sexta-feira, 27 de novembro de 2015

10 lições para hoje: reminiscências de mais um thanksgiving em terras longínquas

#1 (A diferença entre gostar daquilo que se ama e gostar de amar):  em geral não há nada de errado com as pessoas; elas simplesmente não são aquilo que gostaríamos que elas fossem.

#2 (círculos viciosos): descobri que minha vida e meus hábitos criaram raízes em mim que levaram a comportamentos que se repetem. Mais sutil q a rotina de se fumar um cigarro quando se bebe, ou de sempre trair a(o) esposa(o) e se arrepender, algo não físico se apoderou das entranhas do meu comportamento e passou a ser parte dos fundamentos desse edifício ainda longe de sólido chamado eu. Entenda-se, e procure não ser vítima das suas próprias ciladas. Não seja um cachorro tentando morder o próprio rabo (mas: nada errado em ser um cachorro louco)

#3: difícil discernir entre a vontade de compartilhar e outra, a de moldar as pessoas q queremos nas nossas vidas. Do livro que vc deu a alguém que nunca o vai ler até tentar aproximar da sua rotina uma outra rotina que não é a sua. Sutil diferença. 

#4: não ser preciosista com o agir nem o pensar. Não agir buscando reconhecimento por se agir, mas agir por gostar de fazê-lo. O que move o mundo é o gostar e não a cegueira de ganhar por se querer ganhar pura e simplesmente. 

#5: ações e pensamentos são vetores que se alinham e devem andar em paralelo.  A pontualidade do comportamento pode gerar prazer tão pontual quanto o momento vivido, com consequências quase sempre negativas. Alinhar metas e atitudes reduz a ansiedade da dúvida e da antecipação. Creia no dia de amanhã não por que o espera com ardor, mas por andar em direção a ele. 

#6: há pessoas que vão esperar a conveniência de te ver quando vc estiver perto, de te ouvir quando estiverem com paciência o bastante pra te ouvir. E há pessoas que vão estar sempre ali pra vc. Nunca priorizar as primeiras em detrimento das últimas. 

#7: não perca tempo de prosa com um mundo com o qual vc não concorda. Se há algo a ser mudado, vá lá e tente mudar, tente fazer com que as coisas mudem. Esperar convenientemente sentado no seu sofá (caso vc tenha um; eu só tenho um pufe até então) sendo um "bom cidadão" pode não ser o bastante. Não confundir com #3: há diferença monstruosa entre aceitar as coisas como são e ser conivente com aquilo que não se concorda.

#8: aprender a dizer não quando as coisas te forçarem a sair do seu caminho violentamente (ou sem qualquer motivo).

#9: vc pode criar histórias e fábulas diante daquilo que vive. Vc pode sofrer ao ver o quanto alguém ou algo precisa de vc. Mas vc tbm pode ver o quão bonito é fazer parte dos sonhos de alguém e contribuir pra que eles se realizem. 

#10: seja consistente mas nao seja rígido. Esteja aberto a  mudar. Acima de tudo, esteja disposto/aberto a ouvir os outros.

sábado, 31 de outubro de 2015

Melhores canções

Quando vc mora sozinho você acaba desenvolvendo uns hábitos muito estranhos. No geral eles aparecem pra que vc se entretenha. Eu descobri que isso não era tão não usual depois de ler nos livros do Amir Klynk que ele também fazia isso durante suas expedições. Uma das coisas que faço, meio que por acaso, é inventar músicas sobre coisas estúpidas que acontecem. No geral o processo e composição acontece na cozinha, enquanto lavo a louça ou cozinho. Então o post de hoje é dedicado a isso: todas essas canções maravilhosas que já compuz hahaha Aqui vai uma lista de títulos:

# 1) You forgot to buy tomatoes

# 2) You have enough kiwis for the week.

# 3) Laundry, sweet laundry

Bom...melhor parar por aqui e ir curtir meu halloween =)





domingo, 11 de outubro de 2015

Uqeybi ( ou "a rota do indivíduo")


O título do post de hoje vem do idioma somali: uqeybi, "dividir". Termo matemático, mas que pode ser visto como "compartilhar" (ao menos em português e outras linguas latinas). Recentemente comecei a voluntariar ensinando matemática. A maioria dos que ensino são refugiados: gente que teve que sair de casa ou fugir de seu país para sobreviver. Gente que veio em busca de um lugar melhor, de um país melhor. Em busca de um lugar para chamar de casa. É impossível não me identificar com essas pessoas: desde suas condições como imigrantes até suas dificuldades em entender uma frase ou se expressarem em inglês. Muitos não sabem ler na própria lingua nativa. Olho pra minha trajetória e penso que saí do Brasil pra estudar, sem ter que fugir, sem ter que procurar refúgio algum. Me vejo como uma pessoa com sorte, mas me pergunto se isso é mesmo sorte. Do que mesmo isso se trata? 

Não sei... honestamente, não sei. Paro pra pensar nessa história toda e a única coisa que sinto é que em maior ou menos grau sou também um deles. 

