domingo, 30 de novembro de 2014

Postal/Puzzle - Bordeaux




Foi o único desenho que fiz nessa minha última viagem. Acho que não perdi a técnica, apenas mudou minha forma de olhar as coisas. Às vezes ainda me vem essas fagulhas por dentro, e as coisas acontecem: comecei a pensar no que escrever pruma amigona que mora no Brasil e saiu isso. Fazia tempo que não desenhava inspirado, com uma idéia que se mantém por si mesmo enquanto me enveredo por ela. Tomara que ela curta =)


ps: tentei manter um "princípio de universalidade", em que as coisas mantêm-se meaningful não apenas para uma pessoa.. fica meio genérico mas mais fácilmente assimilado. Não há nada muito específico neste postal, acho: datas, lugares, nomes (exceto pelo meu ao final)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Do que sao feitos os sonhos/break apart

Muitas, mas muitas coisas mesmo me puxando pra traz, breaking me apart. De que material são feitos meus sonhos? Oque nutre minha vontade, minha persistência? Me pergunto... olho pro nada, pedalo.. acho que vivo-vegeto-vivo. Alterno minha existência entre esses dois estados. 

Não é bom olhar pra trás, mar que não está no meu horizonte... Essas ondas todas que tentam virar meu barco... me pergunto se elas estão ali para me fazerem mudar de rumo ou para me mostrar que oque existe não é só um caminho, mas a vontade de seguir adiante. Do que é feito meu barco? Do que são feitos meus sonhos?

Thanksgiving nos eua.. cidade vazia, eu trabalhando. Será que sou alma viva na faculdade? Devo ser... penso nas outras almas que conheço por aqui... todos já se foram. Será que chegou minha vez? Penso no Brasil, penso nos meus projetos neblinosos, pouco ou ainda nada palpáveis, no que tive que jogar pra fora do barco nesse percurso, no que pulou pra fora do barco pra seguir outro rumo, nos botes que avistei, nas ilhas que vi ao longe... mas no fundo ainda remo, remo. Acho que hoje me esqueci de olhar pro alto, de fechar os olhos, de sentir esse céu azul, o frio que faz com que eu me sinta mais vivo ao tentar corroer minha pele.

Espero a chuva. 
Não.
Espero a neve. 

Em alto mar, será que neva? 

Me levanto pra bisbilhotar meu entorno. "Àquilo dá-se o nome de 'horizonte' ", diz um pato que migra.

Acho que no fundo eu queria ter mais sonhos: vai ver meu barco é movido por eles (por que não?). Vai ver eu preciso de mais dias de sol, mais noites de calor, mais manhãs ouvindo Jorge Ben, menos saudade do que está longe, um pouco de cola pros pedaços de mim que querem se desprender, um pouco de tape pras partes que já caíram e se mantêm ainda presas diante do meu esforço, uma rede pra aprisionar sonhos que querem ir embora (como aquelas dos caçadores de borboletas).


ps: vai ver eu só preciso de férias.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Vida toda pela metade (?)

Vai ver no fim das contas isso tudo não passa de uma busca por mim mesmo. Acho que ver essas pessoas se degladiando por causa da segunda lei da termodinâmica ou ver um monte de palestras ruins tem me feito pensar com mais cuidado quanta cumplicidade diante de mediocridade (ok ok..talvez seja muito... mas vamos colocar assim) devemos carregar pra seguir adiante. Fazia tempo que não me vinha esse sentimento/sensação de vida pela metade: o teorema que vc quer?? não não... muito longe de ser provado e muito difícil, contente-se com essa versãozinha mais fraca e que não se aplica a caso real algum... a garota que vc queria??? Não não... contente-se em vê-la com outro e vc ficar com alguém que não te cative... o sonho que vc teve?? É... foi só um sonho mesmo, e ainda te acordaram na melhor parte. 

Melhor parar por aqui... hoje só faltou chover pedras.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Esperando Rigoberto

Eua. Cheguei no aeroporto. Uffa. Desembarque. Ainda preciso pegar minha mala. É... não é bem uma conexão: eu que dei um jeito de fazer minha própria conexão, que me sairia mais barato. Preciso correr ainda pra descobrir onde fica a tal scandinavian airlines. Alguém aí sabe?

"Esteira #3"

Lá vou eu pegar minha mala. 

Passo pelo desembarque. Vejo um grupo gigante de pessoas com cartazes. Todas animadas. Num deles, um cartaz numa cartolina azul, lia-se

"WELCOME
RIGOBERTO!!!"

Eu olhei na primeira e me passou batido. Mas o nome... não pude deixar de olhar de novo, meio que perplexo. Rigoberto????!!! Aqui, no meio dos eua???

Por um acaso, minha esteira era logo ali. De canto de olho, eu olhava aquele grupo que esperava Rigoberto chegar. Grupo enorme, como já disse antes. Todos felizes. Riiiindo. Aposto que falavam de Rigoberto. Contavam histórias sobre ele. As pessoas se olhavam felizes, cartazes, um, dois, três, todos de cores diferentes. 

E nada da minha mala.

Uma vontade enorme de voltar lá e esperar Rigoberto também. As pessoas riam mais ainda. Vai ver contavam aquele caso do rigoberto... daquele dia que ele pegou carona num caminhão de maracujá na fronteira do Paraguai pra andar 5 quadras, caiu no sono e foi parar na Argentina. Ou daquele dia em que ele saiu vendendo biscoito globo na praia e não deu outra: voltou casado! Ou do dia em que ele vendeu o apartamento que o pai lhe deixou de herança no Meyer, comprou uma combi e saiu pelo mundo. Vai ver foi com esse dinheiro que ele veio pros Eua, e agora os amigos lhe esperam. Eêêêê... Rigoberto. As pessoas riam de felicidade e o esperavam.

Minha mala ainda nada.... espio de canto de olho: as pessoas estão agitadas, mas se abraçam. Uma criança segura e agita o cartaz azul no ar. Seria Rigoberto quem vem lá?

Não era. 

[Apito da esteira]

Chega minha mala. Olho pra trás. Fico entre me juntar ao grupo, pois me sobra tempo, e comer algo antes da jornada de 8 horas que me separa do meu destino. Penso com mais cuidado: talvez Rigoberto não apareça. Seria como um "esperando Godot", versão aeroporto. É... talvez seja melhor ir embora.

Esperançoso,  ainda olho pra trás mas uma vez. Não vejo muita coisa... só uma cartolina enorme e azul.