sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Letras gregas e matemática - a origem de um tormento

Hoje eu posto no contexto post-terapia ("post" de postar, não de pós ): estudo matemática há alguns anos já e até hoje não aprendi o nome de muitas das letras gregas. Eu até gostaria de tentar mudar as coisas e colocar nomes que seguissem muito mais a minha intuição, mas eu só consegui fazer isso num seminário uma única vez:
quando chamei a letra do foguete - abaixo -  de Saturno, e a letra  ao lado de "fork" - garfo.   Funcionou e todo mundo entendeu. Pra que complicar, não? Infelizmente os institutos de matemática ao redor do mundo não têm um curso chamado " introdução à nomenclatura e grafia em matemática". Bem provável que eu seria reprovado num curso desses =P


Apesar de todo esse drama, esses "entes" matemáticos acabam me lembrando diversas coisas:


  Essa letra, que eu acho que é a letra eta, parece um mochileiro indo pra Ilha do Bonete.

 Um foguete, sem dúvidas!!  Será que o nome dela em grego tem a ver com isso? Será, pensando em termos mais Asimovianicos, que os gregos anteviram o ser humano voando? Que questão intrigante, vejam só.... nunca tinha pensado no assunto.



A letra epsilon (essa eu sei )... meio indecente falar das possibilidades que ela proporciona






Essa eu nunca tenho certeza qual é. Sigma ou phi?

[Deveria fazer uma votação]
[Será que outros matemáticos tbm têm este problema?]

Me lembra uma menina meio estabanada que anda todo engraçado, com umas botas de chuva vermelhas, mexendo os braços.




Bom, vou voltar pro trabalho.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Penúltimo capítulo de uma história ( ou "Dias de Sísifo")

Numa das manhãs cinzas que passam insistentemente pelos meus dias, eu acordei decidido a terminar o livro da Clarice Lispector que estava na minha mesa há tempos. Abri o penúltimo capítulo do "a paixão segundo G.H." pensando só em riscar a tarefa " terminar Clarice" da minha lista de afazeres, mas sem saber oque me esperava ao certo.

Bom... o trecho abaixo é um pedaço do livro. Pra situá-los na história, G.H. é uma mulher que mora sozinha num apartamento e que decide dar uma geral no quarto da empregada que a deixara naquele mesmo dia.  Entrando lá ela encontra um universo que acho que só a Clarice poderia ver. O livro é muito doido e intenso, com um lirismo numas partes sem igual.


"Estar vivo é uma grossa indiferença irradiante. Estar vivo é inatingível pela mais fina sensibilidade. Estar vivo é inumano - a meditação mais profunda é aquela tão vazia que um sorriso se exala como de uma matéria. E ainda mais delicada serei, e como estado mais permanente. Estou falando da morte? Não sei. Sinto que "não humano" é uma grande realidade, e que isso não significa "desumano", pelo contrário: o não humano é o centro irradiante de um amor neutro em ondas hertizianas
Se minha vida se transformar ela mesma, oque hoje chamo sensibilidade não existirá - será chamado de indiferença. Mas ainda não posso apreender esse modo. É como se daqui a centenas de milhares de anos finalmente nós não formos mais oque sentimos e pensamos: teremos oque mais se assemelha a uma "atitude" do que a uma idéia. Seremos a matéria viva se manifestando diretamente, desconhecendo palavra, ultrapassando o pensar que é sempre grotesco.
E não caminharei de pensamento em pensamento, mas de atitude em atitude. Seremos inumanos, como a mais alta conquista do homem. Ser é ser além do humano. Ser homem não dá certo, ser homem tem sido um constrangimento.O desconhecido nos aguarda, mas sinto que este desconhecido é uma totalização e será a verdadeira humanização pela qual ansiamos. Estou falando da morte? Não, da vida. Não é um estado de felicidade, é um estado de contato.
[...]
Mas agora, através do meu mais difícil espanto - estou enfim caminhando em direção ao caminho inverso. Caminho em direção à destruição do que construi, caminho para a despersonalização.
Tenho avidez pelo mundo, tenho desejos fortes e definidos, hoje de noite irei dançar e comer, não usarei o vestido azul, mas o preto e branco. Mas ao mesmo tempo não preciso de nada. Não preciso sequer que uma árvore exista. Eu sei agora de um modo que prescinde  de tudo - e também de amor, de natureza, de objetos. Um modo que prescinde de mim. Embora, qto a meus desejos, a minhas paixões, a meu contato com uma árvore - eles continuem sendo para mim como uma boca comendo.
[...]
Aquilo de que se vive - e por não ter nome só a mudez pronuncia - é disso que me aproximo através da grande largueza de deixar de me ser. Não porque eu então encontre o nome e torne concreto o impalpável - mas porque designo o impalpável como impalpável, e então o sopro recrudece como na chama de uma vela.
[...]
A deseroização de mim mesma está minando subterraneamente o meu edifício, cumprindo-se à minha revelia como uma vocação ignorada. Até que me seja enfim revelado que a vida em mim não tem o meu nome.
[...]
A deseroização é o grande fracasso de uma vida. Nem todos chegam a fracassar porque é tão trabalhoso, é preciso antes subir penosamente até enfim atingir a altura de poder cair - só posso alcançar a despersonalidade da mudez se eu antes tiver construido toda uma voz. Minhas civilizações eram necessárias para que eu subisse a ponto de ter de onde descer. É exatamente pelo malogro da voz que se vai pela primeira vez ouvir a própria mudez e a dos outros e a das coisas, e aceitá-la como a possível linguagem. Só então minha natureza é aceita, aceita com o seu suplício espantado, onde a dor não é alguma coisa que nos acontece, mas o que somos. 