Penso nos meus pais: uma mãe que na infância catava café, um pai que fugiu de casa aos 16 anos de idade, do interior de Pernambuco pra São Paulo. Refugiados da própria vida. Duas pessoas que tiveram que fugir para poder sobreviver e crescer. Acho incrível que duas histórias tão similares e tão extremas (ele do nordeste, ela do sul) se encontraram no meio do caminho. Me vejo e sou o fruto disso. Imigrante, eu, Eumigrante. Será que a humanidade anda em círculos e tenta reescrever sua própria história cortando e colando letras das primeiras páginas de seu livro? A mim ao menos nada de refúgio, exílio ou ostracismo (como algumas vezes me referi a isso): vivo num mar no qual remo, nado e levo adiante meu barquinho. Aonda isso vai me levar ... talvez melhor não me perguntar demais. 

Deixando de lado menores/maiores digressoes: é interessante discutir matemática nesse - pra mim- novo contexto. Fico suando frio pra tentar ensinar meus alunos a aprender a subtrair 5 de 13.. incrível como me apropriei de alguns conceitos de maneira tão orgânica que ensinar vira um processo muito grande de se redescobrir e se doar. E no fim das contas entender algo que não números, mas pessoas. Acho que aí mora a maior riqueza disso tudo: dividir. A matéria prima com a qual trabalho é conhecimento, mas ninguém precisa mantê-lo em estantes cheias de livros, ou armazenado em terabytes, discos rígidos, folhas e notas. Me sinto gratificado a cada vez que vejo o esforço de mães de 40, 50 anos tentando aprender. Acima de tudo, sinto nítidamente a vontade deles em  se integrarem a esse novo mundo. E mais uma vez me pego ali: me esforçando para me integrar e  também ainda aprendendo  matemática; em geral eu fico no meu mundo de equações diferenciais, perturbações singulares, ondas de choque e ondas de difusão... a mesma (seria outra?) matemática... um pouco mais abstrata aqui e ali, mas ainda assim a mesma arte. Me vejo então como um aluno: mesmas dúvidas, mesmos medos e angústias. Aprender e ensinar não são coisas assim tão distantes.




segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A cidade dentro da gente


A cidade é aquilo que vivemos e contruímos: palácios, prédios, pessoas e coisas. Ruínas de coisas e vidas que passam, vão e vem.  Coisas que carregamos conosco e que insistem em ser levadas em toda e qualquer mala que fazemos. A ruína... que vive dentro da gente da mesma maneira que a formas ao nosso redor, se moldam e se adequam aos nossos olhos e olhar. 


Mais fácil construir uma cidade a partir de escombros ou começar tudo do zero? 

O contraste.... morar aqui é um evidente contraste. Uma cidade em que uma folha que cai no chão já é motivo pra alvoroço...gritaria. Que o diga uma árvore plantada a 3 metros de onde fora inicialmente pensada, um ciclista que pedala entre a calçada e a entrada de sua casa... em anticlandestineápolis tudo é motivo pra desespero e angústia de seus cidadãos, que não toleram desordem.  E olha que estou há mais de 5 anos por aqui e nunca havia me deparado com uma cidade tão pouco permissiva quanto essa: um misto de cidade escandinava com casa de vó chata hahaha Me lembrou muito um poema do Leminski de quando este visitou Brasília pela primeira vez

Claro Calar sobre uma Cidade sem Ruínas (Ruinogramas)

Em Brasília, admirei.
Não a niemeyer lei,
a vida das pessoas
penetrando nos esquemas
como a tinta sangue
no mata borrão,
crescendo o vermelho gente,
entre pedra e pedra,
pela terra a dentro.

Em Brasília, admirei.
O pequeno restaurante clandestino,
criminoso por estar
fora da quadra permitida.
Sim, Brasília.
Admirei o tempo
que já cobre de anos
tuas impecáveis matemáticas.

Adeus, Cidade.
O erro, claro, não a lei.
Muito me admirastes,
muito te admirei.


Poema integrante da série Distraídos Venceremos.

A ordem tem seu preço... de qualquer forma.. oque se aprende com isso.. eu não sei...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Chorão



Visitei minha árvore favorita ontem de novo. Não sei ainda o por que, mas acho que me identifiquei com esse chorão ermitão à beira do lago, banhado em água, sol e visitantes esporádicos. 

Ps: aparentemente não só eu tenho essa árvore por favorita; havia uma grande garça perto dela quando passei. Ela voou assustada mas assim que me afastei ela voou de volta pro chorão solitário.

sábado, 29 de agosto de 2015

Para lembrar de nunca esquecer

Hoje pedalava de volta pra casa (melhor dizendo, pro sofá de uma casa que não é a minha) quando pensei: "- caramba, essa cidade enoooorme e eu só conheço uma pessoa". Pedalei meio desligado mas com essa frase na cabela, carregando com esforço a city bike carroça à qual sou grato mas agora amaldiçoo, vento batendo no rosto, contemplando o missisipi(?) e seus remadores, suas mil e três pontes. Achei curioso pensar nisso... me lembrei de como as pessoas romanceavam a minha primeira vinda, como eu mesmo (de certa maneira) tinha meus olhos cegos a isso quando fui pro Rio e pros EUA. 

