domingo, 29 de maio de 2022

7 dias entre o oriente e o ocidente: "Seat belts, please. Turbulence zone"

 É... os altos e baixos que todo ambiente instável nos traz.. esse navegar por águas incertas que uma hora te jogam pra cima, outro te inundam de água salgada que te suga pro fundo do mar. Turbulência... esses redemoinhos que parecem querer nos fragmentar em todas as direções possíveis, tudo ao mesmo tempo....

Hoje bateu. Cheguei no trabalho logo cedo, um monte de picuinhas pra resolver - cancela mais isso, envia mais aquilo, muda objeto da mala A e passa pra mala B etc. Era muita gente pra ver e dar tchau, mas acabou: ninguém mais na lista. Como um contato que se deleta, um afazer que se dá um check, um compromisso de agenda que sai do caminho. Me senti vazio, a medida que cortava cada amarra que parecia me "prender", me vincular, ao local.

É bizarro esse processo de desenraizamento. Um amigo que fiz recenemtente aqui, que viveu em vários lugares também (6 anos na China, 1 ano em Hong Kong, mais anos em Londres) me fala que o Japão está sendo o pior pra ele: esse distânciamento social que sempre existiu entre japoneses, a sociedade lacônica, a educação e respeito extremos que muitas vezes escondem uma certa frieza e impessoalidade (ótimo pro turismo, ruim pra quem tenta estabelecer vínculos). O Japão não é para os fracos, honestamente.  Vejo a dificuldade dele em sentido reverso... tento me entender, entender oque se passa. Lembro da primeira visita ao Rio até hoje, depois de me mudar pros EUA: andava pela cidade, via pedaços de mim por ela. Hoje pareço viver o mesmo (e me esforço pra meditar em cima dessa sensação de "viver de novo", tentando separá-las).

Hoje está foda... tenho reuniões ainda, mas mal consigo trabalhar e me preparar pras mesmas. Cansaço? Sim, dormi pouco (de novo), mas é mais que isso: é algo que vai além do país, da saída... do remar até à costa brasileira...  Há dias rememoro o óbvio, rememoro fatos, e me sinto parado, stuck, como um ser atolado em lama ou areia movediça: quanto mais me debato, mais pareço afundar. Em alguns momentos pareço vir à tona, respiro, encho os pulmões de ar. Em outros, sou forçado a me lembrar daquilo que me dói: tento olhar pro céu pra apreciar a copa das árvores, o canto dos pássaros, mas sou forçado a olhar pro chão pra ver onde meus pés pisam. Não quero ser forçado a lembrar do que me dói, mas também não quero ter que sacrificar todas as boas lembranças junto. Quero casa... quero colo, quero papaya e tapioca... quero meu sobrinho, mãe, amigos, mel... quero abraços. Hoje estou abatendo nuvens a tiros... não fosse esse céu tão azul, que não me dá alvo pra nada.

Outras coisas por falar, mas ainda não fizeram sentido pra mim. Tento elaborar em breve. 

Vou lá, tentar preparar algo pra reunião. 

Nenhum comentário: