domingo, 22 de maio de 2011

Cogumelos na cidade: finalmente,a origem do nome do blog - parte II

Continuando...ainda vai ter a terceira e última parte
     No trabalho, ficou mais distraído que de costume;pensava que enquanto estava ali descarregando pacotes e caixas, no escuro da terra os o]cogumelos silenciosos , lentos, de cuja existência só ele sabia, amadureciam a polpa porosa, assimilavam seivas subterrâneas, rompiam a crosta dos torrões. "Bastaria uma noite de chuva", disse consigo mesmo, " e estariam no ponto de serem colhidos".E não via a hora de comunicar a descoberta à mulher e aos seis filhos.
           - Ouçam oque eu tenho para contar! - anunciou durante o magro jantar. - Dentro de uma semana vamos comer cogumelos" Uma bela fritada! Garanto a vocês!
     E aos filhos menores, que não sabiam o que eram cogumelos, explicou animado a beleza das muitas espécies, a delicadeza do sabor e como se devia cozinhá-los; e envolveu a discussão também a mulher, Domitilla, que se mostrava incrédula e distraída.
     
     - E onde estão esses cogumelos? - perguntaram as crianças - Diga-nos onde estão crescendo!
     Diante de tal pergunta, o entusiasmo de Marcovaldo foi refreado por uma suspeita:" Se lhes disser onde estão,vão procurá-los com um dos costumeiros bandos de moleques, corre a notícia pelo bairro, e s cogumelos terminam na panela dos outros!" Assim, aquela descoberta que lhe enchera o coração de amor universal, agora lhe acendia a obsessão da posse, cercava-o de temor ciumento e desconfiado.
     
     - Eu é que sei o lugar dos cogumelos e só eu - disse aos filhos - , e ai de vocês se abrirem o bico.
     
     Na manhã seguinte, Marcovaldo, aproximando-se da parada do bonde estava bastante apreensivo. Inclinou-se sobre o canteiro e viu com alívio os cogumelos um pouco mais crescidinhos, ainda quase totalmente ocultos pela terra. Estava assim inclinado , quanto percebeu que havia alguém atrás dele. Levantou de um salto e tentou simular uma expressão indiferente. Um varredor de ruas o observava, apoiado na vassoura.
     Esse varredor,em cuja jurisdição se achavam os cogumelos,era um jovem magricela que usava óculos grandes. Chamava-se Amadigi, e Marcovaldo tinha antipatia por ele havia muito tempo, quem sabe por causa daqueles óculos que perscrutavam o asfalto das ruas em busca de qualquer vestígio natural a ser eliminado a golpes de vassoura.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cogumelos na cidade: finalmente, a origem do nome do blog ( parte I )

Eu sabia que todos vocês estavam afoitos. Um veio me perguntar em off de onde o nome tinha vindo, outro veio me mandar email ou me perguntar em momentos inoportunos... mas eu não cedi. O nome do blog foi especulado, chutado, cuspido, surrado e lavado no bolso de uma calça amassada que estava no meio da roupa suja.


Mas ninguém descobriu de fato de onde o nome viera.


Hoje acaba o mistério \o/\o/


O nome veio de um livro lindo que eu li do Italo Calvino (recomendo todos os livros dele!!!), que se chama "marcovaldo, ou as estações na cidade". A descrição da personagem é muito boa, e bate com o que ele é:


"Em plena selva de asfalto e cimento da cidade industrial, o operário Marcovaldo busca a Natureza. Mas existe, ainda, a boa e velha Natureza? Ou tudo não passa de imitação, artifício e engano?Personagem cômica e melancólica, o sonhador Marcovaldo não tem olhos adequados para semáforos, cartazes ou vitrines, signos da vida urbana e da sociedade de consumo. Mas está atento aos cogumelos que brotam no ponto do bonde, ao mofo nas bancas de jornais, às aves migratórias ou às possibilidades de caçar e pescar dentro da cidade, enfrentando as mudanças de estação e descobrindo as misérias da existência."

