sábado, 26 de fevereiro de 2011

Bike project again

Sábado nublado, mas sem neve. Sinal de bons tempos para a região de B-town =)


Felizmente, pela primeira vez em váááários finais de semana, não vou ter que ir consertar minha bicicleta. É claro, vc pode dizer que fui por burrice, por ter furado o pneu duas vezes no mesmo lugar (no meio da ladeira que chega à minha casa).... enfim, sábado tranquilo, regado a um bom café.

Na verdade eu só queria escrever hoje pra falar de como eu me sinto enquanto estou lá, desmontando pra tentar montar de novo a minah bicicleta, oque é uma história sem precedente na minha vida. Minha mãe sempre falava que, no que eu colocava a mão, eu destruía: bonecos do aqua-man, o aparelho de vinil, o rádio, minha gaita.... Não sei como a tv de casa sobreviveu àquela queda


[eu estava tentando abrir a tv por acreditar que, dentro dela haviam vááários bonecos, 
que eram os bonecos que apareciam nos desenhos.
 Minha mãe me pegou no pulo do gato com uma chave de fenda na mão.... 
no desespero, a tv caiu no meu pé. 
Pelo menos o pé machucado impediu minha mãe de me dar uma bronca maior hahaha ]

De qqr forma, no bike project as coisas não são lá tão diferentes. Soma-se a isso  aquela trilha sonora, que sempre me faz lembrar daquele filme, "deliverance", do qual eu só assisti metade ( mto forte o filme). Esta cena do começo é muito bonita.




E pra vcs verem em que isso me faz lembrar as minhas manhãs de sábado com as mãos sujas de graxa, eu gravei um vídeo (ééé...acredite)... no qual essas mesmas sujas mãos são personagem principal

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Microcosmo, macrocosmo ( e infância revisitada)

Incrível na infância a gente inventar um próprio mundo, que alimente e sustente as mais absurdas coisas em que acreditamos.


Eu acho que já contei uma história aqui sobre como eu era uma criança meio-mto ingênua (nesse post, ó) Acabou que eu assisti esse filminho hoje e pensei nisso: vendo a cara de surpresa e desespero da menina, que anda com cautela perto da avó "brava" ( possivelmente); menina que parece descobrir um mundo novo, sob novas lentes; e que foge do irmão que lhe priva de algo que ela gosta.


O engraçado é que os adultos parecem sempre ignorar o que acontece no mundo de uma criança por estarem lidando com qualquer outra coisa, mto mto mais importante. Acho que  o Rilke fala disso no "cartas para um jovem poeta"


[pérai, vou achar ]
[folheia]
[folheia]
[busca no google]
[merda de google]

 numa parte em que ele diz


[atenção!!! Rilke foi feito para ser lido em voz alta!!! Para você poder sentir quão fraca a sua voz é diante de todo o barulho do mundo à sua volta; pra vc ler e, a cada pausa pra respirar, sentir o seu coração batendo, acompanhando o ritmo das palavras]
[... como música]


"
[...]
Ser solitário como se era quando criança, quando os adultos passavam pra lá e pra cá, envolvidos com coisas que pareciam importantes e grandiosas, porque esses adultos davam a impressão de estarem tão ocupados e porque a criança não entendia nada de seus afazeres.


E um dia, ao percebermos que suas ocupações são mesquinhas, que suas profissões são enrijecidas e não estão mais ligadas à vida, por que não olhar para eles como uma criança que observa algo de estranho, a partir da profundeza do próprio mundo, da própria solidão, que é ela mesma um trabalho, um cargo e uma profissão?
[...]
"

Acho que vcs vão curtir





No entanto a parte mais bonita vem na sequência, quando ele acrescenta:

"
[...]
Pense, meu caro, no mundo que o senhor leva dentro de si, então dê a esse pensamento o nome que quiser; pode ser lembrança da própria infância ou anseio do próprio futuro - apenas preste atenção no que surge a partir de dentro e eleve-o acima de tudo o que o senhor percebe em torno.
[...]
"

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Simetria

Toda vez que a semana começa eu penso:

"Será que vou sobreviver até sexta?"

Mas quando chega quarta minha percepção muda um pouco...
...e eu já tenho mais esperança.

Talvez por que quarta seja o meio-meio da semana...de onde tudo é simétrico: 3 pra lá, 3 pra cá. Como uma valsa meio estranha (mto estranha!), de onde tudo o que está à direita é passado, tudo o que está à esquerda é futuro, e os dois parecem ter o mesmo peso...

... de qqr forma, dançar valsa deve ser um porre.

Nada como uma boa manhã com cheiro de sábado
"
CONDITIONS: Fair
TEMPERATURE: 42.0 F (5.6 C)
HUMIDITY: 
60 %=)  "

Estou me sentindo em Ipanema (5.6 C!!! ) \o/ \o/

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

4'33''

Nããããoooo!!!! Vocês estenderam tudo errado!!! Não se trata de um número cabalístico, profecias estranhas , mirabolantes, número da loto que vem no biscoito chinês, tamanho do meu tênis na numeração de Madagascar.

Nada disso!


Trata-se de uma música que o John Cage fez há muuuuuitos e muitos anos, em que se toca o silêncio. Claro, oque esse fdp do Rafael quer dizer com tocar o silêncio? Ninguém toca o silêncio, envaza ele e o vende (talvez nos eua eles já façam isso...vende-se de tudo por aqui). O que ele fez foi escrever uma partitura - sim, existe partitur apra isso, em que se toca uma música sem se emitir uma única nota. Tá, minha última frase soa contraditória, por que, de fato, se toca algo: o silêncio. Mas tudo bem, não vou entrar no mérito da questão. O lance é que me lembrei disso quando li um post no blog de uma amiga que, claramente, me lembrou dessa peça.

Aí - olha que sortudo eu - achei uma versão dela feita com bonecos de meia!!! Muito boa, acho que vocês vão adorar =)




Evidentemente, como este blog está comprometido com as classes mais aristocráticas e conservadoras da sociedade, devo postar também a versão pra orquestra (mas a versão acima é muito mais legal =)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Elegia







Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda quieto, tão de perto.
O corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu
De Maomé. E se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O que o meu Anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em pé.
     Deixa que minha mão errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra a vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
     Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente

A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
     Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.



John Donne (trad. Augusto de Campos & Péricles Cavalcanti)


Pr'os dias de calor
pr'as noites de inverno 

=)