quarta-feira, 11 de maio de 2022

26 dias entre o oriente e o ocidente: dormindo pessimismo, acordando saudades + pessimismo

Ontem/hoje bateu uma bad.... fiquei pensando, realisticamente, que não importa quanto post triste ou esperançoso eu faça, quanto anseie, vá em templo rezar (não, calma... é só exemplo): oque tenho em mãos é nada. A única coisa que ouvi é que o outro lado queria se aprofundar e fazer crescer oque tem  em mãos agora, que não queria me dar esperanças de nada...

... em suma... o pior dos cenários.

Sei lá... fui dormir pensando nisso, acordei... mas essa sensação só ficou mais aguda... que vontade de poder enviar um "estou morrendo de saudades de conversar contigo" ou also assim...

Fico me perguntando se sou um besta por ficar nutrindo esperanças diante de tão pouco que me foi sinalizado. Que angústia... se ao menos houvesse algum sinal... não vejo, não ouço, não conversamos... Gosh... nem o mês de Junho e suas festa junina poderiam salvar? E se convidasse pra um pastel, pra comer um milho numa quermesse? Vai ver... tarde demais, vou chegar pro casamento dos noivos...  o silêncio amplifica o ruído: por agora, as coisas podem já ser tanto um namoro, uma pílula esquecida que virou família, um casamento já marcado... olho pra casa quase vazia mas bagunçada, checo a lista de documentos e formulários a serem preenchidos hoje, entrevistas empilhando de maneira inesperada... um sinal... um sinal...

Hoje cedo tentei puxar as rédeas do meu estado catastrófico...  dei uns passos até a janela de casa pra ver a vista das montanhas e do templo no topo delas, ouvindo algo pra tentar me relaxar diante disso tudo (ou diante dos meus pensamentos somente)... Prokofiev na veia, as sonatas..."- vem sinal..vem" mas nada... só havia um passarinho brincando no telhado perto da janela... ele se virou, ficou olhando pra mim... tropeçou e voltou voando ao mesmo lugar. Mas ficou lá, me encarando... "-Será que você é um sinal?", pensei. Ele não respondeu: só continuou me olhando.

Cansado de esperar por algo, fui arrumar minhas coisas pra viajar. Aí começou a tocar a ária da capo que finaliza as variações Goldberg na playlist, na versão de 1981 do Glenn Gould....


Goldberg Variations, ária da capo, Glenn Gould

Fiquei quieto, ouvindo meio que sem respirar.. atentando pros hummings do Glenn Gould cantando enquanto tocava... ruído-sinal... inventando linhas melódicas complementares àquelas que Bach criou... que diferença  da ária do começo ... que diferença da performance de 30 anos antes... 

Olho pra fora. Agora o passarinho carrega um pedaço de capim no bico, provavelmente pra fazer um ninho... a música acaba... aquela nota final que reverbera como uma mandala... saudades....

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