Ontem voltei pra casa e queria colo. Mas o colo mais próximo - família- está a milhares de kms, a 12 horas daqui. Não, não há tempo pra isso. A gente tropeça mesmo no começo e não há muito por que ficar chorando as pitangas por aí rsrs Mas não posso esquecer de que esses momentos down acontecem mesmo; aconteceram há anos atrás e vão acontecer de novo ...e de novo... e de novo. Nunca se esqueça:  as dificuldades estão espalhadas por aí não para que vc tropece nelas, não para que você passe a duvidar de si mesmo e suas capacidades, mas para que vc as supere, para que você tome-as como uma oportunidade para crescer, acrescentar .... e talvez passar a olhar o mundo com outras perspectivas. 

Nessa noite de 28 de Agosto, Rafaello, o explorador destemido, vai dormir no sofá. 
Na cabeça: idéias; umas grandes, outras pequenas e muitas delas vagas.
Em seus sonhos: uma casa, e uma cama.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Devaneio onírico marxista-carioca #1

Hoje tive um sonho "horrível". Sonhei que entrava numa festa que minha ex dava em sua casa e que eu a procurava pra me dizer presente/dar oi. Vejo uma versão dela menor e mais nova que só poderia ser uma prima ou uma filha (filha não, pq ela não teria uma daquele tamanho); sigo adiante, procurando-a. A encontro, ela está linda. Dou um abraço nela. Quando o abraço termina estou abraçando um velho barbudo que parece o Karl Marx. Acordo.

A arte de se começar do zero (de novo)


Enfim... aqui estou: cidade nova, busca por apartamento, casa. Por enquanto eu tenho vivido num sofá... não muito confortável, mas... vive-se com oque se tem, não? Isos me traz à lembrança meus primeiros dias de rio. Época de muito cd e não muito mp3: me lembro que uma das únicas coisas que trazia na mala era um cd,  charles mingus - oh yeah




e um cd do Dave Matthews band que de vez em quando tocava umas músicas super melancólicas que me faziam morrer de saudade de São Paulo. Até hoje associo DM com esses dias de ruptura e saída de casa. Não me traz uma sensação muito boa (incrível como a gente pode associar sons com sentimentos, não?) Depois de uns dias eu já não tinha mais paciência pra ouvir Charles Mingus ou fibra pra ouvir DM sem ficar com vontade de cair no choro. Fiquei ambos homeless e soundtrackless hahaha Rafaello, sozinho no Rio de Janeiro, desolado :'(


Curiosamente, foi uma fase em que desenvolvi temporariamente o hábito de olhar pras janelas dos prédios e, ao invés de reparar em seus traços e arquitetura, me perguntar quem eram as pessoas que ali moravam e como haviam conseguido aqueles apts. Durou um tempo, até eu encontrar uma casa "de verdade" (mais ou menos: era um quarto numa casa com gente estranha - um professor de yoga, uma menina porquinha que estudava história e deixava a louça na pia por 1 semana afff... tristeza).  Às vezes me pergunto oque foi que me levou a abandonar momentos de conforto pra me jogar no desconhecido. Porque sair de SP pra ir pro RJ se em sampa estava bem? Por que largar o RJ para ir pros EUA se já estava encaminhado no RJ, já havia começado o doutorado, tinha amigos, vida etc? Por que não voltar ao Brasil quando pude e decidi vir a Minneapolis? Meu histórico pode dar a entender que sou uma vítima da minha impulsividade rsrs mas não é o caso: acredito que o que me moveu foi procurar o que achava melhor pra mim. Muitas vezes me enganei: enquanto no Rio pensei por diversas vezes em voltar a São Paulo, enquanto nos Eua pensei por diversas vezes em voltar ao Brasil... e hoje, dia de chuva, homeless, documentos preenchidos erradamente-e-que-só-fazem-me-dar-dor-de-cabeça... penso em voltar.. mas pra onde? Acho que o que procuro é um abrigo, colo: nem todo dia é dia de ser super-homem (como diz uma grande amiga minha que já morou em diversos países pelo mundo)... 


Estou cansado. Não ter casa é uma das piores sensações do mundo. Não ter seu lugar, não ter seu canto... há 7 anos (uau.. faz tempo mesmo que me "migrei" pro rio) não me deparava com isso: um quê de temporário que tem que deixar de ser temporário mas pode ser um temporário longo... vixe... nem sei se isso fez sentido hahaha mas que seja, um temporário que não gosta de ser temporário mas que por inércia, temporário fica/é. Lá vou eu pra mais uma tentativa de encontrar uma casa, janelas altas e larga +  muita luz em algum apartamento dessa cidade. Espero que saia do papel hoje ou em breve. 


[torçam por mim, leitores, crawlers, desavisados que por aqui pisarem]


ps: uma das músicas do DM meio corta-pulsos que estava no cd do qual falei é essa


Até hoje não consigo ouvir a música toda sem que um monte de sentimentos incômodos venham à tona dentro de mim. Ouça com moderação e pressione pause caso a coisa saia de controle =P


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Homeless

Só pra registrar meu cansaço depois de um longo dia procurando casa. Não sei como ainda não fizeram um site pra procurar o apê dos sonhos. Tem tanto site de namoro, procurar casamento, pq não um com "procuro apartamento, não muito grande nem muito apertado, com janelas grandes, iluminado, com vista pra copa de árvores... " e rolassem um "matches": o apartamento da rua A gostou de vc! Algo assim.

