sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Foggy

Amanheci aFOGado em névoa

Não faz sol lá fora...

... mas pelo menos não chove aqui dentro


[Isso me veio à cabeça enquanto voltava da piscina agora cedo...]
[Acho incrível como o nosso corpo sente forte a falta de luminosidade dos dias de (quase)inverno,]
[em como a gente absorve esse estado nublado do mundo]

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Relembrando Stravinsky



Já tive meus dias de Stravinsky: de ficar ouvindo suas peças aos montes, de curtir isso e só isso. Parei tem um bom tempo já. De qualquer maneira, ficou a admiração pelo trabalho dele e pela pessoa que ele me pareceu ser: lembro-me de ler um livro de conversas dele com o Robert Craft (que era como que um secretário dele, até citado no filme acima) onde o último, depois de questionar o Stravinsky sobre a música contemporânea (daquela época, oque significa  Stockhausen  ) se ele não achava que aquela nova geração estaria indo longe demais, no sentido de perder a razão no que faz... uma juventude perdida!!, assim digamos. Aí o Stravinsky diz meio que " eu quero que eles façam isso mesmo. Já fui jovem e a geração anterior à minha não queria/fazia questão de me entender. Nós, de uma geração anterior, sempre vamos querer colocar o que vivemos numa redoma intocável, onde oque fizemos, vivemos e fomos foi o melhor de tudo..."


[Uma peça do Stockhausen]

Fiquei extremamente admirado com a sobriedade dessas palavras. Penso no meu caso, como brasileiro e, acima de tudo, cidadão do mundo:  ficaria muito feliz se não tivesse que deixar um mundo de merda pras gerações que estão vindo por aí - guerras santas ( e não santas), poluição crescente, obesidade em níveis altíssimos, Celso Russomano quase prefeito de São Paulo, ódio por muçulmanos, ódio por norte-americanos, homofobia, xenofobia, McDonalds tendo lucros crescentes ano a ano etc

Vou parar por aqui ...e ir fazer uma sopa. Vejam o filme; ao menos o comecinho, quando o Juliam Bream encontra o Stravinsky e toca um alaúde pra este último ouvir. Linda mesmo essa parte.

sábado, 15 de setembro de 2012

Grief ( ou "abraço chinês")

Eu não gosto muito de fazer desse blog um diário explícito do que vivo passo (ou do que passa por mim), mas ontem aconteceu algo que não foi muito comum e tem muito a ver com essa coisa toda de morar longe de tudo e todos por muito tempo, de fazer um doutorado num lugar onde não só estudar se precisa, mas dar aula, ou corrigir mil listas de exercícios chatas pra cacete etc ( bem diferente dos padrões CNpQ, no Brasil)


No final da aula da manhã uma colega chinesa vira pra trás da carteira dela, olha pra mim com um olhar desesperado e me diz: " -I need your help". Na hora percebi o quão mal ela estava. Perguntei se era questão de ir com ela ao hospital da universidade. Não... ela não estava doente; só precisava de ajuda pra ir até a sala dela. Saí andando na frente com minha mala e a dela nas costas, mas qdo percebi ela estava lá atrás:  não conseguia andar direito. Voltei e ela segurou no meu braço. E ela fazia isso com um desespero de uma criança com medo de escuro. Na hora percebi a proporção da coisa toda, mas não sabia bem oque fazer.

No meio da escada paramos, ela começou a chorar muito... ficamos ali mais uns minutos até que ela pudesse andar de novo. Seguimos um andar, dois andares.. e chegamos ao escritório. Ela se sentou e começou a me contar que recebera a notícia do falecimento do avô naquela manhã, logo antes da aula. Agora, com o semestre já começado, ela não pode voltar pra china para o funeral, oque dói mais ainda nela. "-Há quantos anos você não o via?"

"- Desde
[lágrima]
que vim
[lágrima]
pra cá"

[lágrimas +  lágrimas]
[Oque significa 4 anos]

Tentei confortá-la dizendo o quanto é difícil mesmo essa situação de ficar longe dos nossos. Contei meu caso de crise no império americano, como foi difícil levar isso "sozinho", distante de amigos e família, de como foi o processo de luto ( grief) pra mim, diante das perdas que estava vivenciando. Ela pareceu um pouco mais calma, mas logo começou a me contar a história dela, cheia de choro nos olhos, olhando para o chão. Na verdade, os dois olhando para o chão, cheio de rascunhos matemáticos, cada um em uma cadeira.

Ficava olhando pro sapato dela, no qual estava escrito " he loves me now", e onde tinha uma margarida sem uma pétala. Pensei no quão contraditório era aquilo, pruma chinesa que com 99% de certeza nunca deu um beijo em alguém. Ela continuava falando do avô, da distância, do fato de não ter voltado à China em quatro anos... Logo era eu que estava chorando também, pensando em como seria difícil perder minha mãe ou algo parecido. Ficamos lá, cada um no seu mundo/lugar, chorando sua própria tristeza. Passou-se um tempo e, além de muitas outras coisas, falei: "- Vá pra casa e chore o que vc quer/tem que chorar. Respeite-se... respeite a sua dor" ....