[...]
Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas - volto com o indizível. O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a construção, é que obtenho o que ela não conseguiu.
E é inútil procurar encurtar caminho e querer começar, já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta é a glória própria de minha condição. 
"
A paixão segundo G.H. - Clarice Lispector 


Os dois últimos trechos são ...fodas. Não há outra palavra pra descrevê-los. Lendo o trecho de novo eu me propus o seguinte: fazer um desenho logo após a leitura, com a primeira coisa que me viesse na cabeça. Deu no seguinte:


















Oque foi curioso, por que acabou me remetendo ao mito de Sísifo. Na hora, acho que não tinha me dado conta dessa possível ligação entre uma coisa e outra.


[Me perdoem pelos rabiscos no canto... eu fiz o desenho durante uma pausa nos estudos,]
[ no meio de uns rascunhos]

Não sei se entendi ao todo o que esse mito tem a ver com o que li. O mito não fala sobre o drama de se ter uma tarefa que não termina nunca ou que, no caso de um simples mortal como eu, parece nunca terminar. Talvez fale sobre o drama de se tentar construir algo quando se sabe que não há nada a ser construído; talvez o infinito não esteja somente na natureza repetitiva da tarefa, mas também no quão infinitamente sem sentido ela parece ser. É aí que entra o papel do homem... o "homem que não se banha duas vezes no mesmo rio": a tarefa parece a mesma aos nossos olhos, mas o homem não: este muda.

Me senti assim nesse período: rolando essa grande pedra montanha acima, sabendo que ela só tinha como destino vir morro à baixo....


...realmente, acho que ainda não consegui entender

=|

sábado, 17 de setembro de 2011

Sobre a arte de ser/ter um roommate

Continuando sobre o tema "morar junto".  Agora, oficialmente, eu sou uma pessoa que mora sozinha! \o/ \o/

Isso me trouxe à lembrança vááários e vários casos de quando eu morei com mais gente. Afinal, qual é o grande porém em se morar em uma república?

Primeiro, o termo república pode gerar controvérsias. Não quero entrar no mérito da questão aqui, mas existe uma diferença muito grande entre vc ter um lugar no qual a única coisa que te importa é o seu quarto (a única coisa pra qual vc liga) e num lugar onde todos zelam pelo bem estar um do outro. Já morei nos dois tipos de casa... o último, definitivamente, foi o que me senti melhor.

Uma grande diferença tbm em se morar com gente "estranha" é que eles no geral não são parte da sua família. Então, quando o seu roommate deixa louça suja na pia, ou toma banho e seca com a sua toalha de rosto ( poréns de se morar com gente de outros países, que não compartilha dos seus hábitos "culturais"), vc não vai sair gritando , entrando no quarto do indivíduo(a) xingando, dizendo que ele(a) não faz porra nenhuma, é um preguiçoso do caraleo, fdp, eu não sou seu escravo etc etc...


Não. Isso não funciona.

Nessas horas vc acaba aprendendo a conversar um pouco mais de leve com as pessoas. A tentar entender, a tentar ensinar-aprender...Aprender, sim sr, pq a gte sempre acaba fazendo besteira, ou coisas que vão/podem incomodar o seu amigo-colega-roommate que mora no quarto ao lado.