No mais: a cidade nova é linda, mas mal consigo aproveitar enquanto não tiver uma casa :|

terça-feira, 11 de agosto de 2015

domingo, 26 de julho de 2015

Yard sale + "black birds"




[Bobby McFerrin, Blackbird, dos Beatles, regravado no incrível álbum dele, The Voice]



Ontem rolou um yard sale. Fim da linha quase!!! Espalhei a história de que estava indo pro Pólo Norte. Várias pessoas passaram meio curiosas, perguntando, querendo saber da história. Desenhei um pássaro viajante (na verdade era pra ser um pinguim viajante, mas meus dons artísticos são um tanto falhos). 






Aí fiz um outro com uma família de pássaros indo viajar. A idéia era ter um pequeno pássaro com um chapéu do Mickey (pra contrastar com o pássaro pai com o chapéu de panamá). No fim deu nisso.




Foi curioso ver que, mesmo as tarefas mais estúpidas a serem feitas em dupla ou grupo (como prender um cartaz num poste), se tornam um "big deal" quando encaradas sozinho. Sem falar na coragem em acordar de manhã, fazer algo que só conhecia na teoria. A fábula toda ficou muito mais como um desafio pessoal do que qualquer coisa: o objetivo de dar fim nas coisas em detrimento do lucro foi alcançado e algumas pessoas farão proveito de coisas que antes ou iriam pro lixo ou pra doação. 


Mas foi um desafio bom... me sentir desafiado, tentando levar a coisa toda numa brincadeira, fazendo piada daquilo que estava sendo um parto, tentando relaxar e me soltar ao máximo diante do que posso criar com minhas próprias mãos... idéias.. ter idéias e dar vazão a elas. Uma tarefa a menos agora... mini apple em breve =)





sábado, 25 de julho de 2015

Carnivoris danishiusmanholeous

Carnivoris danishiusmanholeous: discovered in the early XXI century by the Brazilian explorer Raffaello Monterius (1984- ), this fine specimen was first found hidden in the asphalt of a calm Copenhagen street (Denmark) while it tried to bite defenseless tourists in the surrounds of the Danish Royal family castle. According to specialists in urban jungle fauna/flora of the University of Danish Columbia, there were strong evidences that the plant/animal was running away from the Royal family garden across the street; the spokesman of the king and queen vehemently denied all the assertions of this kind. Later on, the king himself contested the discovery while other members of the Amalienbourg palace supported the theory that Raffaello had brought the animal from Brazil; the explorer was never found to confirm these assertions.



[Meu primeiro "graffiti"]
[Feito durante visita a Copenhagen no começo de Julho de 2015, perto do palácio de Amalienborg]
[Fiz morrendo de medo de ser pego pela guarda do palácio]
Não ficou tão bom quanto eu gostaria. O bueiro original foi avistado durante um passeio de bicicleta, o quel eu tive que interrromper pra tirar uma foto desse monstro que havia avistado =) ]
[Sinto-me feliz de ter sobrevivido para relatar a história a vocês, leitores ]

[O bueiro original tinha alguns remendos de asfalto ao redor. Na hora 
avistei oque era o tão misterioso bixo/planta (foto abaixo)]



quarta-feira, 22 de julho de 2015

Things in life: o sonho de Rafaello/the dream of Akinosuke


    [Dennis Brown - things in life]

Acordei essa manhã bem cedo... e continuei com sono. Continuei dormindo e tive um sonho: sonhei que me olhava no espelho e que havia algo entre meus dentes (achei que estivesse sujo). Aí tentei tirar e... quando vejo é uma borboleta. Me esforço e esforço para tirá-la da minha boca mas ela lá fica. Até que, surpreso, a deixo de lado e a observo.

Acordei logo na sequência pensando sobre o assunto e procurando desesperadamente no google oque um sonho do tipo poderia significar. Na grande maioria dos sites diz que borboletas são associadas a momentos de transição... me lembrei do personagem de cem anos de solidão que, pra onde quer que fosse, um bando de borboletas ficam ao seu redor (pro ódio de quem ia ao cinema com ele por perto rsrs). O mais interessante talvez tenha sido esse texto 


The Dream of Akinosuke tells of Akinosuke, a gōshi (yeoman or land-holding farmer) living in feudal Japan. Akinosuke often takes a nap under a great cedar tree in his garden. One day, Akinosuke is sitting under this tree, eating and chatting with friends, when he suddenly becomes very tired, and falls asleep.