[falei isso por que ela é uma workaholic do caraleo]

Levantei-me, precisava ir embora. Segurei nas mãos dela dizendo " passo na sua sala mais tarde pra ver se vc está bem... não fique assim: vc tem amigos aqui, não se esqueça disso".. Aí os olhos dela se encheram de água de novo, enquanto ela segurava minhas mãos cheia de " -thank you,...thank you...". Aí eu dei um abraço nela (acho que ela não esperava por isso), ela continuou chorando (mais ainda... como uma chuva que começa a cair mais e mais forte). Saí da sala...e segui pra um dia de trabalho escravo corrigindo provas. Precisava ligar pra minha mãe pra pedir pra ela ficar bem sempre.... como quando eu era criança e me deixava na escola: eu, com medo de que ela me esquecesse lá e não me viesse buscar na saída por algum motivo: ela me esquecer, ela encontrar uma criança menos bagunceira no supermercado...sei lá. Peguei o telefone... mas não liguei... não queria assustá-la. Guardei minha angústia acreditando que ela sempre vai estar lá pra mim.


[Acordei com essa música na cabeça]
[me perdoem pelo vídeo... não tenho mais como adicioná-los em tamanho pequeno]



[mas enfim: acordei com essa música na cabeça]
[na qual vejo uma descrição de luto]
[...onde se chega a um estado de quase nada... só lama e escuridão... e no qual pensamos se é possível trocar tudo isso por alegria de novo: um céu azul pela nossa dor, nossas cinzas por árvores, o ar quente que nos asfixia por uma brisa fresquinha...]
[embora nada disso vá trazer a pessoa que se foi - não necessariamente por ter morrido - de volta]
[Vai ver eu sou mais um que entendi essa música erradamente... vai saber?]



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Uma cabeça cheia de coisas - a ampliação cerebral (parte II)



[Continuando o post Uma cabeça cheia de coisas - a ampliação cerebral (parte I) ]







A porta de sua sala se fechou antes que eu pudesse terminar minha frase.

Não sei...esse médico é muito estranho... vai ver ele também tem coisas demais na cabeça










Durante o jantar contei à senhora minha esposa e às crianças





"- Papai vai fazer uma cirurgia?", perguntou o caçula. "- Nada certo ainda, meu filho...é provável que sim".

Minha esposa me olhou irritada: " - por que vc não coloca um implante pra aumentar aquilo que você tem em falta?"...e levantou nervosa, batendo portas.

As crianças não entenderam nada ....(acho)











[Sem idéia de como terminar isso ainda]
[No entanto, pra uma camiseta  eu tenho uma idéia...]
[...talvez a implemente, não sei ainda]

domingo, 9 de setembro de 2012

Uma cabeça cheia de coisas - a ampliação cerebral (parte I)











Só mesmo indo ao médico para resolver o problema: tinha coisas demais na cabeça.




O médico só me olhava com desdém enquanto eu falava. Ao acabar de lhe explicar minha situação e expor minha aflição, ele me disse, calmo, pausadamente: " Então.... o senhor já pensou em ampliar a sua cabeça?"






Por alguns segundos achei que não tivesse ouvido aquilo, que fora um tanto despropositádo, sem sentido, sem porém, sem nada... levantei-me e falei rispidamente: "- Claro!!! Vamos aproveitar e contruir uma adega no porão e mais um cômodo na lage!!!" Peguei meu chapéiu e saí pela rua, desbaratinado, com a cabeça ainda cheia de coisas.
 Mas não consegui esquecer oque me fora dito por aquele médico; tentei dormir, mas suas palavras ecoavam pela minha cabeça, espremidas entre as então muitas coisas que já andavam por lá.



Marquei uma ouitra consulta. Se fosse o caso, só ouviria, diria que não, e sairia, dessa vez mais polidamente.

A consulta seguiu como sempre: o médico olhou para meis olhos (ou será que olhava para a minha cabeça? )dizendo: "- Veja bem, senhor Rafaello.."


[mãos do médico gesticulando um "veja bem.."]


Eu não entendi muito bem como o procedimento se daria; haveria uma "pequena alteração" ma minha aparência, segundo ele.

[expansor cerebral]



Perguntei então se haveria alguma outra opção...


Então o doutor, segurando uma risada, me disse: "- Nosso designers já planejaram tudo, após anos e anos de trabalho duro e muitos testes...
Além do que, o senhor pareceria uma tartaruga com este expansor às costas"





Um pequeno silêncio se seguiu. O médio me olhava com aqueles dedos inquieros "veja bem, sehor Rafaello" novamente


Disse lhe então que pensaria no assunto em breve, não sem antes consultar minha esposa
Antes de sair da sala, já do outro lado da porta, virei-me e disse: "só mais uma pergunta". O pequeno doutor arregalou os olhos e se esticou na ponta dos  pés para me ouvir.
" - ... o senhor falou em testes.... em quem e como eles foram feitos? O senhor conhece algum site onde eu possa ler mais à resp..."











[termino de postar depois...]
[..preciso ir lavar roupa]

domingo, 2 de setembro de 2012

Pr'os dias chuvosos e vazios

Ééééé meus amigos... o blog volta à ativa meio vazio de tudo: de significado,  de sentido ( pra não perder o costume), de rumo  e de conteúdo.

Não há muito oque se fazer nesses dias mortos ao que parece. Não há o certo, não há o errado...só fica aquele vazio murmurando na sua barriga, te despreenchendo, te descompletando, roubando a continuidade dos pensamentos e a pouca luz do dia que consegue atravessar as gotas da chuva.

Vou voltar pra esses referenciais não inerciais aqui... mas deixo um Bach pra vocês