terça-feira, 10 de maio de 2022

27 dias entre o oriente e o ocidente: "monta ni mim"

Hoje ela se foi: minha bicicleta. Adquirida logo no segundo dia aqui, tive que dar tchau pra ela, um pouco antes do que imaginava. Foi triste... estou "bikeless"... "bread-machineless"... "loveless"... tudo fugindo pela janela... 

[Exercício #1:]

[imagine, pequeno gafonhoto(a)s..]

[teus móveis caminhando vagarosamente até a janela]

[criando asas]

[te dando tchauzinho...]

[e indo embora...]

Mas ao dar tchau... fui andando e pensando em como é engraçado a gente falar em montar numa bicicleta... soa meio "dirty"... enquanto também se diz "dar uma pedalada fiscal", que nada tem a ver com esse meio de transporte tão nobre. Aí, claro, no alto dessa minha observação "super acadêmica", a caixa de pandora se abriu e comecei a me segurar pra não começar a rir sozinho enquanto andava na rua, ainda mais ao lembrar das conversas que tinha com a tão distante sereia que, "caramba... pensei em você de novo", aparece na minha lembrança nos momentos em que menos espero.

Lembrei das muitas conversas que tínhamos sobre linguagem de grupo, jargões: como é comum pra mim, como matemático usar palavras como "concatenar", ou "convoluir"... No mundo das sereias, eu soava exótico (aliás, é elogio?)... aí, claro, minha resposta era a óbvia: "-você é médica... vocês falam umas coisas super nada a ver também... '-vai ali pra eu te analisar e abaixa as calças...'.. '-vou te ascultar... levanta a camisa e tira o sutiã'... "... quer povo mais pervertido esses médicos... onde já se viu....

Aí, claro, já estava andando na rua com a cabeça pensando nessas palavras fora de contexto: montar, ou atolado (meu carro ficou atoladinho na lama... belíssimo funk)... É totalmente cabível alguém falar, "vou passar um óleozinho antes" enquanto lustra um móvel... mas é também uma palavra que cabe em outros contextos (óbvio!), enquanto "tá lambuzada de mel" pode ser tanto uma colher jogada na pia da cozinha, ou... enfim... FOCO, PESSOAL! FOCO!! 

Acabei então por me lembrar de uma música do Tom Zé (sim, ele, de novo), quando ele fez um álbum falando sobre sexo. Acho que a idéia da música em questão era a de pegar uma frase que às vezes rola no sexo e colocá-la numa música, meio que fora de contexo. 


"Sobe Ni Mim", Tom Zé, em "cançoes eróticas de ninar

Aí a música é essa "delícia" sonora de "vem vem...sobe ni mim" hahaha Gênio!!! Hilário...sem falar no instrumental fenomenal.... 

"vem, vem....monta ni mim de novo, me leva pra casa..."...ela parecia me dizer hoje à tarde. Mas... não rolou: tive que deixá-la ir, nas mãos de um francês (gente finíssima, por sinal). 

"-Compra um capacete antes de sair a mil por aí....", ainda disse. 

Olhei pro céu: azul que só, e voltei à pé, de volta ao trabalho.

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