Upon waking, he finds himself still under the tree, but his friends have gone. Coming toward him, Akinosuke sees a great royal procession, full of richly dressed attendants. The procession approaches him, and informs him that the King of Tokoyo (a dream world that Hearn compares to Horai) requests his presence at his court. Akinosuke agrees to accompany the procession, and when he arrives at the palace, he is invited before the King. To his astonishment, the King offers Akinosuke his daughter in marriage, and the two are wed immediately.
A few days later, the King tells Akinosuke that he is being sent to be the governor of an island province. Together with his beautiful wife, Akinosuke goes to the island, and rules it for many years. The island is idyllic, with bountiful crops and no crime, and Akinosuke's wife bears him seven children.
However, one day, without warning, Akinosuke's wife becomes ill and dies. The grieving Akinosuke goes to great trouble to hold a proper funeral, and he erects a large monument in his wife's memory. After some time, a message arrives from the King, saying that Akinosuke will be sent back to where he came from, and telling him not to worry about his children, as they will be well cared for. As Akinosuke sails away from the island, it suddenly disappears, and he is shocked to find himself sitting under the cedar tree, his friends still chatting as if nothing has happened.
Akinosuke recounts his dream. One of his friends tells him that he was only asleep for a few moments, but while he was asleep, something strange happened: a yellow butterfly seemed to come from Akinosuke's mouth. The butterfly was grabbed by an ant and taken under the cedar tree. Just before Akinosuke awoke, the butterfly reappeared from under the tree. His friends wonder if the butterfly could have been Akinosuke's soul, and the group decides to investigate. Under the cedar tree, they find a great kingdom of ants, which Akinosuke realizes was the kingdom he visited in his dream. Looking for his island home, he finds a separate nest, and investigating further, he finds a small stone that resembles a burial monument. Digging beneath it, he finds a small female ant buried in a clay coffin.

Só pra constar: minha borboleta não era amarela, mas sim  laranja com detalhes pretos (talvez seja uma reminiscência de uma camiseta do Jimi Hendrix que eu tenho e usei há alguns dias atrás)... enfim, se alguém tiver algum insight ou comentário...

[ninguém parece entrar nesse blog há tempos... então eu deixo como um post pra mim mesmo rsrs]
[Em todo caso, eu continuo intrigado]

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Paredesp(ed)idas

Hoje tirei os quadros e posters das paredes... casa branca ficando nua-nua, despida de vida, despida de mim, despida do que fui dentro dela, me deixando ir.

Despida
Despedida
Despe-se
de 
tudo 
oque um dia lhe pedi...
...me dizendo tchau. 

Acho que é isso. Recebi email da universidade hoje dizendo que eu acabei mesmo por aqui: minha tese foi aceita e todas as mudanças aprovadas... e que é isso. Daqui pra mini apple. Wow.... quem diria... o fim de uma era

quarta-feira, 1 de julho de 2015

"Hashtagging"

No mundo existem dois tipos de pessoas: as que deixam barulhos e ruídos no celular pra tudo e qualquer coisas que chega, mensagem de trabalho-spam-whatsapp, e as pessoas que deixam em modo silencioso. Essa classe certamente contendo as pessoas que ñ tem celular. Não.... no mundo há ainda a categoria das pessoas que roncam e as que não roncam! Talvez três tipos de pessoas: as que roncam, as que não roncam e a que fazem um barulhentos engraçados de quando em vez enquanto dormem hehe. Mas tem tbm as pessoas que acordam de bom humor e as que acordam de mau humor. Total, 2*3*2=12. Não... tem mais aqueles que acham o barulho de sanfona gostoso e os que ñ acham. Os que sabem andar de bicicleta e os que não o sabem (grupo este que inclue os que dizem que sabem, mas na verdade não têm muita certeza disso. Também inclue aqueles que não sabem mas dizem que sabem). E aqueles que prefeririam que o céu tivesse outra cor alguns dias da semana (vermelho claro no sábado pela manhã, verde no domingo) e aqueles pros quais o azul é eternamente azul e lá deveria ficar. E os que pegam ao menos um trem errado por viagem. Total... 

Vai ver no fundo só existem dois tipos de pessoas, as que gostam de vc e as que não gostam. Mas aí tem o problema das pessoas que vc ñ conhece... afff 

[escrito em trânsito: Paris-Lyon]

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Nowhere to go

Eu sempre penso quando viajo: faltam lugares para se sentar, para descansar, comer uma fruita, ler um livro. Você só consegue se pagar por isso: sentando num café, numa starbucks desse mundo etc. Esse é um "problema" bem claro nos EUA: ñ há para onde ir se vc ñ tiver para onde ir (parece uma redundância, mas no fundo ñ é); a cidade ñ te oferece caminhos ou algo que te mantenha nela. Bem dizem que a máxima do capitalismo neoliberal se dá pela atrofia do espaço público e aumento extensivo do espaço privado. Mesmo onde moro nos EUA, uma cidade de pouco mais de 100 mil pessoas, eu sinto isso: vejo os mesmo moradores de rua de sempre pra cima e pra baixo, matando tempo no café do supermercado, na praça... mas no fundo ñ há muito pra onde irem. Me senti "vítima" disso em algumas viagens; em São Francisco, por exemplo. E veja: isso é diferente de ñ se ter oque fazer (só pra frizar)!!! 