Dividir o espaço... complicado =/





[Nature break - roommates , de Mike Hollingsworth]



Dividir a geladeira... nossa, complicadíssimo. As "geladeiras da minha vida" seguiram um curso histórico que pode ser representado como o seguinte...



ops...me desculpem...essas são as capitanias hereditárias =)(mapa extraído de http://viajarnotempo-historia.blogspot.com/2007/12/diviso-do-brasil-em-capitanias.html. Parece  ser um blog legal.)

O mapa da evolução dos tratados de ocupação de geladeiras (as que "conquistei", ao menos, é o seguinte:




A primeira é...bom, pra dar um tom lúdico à coisa toda, ligue o desenho à descrição:








  • Tratado família;
  • Tratado vamos  evitar inconvenientes (como quando alguém vai e ocupa toda a geladeira e não sobra espaço pra vc guardar o seu... leite, por exemplo);
  • Tratado "não houve acordo" - Quando tudo fica uma zona...(dica: esta geladeira parece o mapa da África, ou o dos Estados Unidos);
  • Tratado "você aqui, eu lá", quando se mora em duas pessoas, ou em dois grupos distintos de pessoas (duas famílias, por exemplo).


Caminho pra uma "outra vida", talvez. Não sei o quanto aprendi neste meio tempo, de vidas-geladeiras divididas. Muito? Definitivamente, muita muita coisa. Dividir é uma arte, que eu só fui aprender em estágios bem distantes da minha vida... e ainda estou aprendendo outras maneiras e coisas a se dividir: tempo, paciência, tempo, salário.... tempo...etc

Vou pedir pra alguns que moraram comigo darem uma olhada neste post: eles devem ter muito a acrescentar, já que  acho que esqueci muita coisa.

É isso. Agora vou limpar a casa pra remover os "vestígios" do meu antigo roommate (são muitos, acredite)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dias de páprika





Quando se está em crise tudo tenta nos levar mais pra baixo: a primeira figura apareceu naturalmente durante meu almoço de ontem. Tentei modificá-la pra inserir um sorriso e uma gravata borboleta...

Apesar do sorriso, o lado negro/broto de brócolis ainda estava à espreita.

Saio dessa inteiro...

... espero

sábado, 10 de setembro de 2011

Sonhejamento familiar

O sonhejamento familiar  é algo inerente à natureza humana: a gte nasce, brinca de lego construindo casas, vai pra escola e aprende um monte de coisas (há controvérsias) vai pra faculdade e aprende mais um monte de coisas... (bom, melhor ficar quieto... ) e depois pensa:

"bom...estou adulto já. Hora de ter minha própria casa..."

Aí chega aquele período de dúvidas...vc pensa: "será que fico mais um tempo com meus pais e economizo uma grana que eu posso gastar em viagens pra europa todo ano, comprar besteiras na amazon etc, ou eu saio, num vôo solo, mundo a fora...?"

O caso acima, vcs devem ter desconfiado, foi o meu (exceto pelas viagens à Europa e compras na amazon). O vôo solo, no entanto, não se deu antes de viver em repúblicas: algumas com pessoas às quais hoje sou indiferente, outras com pessoas que hoje tenho como irmãos (irmãs, na verdade =).... Know-how o bastante pra pensar que morar junto segue um princípio galileliano: deve ser a mesma coisa em qqr lugar do mundo. Vim pros eua com essa idéia na cabeça, e achei que fosse ser parecido. Bom, falo disso no próximo post (sobre roommates e outras coisas)

No geral,  eu gosto de planejar as coisas: acordo de manhã e penso nos teoremas que vou estudar (não nos que vou entender..isso é mais complicado), no horário em que vou nadar, no horário que sairei da aula, no que pegarei minha bicicleta pra ir não sei aonde....  Nesta linha, o sonho da "casa própria" seria realizado depois de uns dois anos em terra estrangeira. Claro, veio todo aquele sonho da casa com cerca branca, um cachorro com nome esquisito....como... maçaneta

(hummmm...pq o nariz dele é engraçado, meio torto e grande )



Pois bem,  aconteceu de ser antes do que eu esperava... e eu vou adentrar o mundo das pessoas "solitárias" que moram sozinhas em breve ( em alguns dias): meu roomate vai embora!!! \o/


Detalhes dessa pequena novela mais adiante. Vou lavar roupa agora (puts...to ansioso, com medo de ter manchado minhas roupas .,,, =/  Um dia lavar roupa ainda me mata do coração, vcs vão ver só )

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