Quando eu li o primeiro conto eu ri mto, e pensei em começar um blog. Claro!!! nunca acreditei que iria escrever como ele... eu sou realista! Mas .. enfim, q se dane. Eu vou transcrever em partes este primeiro conto:

Cogumelos na cidade


       O vento, vindo de longe para a cidade, oferece a ela dons insólitos, dos quais se dão conta somente pocas almas sensíveis, como quem sofre de febre defeno e espirra por causa do pólen das flores de outras terras.

Certo dia, num sulco de canteiro de uma avenida, apareceu, sabe-se lá de onde, uma rajada de esporos, e ali germinaram cogumelos. Ninguem se deu conta disso, exceto o carregador Marcovaldo, que todas as manhãs pegava o bonde exataente ali. 

           Esse Marcovaldo tinha um olho poco adequado para a vida da cidade: avisos, semáforos, letreiros luminosos, cartazes, por mais estudados que fossem para atrair a atenção, jamais detinham seu olhar. que parecia perder-senas areias do deserto. Já uma folha amarelando num ramo, uma pena que se deixasse prender numa telha, não lhe escapavam nunca: não havia mosca no dorso de um cavalo, buraco de cupim numa mesa, casca de figos e desfazendo na calçada que Marcovaldo não observasse e comentasse, descobrindo as mudanças da estação, seus desejos mais íntimos e as misérias de sua existência.                

       Assim, certa manhã,esperando o bonde que o levava à empresa SBAV, onde suava a camisa, notou algo de estranho junto à parada, na nesga de terra estéril e cheia de crostas que acompanha a arborização da alameda: em determinados pontos, ao pé das árvores, parecia que inchavam os monturos que lá e cá se abriam e deixavam aflorar corpos subterrâneos arredondados. Inclinou-se para amarrar o sapato e observou melhor : eram cogumelos, cogumelos de verdade, que estavam rompendo a terra bem no coração da cidade! Marcovaldo teve a impressão de que o mundo cinzento e miserável que o circundava  se tornava de repente generoso em riquezas escondidas e que ainda se poda esperar alguma coisa da vida, além das horas pagas pelo salário contratual, de compensação de perdas, do salário-família e da carestia.

Estou cansado de teclar
Termino depois... não fiquem ansiosos! 
Em toda esquina 
há uma perua branca
distribuindo sopa
E um fusca vermelho
distribuindo ansiolíticos e charutos
Vocês aguentam uns dias mais
certo? 


=)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Da ordem das coisas (novo e com embalagem nova. Pode-se dizer ainda "mais novo" e...)

Os rabiscos dos quais falei neste post (falei, né? )



<-- Este é o canto esquerdo
























E este o direito  ----------------->

 (deve ter uns erros de gramática bem bonitos =)







To ansioso com a viagem pro Brasil amanhã... 
nem sei mais oque fazer pro tempo passar mais rápido 

=/

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A mathematical proof of the non-existence of god? (part III)

Entre os rascunhos,

você  sempre se perde no meio de um milhão de contas

e tem que pegar uma folha em branco pra começar de novo




Ainda termino este post nas férias ...

...sei que vcs estão apreensivos =P

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A natureza aleatória do "raciocínio científico" + buscando inspiração

Enquanto buscava inspiração por aqui


me lembrei deste texto incrível que, de certa forma,  incita os matemáticos a terem uma vida social decente 

Those are more haphazard by their nature; they may
occur just in casual conversation. You will be talking
with somebody and he mentions something and you
think, 
"Good God, yes, that is just what I need.., it
explains what I was thinking about last week."
And you put two things together, you fuse them and something
comes out of it. Putting two things together, like
a jigsaw puzzle, is in some sense random. But you
have to have these things constantly turning over in
your mind so that you can maximize the opportunities
for random interaction. I think Poincaré said something
like that. It is a kind of probabilistic effect: ideas
spin around in your mind and the fruitful interactions
arise out of some random, fortunate mutation. The
skill is to maximize this degree of randomness so that
you increase the chances of a fruitful interaction.
From my point of view, the more I talk with different...


Michael Atiyah, em alguma entrevista que eu vi/li

bom.... ainda tenho que tirar a continuidade de uma função da cartola...tô indo já 

Espero que o próximo post seja feito no Brasil

 =)