Estou em Paris/frança agora. Incrivelmente, sinto bem pouco isso que descrevi acima. Os parisienses parecem se apoderar da cidade no verão: saem às ruas e as tomam com cores, roupas coloridas, pedalando, cantando e fazendo picnics nas beiras dos rios, farofando nos parques (eles são muito bons nisso!) etc 

Ñ me lembro muito como é no Brasil... tenho sempre onde ir, quem visitar... mas dessa ultima vez tentei me limpar dessa história toda que tenho com o lugar pra tentar sentir isso... ñ acho q consegui... o Brasil ainda é uma incógnita pra mim. 

[embora esse parágrafo pareça contrariar a distinção q eu quis frizar no parágrafo anterior a ele, ainda mantenho minha opinião de q são coisas distintas]

Mas enfim... vou parar de ficar em divagações sem como nem por que ou onde é ir descansar: hora de dormir, mesmo que o sol por aqui esteja caindo por volta das 23hs somente. O ultimo apague a luz. 

domingo, 21 de junho de 2015

For (almost) good

Quando o tempo de viajar de novo chega me vem aquela sensação mais intensa de responsabilidade... dois motivos: um, viajo sem deixar nada pra trás e dois, sou responsável por mim mesmo em todas as instâncias da viagem; o encarregado de lembrar do band-aid, do formulário I745GJ e de fazer reservas. Pra constar, envio um email pra família no Brasil com o meu itinerário (ao menos, se ser alguma merda alguém faz idéia de onde estou). Viajo preocupado pensando se deixei alguém avisado sobre o gato que ñ tenho, alguém com a missão de regar as plantas que ñ tenho, bilhetes colados pelas paredes da sala pra quando uma mulher linda q ñ existe aparecer em casa de surpresa eqto viajo, todas as contas pagas (isso de fato tive q fazer) etc etc 

Meu gato ñ morrerá  de fome, minhas plantas ñ secarão e, apesar de ñ ter deixado tais bilhetes, ñ haveria por que o fazer. Verifico a mala mais uma vez pra ver se ali tudo está.... 4:19am... hora de sair de casa.

(Próximo post, possivelmente da França :)

domingo, 14 de junho de 2015

Lágrimas negras

Alguns aspectos de lecionar ainda me são desconhecidos, enquanto com outros eu venho tecendo contato aos poucos. Como ontem, quando uma aluna passou na minha sala para ver seu exame e começou a chorar como uma criança por conta da nota que tirou. Admito que na hora eu não soube muito bem o que fazer... consolar? Abraçar? Não... como professor não dá pra ser assim tão paternal. Corri e peguei um lenço de papel pra ela... e fiquei assistindo, dizendo que nada estava perdido, dizendo o quanto estava disposto a ajudá-la a "recuperar" a nota.

Por incrível que pareça, a cena foi bonita: ela estava cheia de maquiagem, e as lágrimas começaram a correr negras pelo rosto. O rosto bem arredondao, parecia uma estátua.  Me lembrou de uma música do Otto



"Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento...." de fato.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

A arte de se dizer adeus



"Algumas pessoas estão fadadas a dizer adeus a pessoas que ama mais frequentemente que outras... ou vai ver não..." esse foi essencialmente um trecho de uma conversa...que me lembrou desse vídeo


sábado, 16 de maio de 2015

Morir de amor



Morir de Amor, by Gil Alkabetz

[Eu vou acabar cortando meus pulsos se continuar ouvindo flamenco enquanto trabalho]

[vou migrar prum samba...]



domingo, 10 de maio de 2015

"The dream I see" / "low light"





[Foto de sexta feira passada. Eu passava de bicicleta por uma fonte que fica no meio da universidade.]
[Aí vi algo que sempre acontece todo final de semestre: as pessoas sentadas à beira da fonte, se refrescando e molhando os pés]
[Uma calma e paz sem fim, "clouds going by"...]
[Essa música combina bem e dá uma idéia de como eu me senti na hora]

:)

terça-feira, 28 de abril de 2015

Last leaf




Achei a animação até que boa. A letra é fofinha, mas nada fora do comum. Essa banda tem outros dois clipes dos quais gosto muito. A música no "skyscrappers" é muuuuito boa... há uma parte em que o vocalista parece o sax do Coltrane... muito bom :)

Este vídeo abaixo eu vi interpretado ao vivo por este grupo de dançarinos do clipe (well...eram 3 casais de dançarinos... voltarei a falar mais sobre num outro post). Acreditem: ao vivo consegue ser muito melhor que no clipe.




domingo, 12 de abril de 2015

Pois é

[A foto ao lado foi tirada nessa última terça (dia 7 de Abril), dia em que defendi minha tese. Hesitei pela manhã um pouco: ir de chinelo pra defesa? Não não... acho que sou um escravo de formalidades.. não cabia ir dessa forma: tratei de ir o mais formal possível (embora de tênis vermelho :) ]

[Escrito ao som de "No one ever tells you"
... "It never comes easy"...]

