quarta-feira, 7 de junho de 2023

Um ano nos trópicos

É, pessoal... um ano nos trópicos. Um aninho desde que pisei novamente nessa terra.

Muita, mas muita coisa mudou desde então: profissionalmente, pessoalmente, em várias esferas. Difícil dizer se houve progresso, mas certamente eu mudei. 

Algumas notas e observações inesperadas:
  • Me surpreende que ao estar mais perto de algumas pessoas eu acabaria por falar menos com elas.
  • Lidar com família tem sido mais fácil do que imaginava. Lidar com amigos também.
  • Como um lado oposto de uma moeda - Brasil versus Japão - hoje meus dias de semana têm menos gente, enquanto finais de semana são mais cheios. 
  • Eu já imaginava que curtia trabalhar com mais pessoas e/ou em times. Aqui isso ficou ainda mais evidente. 
  • Talvez por conta disso meu apreço pelo silêncio e tempo sozinho ficou ainda maior.
  • Sim, acho que tenho alguma forma de hyperacusis.
  • Descobri que engenheiros dominam o mundo. Matemáticos que querem ser ouvidos devem fazer amizades com eles. 
  • Morar no Brasil é muito mais gostoso e fácil do que imaginava. Tem uma riqueza e simplicidade que não existe em outros lugares em que vivi. Talvez o único lugar que conheço que tenha isso - mas de uma outra forma, totalmente diferente - seja o Japão.  
  • Por outro lado, muita gente aqui acredita que o que vem de fora é sempre muito melhor (vira-latismo rules).
  • Crescer no Brasil é muito mais difícil do que imaginava e, quando acontece, se dá em circunstâncias muito mais adversas. Sendo assim, se você vê alguém que consegue crescer por seu próprio esforço aqui você pode tirar o chapéu: essa pessoa pegou muito mais touros pelo chifre do que qualquer primeiro mundista bem sucedido.
  • Jovens são muito mais engajados politicamente do que em qualquer outro lugar que já vivi (exceto talvez pela Alemanha).
  • Infelizmente, as pessoas parecem ter uma crença gigantesca em tudo aquilo que vem pelo celular. Sendo assim, uma reportagem num jornal de renome e uma mensagem no WhatsApp têm a mesma credibilidade pra muita gente. Há uma carência de referências enorme. Às vezes temo viver num mundo dominado por tiktokkers, influencers no instagram e celebridades religiosas ou sertanejas. 
  • Há muito mais pobreza do que imaginava dentre os que não têm nada. E muito mais riqueza do que imaginava dentre os que têm tudo.
Sei que várias vezes falei dessa nossa fase da vida como um capítulo novo a ser escrito. Ainda não me parece claro como ele começa, ou em que momento estou. Talvez seja por isso que tenho escrito tão pouco, atento que estou em desvendar os meandros dessa prosa que permeia o ar. Não sei, pareço entender tudo e logo perder o sentido das coisas, o que me dexa confuso. 

Há muito ainda por se desvendar e fazer. Muito ainda por se depreender e refletir sobre. 
Tipo de lucidez que nos visita aos poucos, sabe? Vai ver só preciso de paciência pra esperar.