quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A arte de se começar do zero (de novo)


Enfim... aqui estou: cidade nova, busca por apartamento, casa. Por enquanto eu tenho vivido num sofá... não muito confortável, mas... vive-se com oque se tem, não? Isos me traz à lembrança meus primeiros dias de rio. Época de muito cd e não muito mp3: me lembro que uma das únicas coisas que trazia na mala era um cd,  charles mingus - oh yeah




e um cd do Dave Matthews band que de vez em quando tocava umas músicas super melancólicas que me faziam morrer de saudade de São Paulo. Até hoje associo DM com esses dias de ruptura e saída de casa. Não me traz uma sensação muito boa (incrível como a gente pode associar sons com sentimentos, não?) Depois de uns dias eu já não tinha mais paciência pra ouvir Charles Mingus ou fibra pra ouvir DM sem ficar com vontade de cair no choro. Fiquei ambos homeless e soundtrackless hahaha Rafaello, sozinho no Rio de Janeiro, desolado :'(


Curiosamente, foi uma fase em que desenvolvi temporariamente o hábito de olhar pras janelas dos prédios e, ao invés de reparar em seus traços e arquitetura, me perguntar quem eram as pessoas que ali moravam e como haviam conseguido aqueles apts. Durou um tempo, até eu encontrar uma casa "de verdade" (mais ou menos: era um quarto numa casa com gente estranha - um professor de yoga, uma menina porquinha que estudava história e deixava a louça na pia por 1 semana afff... tristeza).  Às vezes me pergunto oque foi que me levou a abandonar momentos de conforto pra me jogar no desconhecido. Porque sair de SP pra ir pro RJ se em sampa estava bem? Por que largar o RJ para ir pros EUA se já estava encaminhado no RJ, já havia começado o doutorado, tinha amigos, vida etc? Por que não voltar ao Brasil quando pude e decidi vir a Minneapolis? Meu histórico pode dar a entender que sou uma vítima da minha impulsividade rsrs mas não é o caso: acredito que o que me moveu foi procurar o que achava melhor pra mim. Muitas vezes me enganei: enquanto no Rio pensei por diversas vezes em voltar a São Paulo, enquanto nos Eua pensei por diversas vezes em voltar ao Brasil... e hoje, dia de chuva, homeless, documentos preenchidos erradamente-e-que-só-fazem-me-dar-dor-de-cabeça... penso em voltar.. mas pra onde? Acho que o que procuro é um abrigo, colo: nem todo dia é dia de ser super-homem (como diz uma grande amiga minha que já morou em diversos países pelo mundo)... 


Estou cansado. Não ter casa é uma das piores sensações do mundo. Não ter seu lugar, não ter seu canto... há 7 anos (uau.. faz tempo mesmo que me "migrei" pro rio) não me deparava com isso: um quê de temporário que tem que deixar de ser temporário mas pode ser um temporário longo... vixe... nem sei se isso fez sentido hahaha mas que seja, um temporário que não gosta de ser temporário mas que por inércia, temporário fica/é. Lá vou eu pra mais uma tentativa de encontrar uma casa, janelas altas e larga +  muita luz em algum apartamento dessa cidade. Espero que saia do papel hoje ou em breve. 


[torçam por mim, leitores, crawlers, desavisados que por aqui pisarem]


ps: uma das músicas do DM meio corta-pulsos que estava no cd do qual falei é essa


Até hoje não consigo ouvir a música toda sem que um monte de sentimentos incômodos venham à tona dentro de mim. Ouça com moderação e pressione pause caso a coisa saia de controle =P


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