Pois é.... acabou. Quem diria. Nesses dias eu tenho encontrombado amigos e colegas; passam aqueles filmes diante dos olhos "nos conhecemos no primeiro semestre..parece que foi ontem..agora vc está se formando", disse um deles. Tudo parece que foi há pouco: sair da casa antiga, mudar pra casa branca, a casa temporária no verão, partir pro trabalho debicileta numa manhã de verão e sentir o sol cedinho-quente-quentinho, a viagem à nova Iorque com calor de abraços e beijos, tantos tchaus cinematográficos em aeroportos,  dias de ressaca, os dias de coração rasgado ao voltar do Brasil, as manhãs com o vermelho do nascer do sol batendo na minha janela pra que eu acordasse.... tantas coisas... ainda não chegou o momento de dizer tchau pra essa cidade, mas é o momento em que um ciclo se fecha: acabou o doutorado. Uffaaa....

O futuro me pareceu incerto por tanto tempo... as possibilidades em minhas mãos: EUA ou Brasil? Poutz... nunca imaginaria que seria uma escolha tão difícil. Por anos e anos tenho dito que quero voltar ao Brasil (e ainda o pretendo fazer assim que possível); surge uma oportunidade e eu digo não a ela!!?? Me pareceu irreal tanto pensar/hesitar, mas ponderar é sempre a melhor coisa diante de uma decisão tão grande. Mesmo ao lado de amigos, família e tantas outras coisas acho que a realidade dos fatos me fez ver uma única coisa: a decisão era minha e que eu deveria tomá-la sozinho. Só eu sei oque é bom pra mim, e nesse momento não é o Brasil: instabilidade econômica, falta de dinheiro pra pesquisa/viagens... quero e penso em voltar pro Brasil, mas não pra enterrar/afundar minha vida devido a uma escolha precipitada. 

Curiosamente, não foi uma decisão com o mesmo "gosto" da decisão que tomei ao vir pra cá em 2010: naquela época eu vim sem saber oque me esperava; dessa vez eu voltei sabendo que diante de mim só estariam boas coisas. Acho que foi importante ver que ... sim, sou uma pessoa diferente depois desses cinco anos: tenho mais conciência dos meus medos e,  acima de tudo, tenho consciência quando eles tentam tomar conta das minhas atutudes/escolhas. Nunca, nunca... Faça aquilo que você gosta, busque aquilo que procura, guie-se pelo que te é belo e pelo que alimenta teus dias. Basear escolhas em medo corrói a alma... por que o caminho certo nem sempre é o mais fácil. Me dói ainda a escolha que fiz.. na verdade me dói ter que ter encarado essa encruzilhada, mas... acho que foi importante tê-lo feito: agora sei que há um caminho de volta e que minha vida não se tornou um labirinto (como tanto temi durante os anos aqui). Embora não soubesse que o sei, me peguei no meio desse mar conhecendo o caminho de volta ao "meu" porto. Mais que isso, acredito que poderei voltar adiante num cenário mais otimista não só pra minha carreira mas, no aspecto pessoal, como uma pessoa mais íntegra/inteira (seja lá oque isso signifique). 

Os anos aqui me serviram pra algo: pra exorcizar fantasmas que nunca quis encarar e que sempre me perseguiram. Sou razoavelmente otimista diante do futuro: acho que ao menos estou a caminho de me tornar o homem que almejo ser. E isso não tem a ver com carreira, dinheiro, status, nada... tem a ver com estar feliz consigo mesmo e a pessoa que você é. Allegro, ma non troppo... mas talvez chegando lá. Pois é... serenar por agora e deixar assim... como está. 

Buckets of rain



[Uma poça no meio do mundo]
[Coincidentemente, na hora eu estava com aquela música do Dylan na cabeça, "Buckets of rain"]
[]
[Achei bonito ver como a água "smooths out" as rugosidades e "sharpness" de cantos e quintas]
[Curioso que esse é um aspecto matemático bem claro devido à viscosidade (em equações parabólicas), mas acho que não vem ao caso discutir isso rsrs ]
[Na hora me pegou mesmo a mistura de cores: o azul do céu, o branco das nuvens, com a lama perdida no fundo, o escuro dos galhos... mais folhas pra lá e pra cá..]
[...acho que não há matemática no mundo que descreva isso :) ]


sexta-feira, 20 de março de 2015

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Desenhos animados e música erudita: "The ErlKing "

Essa é uma animação feita em areia, baseada num poema de Goethe, sobre um rei que rapta uma criança para matá-la. A música é de Franz Schubert.




Bom...é isso... tô partindo pro Rio pra dar palestra e pular carnaval. Escrevo mais em breve =)


sábado, 31 de janeiro de 2015

Subserviência

Uau.... assisti esse filme agora à noite e de certa maneira o achei bem perturbador. Fiquei tentando entender bem a que ele se remete... à nossa conivência quanto à exploração dos menos favorecidos? À subserviência ser também uma dependência mútua?



domingo, 18 de janeiro de 2015

Perspectivas

Recentemente eu tenho esbarrado em um monte de música que já foi gravada por mais de uma pessoa e que são beeem diferentes. Há muitas e muitas por aí, mas eu quero selecionar umas que acho boas e que adicionaram uma dimensão a mais a estas obras. A grande maioria tem um significado muito especial pra mim e me traz boas lembranças de dias de sol, cachoeiras, tocar violão etc etc. Espero que vocês curtam (caso tenham tempo pra ouvir :)



1) Pale blue eyes


A versão original é do Velvet Underground, num dos meus álbum favoritos deles.  A Marisa Monte regravou no álbum "cor de rosa e carvão".


