segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Direto da Terra do Sol Nascente, #5: J-alert

Acordo cedo, vou ao banco. Na tv, uma parada militar. Pelas cores do uniforme chuto "coréia do norte". Aí aparece o presidente gordinho deles, que mais parece um virgem de 30 anos, mimado.

Não entendo nada, só vejo bombas e tanques.

 Chego no trabalho hoje e me perguntam:

"- Você recebeu  o J-alert essa manhã?"

"-O J... oque?"

"J-alert!!"

Aí me contam, que a coréia do norte lançou um míssel pela manhã que sobrevoou o Japão.

É... este mundo não é para os fracos, galera...


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Direto da Terra do Sol Nascente, #4: pelos mares do mundo




"ps: me desculpa pela sequência de emails "disléxicos": palavras comidas, invertidas etc. O email, após remar tanto pra chegar aí, tanto mar, tanta chuva, tanto oceano selvagem e profundo, chega cambaleando, trocando pernas e letras, invertido e confuso... tudo pra entregar uma mensagem, nem sempre muito inteligível...aocntece :P"


[ps de um email que enviei recentemente, pro qual me chamaram a atenção :) ]

Direto da Terra do Sol Nascente, #3: peso dos dias

Alguns dias pesam nos ombros absurdamente.

Vc anda nas ruas e sente o sol te esquentar mais do que o normal, como um deserto desidrata um homem perdido e com sede...

A garganta seca, a distancia enorme.

O dia de hoje.

Uma angustia estranha que nao é fome, uma saudade forte de não sei onde, de gente, de mãe, de família...

Um dia de náufrago a esperar que navios o avistem...

...que logo passa


sábado, 19 de agosto de 2017

Direto da Terra do Sol Nascente, #2: chegando em casa


Depois de um longo dia,
um homem volta pra casa com a cabeça cheia de idéias

[me perdôem pelo rosa no topo... é parte de um outro desenho e culpa de um sketch book pequeno rsrss ]

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Direto da Terra do Sol Nascente, #0: diálogo entre dois mundos

Pra registrar o respeito com o qual os japoneses lidam com os estrangeiros: cheguei na alfândega e o policial, não sabendo falar inglês, apontou pra um livrinho no qual dizia

"os cães farejadores detectaram algo na tua mala. Por favor nos siga pra uma inspeção mais detalhada"

E lá fui eu, calmo (já aconteceu isso antes comigo, já não me preocupo mais). Aí lá vai, 6 policiais pra ver a minha mala. Um deles me perguntando num inglês truncado, qual era minha especialidade. Falei que vinha dos EUA, onde morei nos últimos 7 anos. Mais perguntas, falei que era matemático. Todos eles ficaram curiosos.

No meio tempo, aquele samba: tira coisa da mala, japoneses vendo todas as minhas roupas de baixo, sapatos, goiabadas vindas do Brasil etc Até que, quando tudo havia sido checado e escaneado, eles viram pra mim e pedem desculpa pelo transtorno. Pergunto se posso ajudá-los a colocar as coisas na mala, ao que eles respondem afirmaticvamente. Não sem antes abrirem um dos livros de matemática que estava na mala e se debruçarem encantados com as fórmulas e desigualdades. A única coisa que entendia nessa hora eram expressões vagas como

"seno" (japonês ininteligível) "cosseno"

Um diálogo entre dois mundos, que transcende a língua: eu, vindo cheio de números, pra conversar numa linguagem universal com outros daqui. Achei o momento incrivelmente único e bonito.

Ainda sem entender muito, aponto pras minhas outras malas. Eles me respondem, afrimativamente com a cabeça (típico dos japoneses). "no no"... era só aquela a mala que queriam fiscalizar.

E assim começou a jornada por aqui (esse era pra ter sido o primeiro post, dáí o número 0)


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Direto da Terra do Sol Nascente, #1: primeiro homem na lua

Há menos de uma semana aqui, meu colega de trabalho, japonês, engenheiro, me conta que queria ser astronauta. Me conta das provas, da dificuldade, dos milhares de concorrentes. Me conta tímido do único japonês que foi à ISS (estação espacial internacional)

E penso em mim, dias pós chegada, aquela sensação de primeiro homem na lua. A mesma sensação que senti quando cheguei nos EUA, ou na Alemanha.

Ás vezes alguém se lembra que estou aqui. Mensagem na garrafa que fisgo ao mar, que viaja entre a noite e o dia desses dois mundos, cá e lá.

Ásiamérica

Américásia

" A rotina vai te ajudar a se sentir mais em casa", vários amigos dizem.

E assim tem sido, apesar de vir de quando em vez aquela asfixiante vontade de procurar colo, de querer casa .... quando bate aquela realidade, aquele momento em que você  percebe que casa é aquilo que você tem carregado consigo.

Respiro fundo... e bato cartão pra mais um dia dessa jornada.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A meio caminho

A meio caminho com destino ao Japão, na Coréia do Sul,  tento desvendar onde é o Norte. E  avistar qualquer sinal do regime norte coreano: uma bandeira, um susurro, um míssel balístico intercontinental, um poster...

Mas só vejo montanhas

E aguardo, o vôo que me levará ao meu destino, meus próximos meses, meu próximo passo.

Assim, sento, escrevo, e espero.