terça-feira, 20 de abril de 2021

Errando da maneira certa

Estava pensando por estes dias em como há coisas que fazemos e dizemos tendo aquela duvidazinha de estarmos ou não correto: ao citarmos um livro sem o termos lido, ao tirarmos conclusões sem termos realmente ido à fonte etc. 

Há tempos quero falar sobre o caso. Primeiramente, me veio a idéia por saber de um político tailandês que citou o "animal farm" do George Orwell de uma maneira tão distorcida que ficou óbvio que o sujeito não havia lido o livro. Recentemente, de novo com George Orwell, houve um caso semelhante nos eua (well... não tão recentemente assim... pra você ver como eu estou em dívida e atraso entre idéias e atividade de escrita neste blog).

Tudo isso me levou à seguinte pergunta: oque será que eu falo sem saber com certeza do que estou falando? Demorei bastante... em geral a gente se protege de pensar nessas coisas, mas encontrei algumas coisas:

  • Farther and further: deve haver uma diferença, mas eu nunca sei ao certo qual utilizar.
  • Porquê, por que, por quê, porque: você saber quando usar cada um deles? Sabe o porquê? (ai, que quase-piada besta!)
  • Há um em japonês que eu sempre me embanano todo: nin-niku, kin-niku, gyu-niku. O último eu sei que é leite. Os dois primeiros um é alho, o outro é músculos.... eterna dúvida.
  • Alter-ego e super-ego: toda vez que falo um fico me perguntando se deveria ter usado o outro.
 Uma coisa curiosa é que encontrei (depois de observar outros fazendo isso) uma maneira de lidar com essas dúvidas: eu tento "cometê-las com ruído":  pronuncio meio sem clareza, um pouco mais rápido que o habitual; assim as pessoas não têm a certeza se cometi um ou outro.1 

Mas claro, uma hora alguém percebe, ou ri da tua cara, como aconteceu uma vez comigo, quando perceberam que eu confundia "fell" com "felt": às vezes a "técnica" acima sai pela culatra e você se lasca ... não podia ser mais Orwelliano.




1 Diga-se de passagem, este artifício "maquiavélico" não foi elaborado por mim. Aprendi com um amigo americano que morou no Brasil e dava umas despistadas dessas de vez em quando ao falar português.

domingo, 11 de abril de 2021

Direto da Terra do Sol Nascente #111: lost in translation

- Yeah... you know, I don't like him that much... he's a bit arrogant..

-Elegant?!

-Arrogant

- Elegant??

-A-R-RO-GANT!!!

[Digo elevando a voz, mas de maneira "educadamente japonesa"]

...hummm... - chot-to-mat-te ku-da-sai

[a secretária pede licença e corre pro computador pra pesquisar a palavra no dicionário]

- ahhhh I shee... I didn't know this word, because there are no japanese arrogant people...

😬😑



quinta-feira, 8 de abril de 2021

Direto da Terra do Sol Nascente #110: errar grande e errar pequeno

Essa semana me apareceu uma constatação entre as idéias: em conversa com um amigo, ele me relatava suas aventuras pelo mundo da super-exposição causada por essa vida que parece se recolher ao universo diminuto do virtual... do pixel, das lives, dos likes. 

Na hora me veio a questão do quanto eu tenho me exposto nesses últimos anos. Muito? Pouco? Nada?

É... acho que nada. Pareço viver em refúgio e numa bolha ao mesmo tempo. Algo um tanto estranho de se constatar, e igualmente incômodo. 

Ultimamente mil coisas, mil frontes têm sido empurrados adiante por mim. E enquanto pareço vencer medos e temores nuns, noutros pereço - ou me sinto perecer - como se congelado pelo receio, pela angústia de tentar: como uma derrota antes mesmo de haver duelo.

Sabe como é?

Não, talvez você não saiba.... mas olha, acontece. Crescer demora, e crescer se dá por erros, uma infinitude deles: você coloca um, empilhado em cima de outro, e de mais outro, e quando vê - puff - algo acontece. É só questão de paciência mesmo. A qual, muitas vezes, pareço carecer.

Sabe como é?

Isso. Erros, grandes, pequenos. Acumulá-los  sem deixar que tomem conta da casa, que subam na cama com os pés sujos, que entrem de sapatos, que comam a sobremesa antes da janta. Pois se deixarmos, já viu: os erros vêm e levam tudo oque é nosso. É só ter destreza em domá-los, little-by-little.

...sabe?