terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Letrada e safada

Há algumas semanas conversava com um amigo indiano que estava pra voltar à India pra casar. Havia enrolado a namorada uns 5 anos, até que ela e as famílias dos dois deram uma pressionada e ele cedeu. Eu, curioso, resolvi perguntar mais sobre o caso.

- Mas pérai...  como as pessoas se conhecem e casam no teu país se você não pode chegar numa pessoa diretamente?

- No meu caso, eu falei pra minha mãe o tipo de esposa que eu queria. 

- E que tipo que era? - perguntei.

- Tinha que ter mais ou menos a minha idade, e ter um mestrado.

- What!!! Mestrado? Pra que que você quer um mestrado?! Tanta coisa boa pra procurar em alguém e você quer um mestrado?!

- Ahhh deixa a vida mais fácil. Seja por conta das conversas que podemos ter, ou caso a gente mude de país... Aí ela pode aprender outra coisa mais facilmente, ou encontrar um emprego com mais facilidade.

Na hora fiquei pensando a respeito e vi que, de alguma maneira, até fazia sentido... Me perguntei então se também tenho exigências do tipo. Ou pior, exigências implícitas, que nem me dou conta! Será? Fiquei pensando na hora e cheguei à conclusão que sim, estudo conta, claro. Mas, no meu caso, acho que a combinação "letrada e safada" seria o melhor dos dois mundos :) 

Fiquei me imaginando num mundo em que eu fosse indiano, falando isso pros meus pais: 
"-Olha, mãe. Olha, pai.... pra inteligência a conversa basta. Agora... ser safada... é mais difícil, né? Safadeza é química, jeito de olhar, de desejar, de se doar".  É... o tipo de coisa que é fácil de saber quando está ali, mas difícil de descrever pra alguém... e meus pais, os conhecendo bem, certamente errariam na escolha: se dependesse da minha mãe, casaria com alguma filha de amiga dela, fofinha, meiga, etc. Por outro lado, se dependesse do meu pai, acabaria com alguma mulher bem barraqueira, sem juízo algum.

É, pessoal.... independentemente do cenário dos horrores acima, ainda fico feliz por poder fazer tal escolha e "errar por mim mesmo", pois se tivésse nascido na Índia teria sido um celibatário sem salvação. Ou, se dependesse dos meus pais, bem mal arrumado no amor. 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Faz zum-zum pra mim

Saudações, leitores amados.

Aqui quem vos escreve é seu abelho-carneirinho preferido. Agora, fazendo zum-zum pra vocês.

Ou melhor, pra mim mesmo.

E olha que antes achava que quem fazia zum-zum era meu refrigerador (declamando um eterno e repetitivo "o meu refrigerador não funciona").  

Mas não. Descobri que o tal zum-zum é tinnitus. Bem que esse som que ali não está - mas insiste em aparecer - poderia ser de aplausos, ou pessoas me ovacionando enquanto ando na rua, mulheres me professando desejos indizíveis em público, ou pessoas dizendo o quanto me gostam ou admiram... mas que nada: sons que só me visitam no silêncio da noite, entrando de baixo das cobertas comigo e me dizendo suavemente ao pé do ouvido.. "zuuuuuuuuuuu".. 

Afff... esse amor monótono que nada de novo me declara. Falasse, antes fosse, que me quer, que me gosta, me deseja, que vai me abandonar assim que eu deixar de ter um sustento... mas só fazer zum-zum pra eu ver, fazer zum-zum pra mim? Não... assi-sim ni-ninguém aguenta. Assi-sim ni-ninguém dorme direito (eu muito menos). 

Me ame: ok, faça como queira.
Mas me deixe.
Ainda mais agora que sei que você está por perto, indesejadamente.