Velvet Underground:



Marisa Monte:





2) The lonesome road


A versão original é do Sinatra (acho). A Madeleine Peyroux regravou mais tarde. 


Frank Sinatra:




Madeleine Peyroux:




3) Between the bars


A versão original é do Elliot Smith. A Madeleine Peyroux regravou. Ao que parece a letra original não fala sobre um amor ==pessoa, mas sim do vício do cara em heroína. Linda, sem dúvidas.


Elliot Smith:




Madeleine Peyroux:





4) Jokerman


A versão original é do  Bob Dylan. O Caetano regravou  regravou num álbum ao vivo. A letra é linda (como a maioria das letras do Bob Dylan), mas a versão original é horrível hahaha tem um teclado de churrascaria que não pertence a essa música (saia dessa música que não te pertence :P )


Bob Dylan:




Caetano Veloso ( a versão do caetano é incrível):




5)  Lady Madonna


A versão original é dos Beatles. O caetano regravou  regravou.


Beatles:




Caetano Veloso:






6) Higher ground


A versão original está no ótimo "Innervisions", do Stevie Wonder. O RHCP regravou anos depois.


Stevie Wonder:




Red Hot Chili Peppers




7) With a Little help from my friends


Joe Cocker regravou a versão dos Beatles

Beatles:



Joe Cocker:




8) Hollis Brown


Nina Simone regravou Bob Dylan




Nina Simone





9) Maracatu atômico


Versão original do Gil. Nação Zumbi regravou 

Gilberto Gil




Nação Zumbi



10) You're Gonna Make Me Lonesome When You Go

Essa música eu acho liiiinda. Me traz vááárias memórias da época que morava no Brasil :)

Bob Dylan




Madaleine Peyroux




11) Love in vain

Original do Robert Johnson, regravada pelos Stones (numa versão linda também  que me traz várias lembranças boas tbm :)

Robert Johnson:



Rolling Stones:

sábado, 3 de janeiro de 2015

A arte de contar estrelas



Será que eu estou me mudando daqui?! Me pergunto e tento me convencer disso. Há um medo residual - "e se" - de ficar por mais um tempo que me assusta. Resolução de ano novo: dar uma geral na casa branca, jogar um monte de coisas inúteis fora. Abri aquela caixa com notas de aula, rasguei um monte de páginas... wow... realmente, eu passei muito tempo e fiz muita coisa por aqui.


Por não fazer mais aulas eu havia me esquecido de um costume que tenho pra marcar páginas: o de numerá-las com desenhos relacionados à matéria que estou estudando ou algo que me aconteceu no dia (ou algum objeto, como a caneca de café do professor, por ex). Achei esses das aulas de mecânica muito legais.... de fato, a única coisa interessante nessas notas (já que a aula era muito, mas muito ruim).

 



Alguns deles são bem abstratos rsrs (como o da folha 5... acho que o professor falava sobre "matéria escura")



 ...ou sobre relatividade





Acho que o melhor disso tudo é ver que é um período da minha vida que passou. 


Encontrei outra caixa ainda, com cartas e postais que recebi enquanto estive/estou aqui (maioria da minha irmã, ávida enviadora de postais que é). Realmente, me sinto meio perdido por me imaginar indo mas não saber pra onde. Me sinto como o coronel do conto de Garcia Marquez e os guarda-chuvas ao longo da estória (deixa eu ver se acho online...)



ENCONTRÓ EN EL BAÚL UN PARAGUAS ENORME Y ANTIGUO. LO HABÍA GANADO LA MUJER EN UNA TÓMBOLA POLÍTICA DESTINADA A RECOLECTAR FONDOS PARA EL PARTIDO DEL CORONEL. ESA MISMA NOCHE ASISTIERON A UN ESPECTÁCULO AL AIRE LIBRE QUE NO FUE INTERRUMPIDO A PESAR DE LA LLUVIA. EL CORONEL, SU ESPOSA Y SU HIJO AGUSTÍN -QUE ENTONCES TENÍA OCHO AÑOS- PRESENCIARON EL ESPECTÁCULO HASTA EL FINAL, SENTADOS BAJO EL PARAGUAS. AHORA AGUSTÍN ESTABA MUERTO Y EL FORRO DE RASO BRILLANTE HABÍA SIDO DESTRUIDO POR LAS POLILLAS. 

- MIRA EN LO QUE HA QUEDADO NUESTRO PARAGUAS DE PAYASO DE CIRCO -DIJO EL CORONEL CON UNA ANTIGUA FRASE SUYA. ABRIÓ SOBRE SU CABEZA UN MISTERIOSO SISTEMA DE VARILLAS METÁLICAS. -AHORA SÓLO SIRVE PARA CONTAR LAS ESTRELLAS.

EL CORONEL NO TIENE QUIEN LE ESCRIBA, GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ 

A chuva e o frio lá fora, essas cartas quebrando buracos no meu teto, me fazendo olhar pra dentro de mim como se eu fosse um céu aberto com o qual brinco e me perco a contar estrelas... acho que não existe guarda-chuva pra essas horas.