Uma das coisas que se observa quando estudamos teorias de aprendizagem é que o processo de tomada de decisão muitas vezes se dá em etapas: interagir com o meio/ambiente, agir, e depois avaliar o resultado de tal ação (boa, ruim, se te machucou etc). Por exemplo, "errar..recuperar rápido...ter otimismo...não dar desculpas e ser prático" é simplesmente só agir sem pensar no que se fez. Sob essa ótica, quando isso acontece a pessoa simplesmente só reagiu a um estímulo do ambiente de maneira inconsequente, se estrepou e fingiu que nada aconteceu. Mas claro, o momento de avaliação nesse caso vem, mas com delay/atraso, em formato de "culpa", ou "errar, reconhecer e se levantar rápido". Em casos assim, o "reconhecimento do erro" na verdade pode só ter se manifestado porque alguém apontou o erro. Mas no caso do exemplo, o aprendizado nem vem, pois não houve aprendizado algum: há de se repetir. Redflag. 

Esse blog relata coisas da primeira e bastante da terceira parte do processo de aprendizagem: em geral, sou eu falando sobre meus erros e tudo mais, já que não é incomum tentarmos aprender algo com os mesmos. 

Uma coisa ultimamente tem ficado mais pronunciada na minha vida, meio que mudando um pouco esse viés: aprender com os acertos. Isso por que, olhar para nossos tropeços e aprender com eles é até fácil, pois envolve dor e penalização. Agora, extrair sistematização e método de algo que deu certo... em geral é mais difícil: temos a tendência a querer replicar oque funcionou, mas pouco estímulo para nos debruçarmos sobre tais eventos e estudá-los.

Mas porque estou falando disso.... acho que por olhar pra tomada de decisão do outro, e tentar também aprender lições delas. Ainda mais quando essas nos afetam.

Sabe... ainda estou processando tudo oque se passou nesse fds... está difícil ainda fazer sentido da situação, das ações e das reações das pessoas... desde o domingo estou num misto de estômago embrulhado com... sei lá, dissonância cognitiva, talvez: tentando não acreditar no que vejo e leio, mas sim me apegar ao que sinto...  

Interessante isso, em como a vida se fecha num círculo... me lembrei por estes dias da primeira vez que conheci uma tal sereia, numa festa, ou "balada", como dizem os paulistanos. Em algum momento da conversa, apareceu um cara novinho, beligerante e impulsivo, me atravessando e a pegando pelo braço... fiquei ali ao lado, observando e só esperando, mas atento e alerta. Logo ela jogou o cara pra escanteio e, pra minha felicidade, continuamos a conversa.

Sempre disse a ela que a decisão do que fazer ali era dela: se ela quisesse aquele rapaz... oque faria eu? Nada, oras! Vou "atravessá-lo" também, brigar com ele, querer me mostrar mais forte? "-Você gosta de deixar livre, ...não liga"... ela dizia. E a gente ria.... distorcíamos tudo em piada... 

....no entanto, algumas vezes eu dizia a ela o seguinte (e hoje me lembrei disso): que na verdade ali não era eu que estava a "dar" (diria melhor, "ressaltar/celebrar a") liberdade de decisão a ela. Estava, isso sim, observando e avaliando a situação. Primeiro, pra agir em caso o rapaz transformasse impulsividade em agressividade. E também, acima de tudo, pra ter a certeza de que, se ela fosse com ele, talvez não fosse a pessoa com a qual eu deveria estar conversando naquela festa. Observava por ter a convicção de que, se fosse aquele o caminho que ela preferisse, então não, não poderia ser pra mim; ela nunca encontraria algo do tipo em mim pois não sou, nem quero ser, aquele tipo de homem.

Um ouroboros
num tratado de alquimia do século XV
Fast-forward, 2022... algo muito parecido me acontece novaente. Na hora me lembrei daquele símbolo de ouroboros, do qual falei uma vez: impulsiva e num arroubo auto-destrutivo, a "pobre" cobra consome a si própria… uma estória que parece se repetir... Isso porque, curiosamente, havia acordado logo cedo pra uma imagem no meu celular de uma borboletinha que tinha justamente isso em suas asas: dois tracinhos em formato de semi-círculo, um em cada asa... duas cobrinhas.. um ouroboros... vai ver o sinal que esperava era esse...pensei. Só não sabia em que direção esse sinal apontava (nem sei ainda).




Bom... vocês já sabem como a estória antiga procedeu. Agora, a de hoje? Não sei... não sei ainda... só sei que fiquei preocupado, assim como quando observei a cena da festa que descrevi acima: eu de canto mas atento e próximo, preocupado, ... Oque fica claro pra mim talvez seja algo que permeie muito de como eu vejo o mundo e as pessoas: estamos em tudo oque fazemos, e em cada coisa que fazemos encontramos todas as nossas faces, imperfeições, e virtudes. Pois, no fim das contas, nunca aprenderemos com nossos erros ou acertos ("levantar rápido")  ao simplesmente fingirmos que nada aconteceu. 


Mas vale lembrar: nossas decisões não se impõem a de outras pessoas, nem como avaliamos as coisas ou aprendemos com nossos infortunios. Pra que lado uma pessoa vai quando bate o vento… isso em geral não é problema nosso. Vai ver, no fim das contas, tudo não passa de aceitação: de acolhermos os outros em suas decisões, por mais que as recriminemos… enfim, tô andando em círculos aqui… como um ouroboros..

[Adendo]
[Que coincidência o fato de, dias antes do incidente, eu ter citado  a música "hissing of the summer lawns" da Joni Mitchell]
[
"He put up a barbed wire fence
To keep out the unknown
And on every metal thorn
Just a little blood of his own
She patrols that fence of his to a Latin drum
And the hissing of summer lawns

Darkness, wonder makes it easy
Darkness, with a joyful mask
Darkness, tube's gone, darkness, darkness, darkness
No color, no contrast"
]

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