segunda-feira, 16 de abril de 2012

Rafael Caramujo

Apesar da lerdeza que lhes é intrínseca, outras virtudes fazem do caramujo um bicho admirável: por todo lugar que anda, leva sua casa nas costas. Certamente, os mais familiarizados com a natureza deste ser podem dizer que eu estou enganado, e que eles mudam sim de casa/concha. Como ignoro tal informação, eu sigo admirando o bichinho.... por isso o representei abaixo 

[Olhe a cara de despreocupado dele...]
[.... nem parece que ele está mudando de casa]




Em vésperas de me mudar, sinto-me atordoadíssimo diante de tanta coisa acontecendo: não ir ao Brasil e ficar aqui estudando nas férias, planejar uma "pqna" viagem que bem poderia ser infinitamente maior, ficar, me preocupar, fugir de tornados, uma conversa num parque sobre sabe-se lá oque, esperar, beber, dançar, ouvir, virar crocodilo e morder aqueles de quem gosto, convidar... e por tudo em caixas:

empacotar
guardar
lacrar


.... um tanto de muita coisa...



Adendo #1 - esse título é uma homenagem ao dito bichinho mas tbm à minha infância (uns 6, 7 anos), na qual havia um colega que me chamava assim e eu achava extremamente bobo, pois achava uma "rima"/modificação muito, mas muito pobre


Adendo #2 - a história de se levar nas costas aquilo que é lhe pertence me faz lembrar de algo que já escrevi

http://matematicosmarcovaldos.blogspot.com/2011/06/despedindo-me-do-brasil.html





sexta-feira, 13 de abril de 2012

Da deterioração das amizades (parábola sobre um velho crocodilo)

Às vezes perdemos a noção de como machucamos os que estão próximos da gente: falamos alto, berramos qualquer coisa, praguejamos... dizemos um monte de "verdades"... para depois resumirmos nosso arrependimento com um "desculpa".

Não que as desculpas não sejam úteis: um pedido como estes, quando sincero, é importantíssimo. No entanto, mais importante que baixar a cabeça e demonstrar arrependimento, é aprender com os erros e saber o quanto palavras e atos podem machucar os outros (...e então não repetir tal coisa).

Um tanto auto-ajuda o post de hoje, né? hahaha =) Estou postando por que vi um filminho meio-feio- 1/2-bonito-meio-bobo-1/2-intrigante do Koji Yamamura, chamado "The old Crocodile". Logo no começo achei um tanto de mau gosto... bem de mau gosto....feio como a cidade de São Paulo. Inexplicadamente, depois de algum tempo tentando entender uma possível mensagem por detrás da coisa toda, eu achei interessante ( sim, o mesmo acontece com a cidade que citei). Acho que fazemos muito isso que o desenho mostra: com nossos pais, com namorada(o)s, amigo(a)s. Se existirá uma maneira de transcender essas mazelas que levamos conosco e, como resíduo, obter algo mais "puro"  das relações entre as pessoas - não estou sendo piegas... nem usando isso num sentido "ursinhos carinhosos" - eu não sei... mas que o desenho me deu bastante a pensar, isso deu.

Reflitam





"The old Crocodile", de Koji Yamamura



ps: não tenho postado mto ultimamente pq estou numa de mudar de casa, terminar o semestre, convencer meu orientador de que eu sei um mínimo de matemática, passar no meu exame de qualificação e tentar fingir que aprendo um mínimo sobre von Neumann algebras pra ser aprovado num curso (que já foi legal, mas agora entrou num ponto que considero não útil). Mas não fiquem tristes (!!!): vcs não estão perdendo lá grande coisa =)

domingo, 1 de abril de 2012

Andvari - ou ainda em "let me stand next to your fire" (final )

Eu pensei em só porstar o final da história e colocar um link pro começo dela. Como eu acredito que ninguém vai se dar ao trabalho de ver o link, eu vou postar os desenhos todos aqui, num mesmo post. No entanto, por motivos históricos, eu vou deixar o link aqui ó.


[Acho que tem alguns erros de concordância perdidos aí no meio]
[já que tudo me veio num desatino só]
[ ...e não é desculpinha! ]
[Na hora de fazer a versão final eu arrumo ]
[Claro, você deve ler o texto "E" ver o desenho com cuidado...]
[...eles se complementam]







Quando vc vem de um país tropical pra morar no hemisfério norte vc não imagina os apuros em que o inverno pode te colocar

























Como da vez em que minha bicicleta ficou congelada... o susto foi enorme








Claro, pensei em mil e 3 maneiras de resolver o problema, mas todas tinham algum porém
 i) maçarico











Mas isso poderia derreter minha bicileta

ii) tnt dinamite
Na melhor das hipóteses funcionaria...










...bom...melhor ser precavido



[No geral eu desenho meio mal...]
[...então acabo explicando oque desenhei rsrs]
[ =) ]






















iii) ainda  poderia fazer como Jimi Hendrix, me revoltar com o mundo e minha desgraça... e atear fogo na maldita

Talvez assim eu ficasse famoso e ganhasse dinheiro o bastante para comprar outra

[desdém]











Mas acontece que nada disso é válido...ainda + qdo se sabe oque quer. E eu a queria... mesmo que pra isso tivesse que esperar o invermo todo

























E claro, isso significa que dias difíceis vieram






























...e nessas horas vc não pode esquecer do que te guia e dá rumo: a dificuldade não é a razão para vc esquecê-la e deixar de cuidar








Os dias de sol tbm vêm...e são eles que alimentam sua esperança de tocá-la, de poder passear com ela de novo


[alterei um pouco]
[vale? =) ]





















Mas toda jornada, todo longo caminho, todo oceano atravessado à remo, consiste mto + em ter paciência e trabalhar dia-a-dia  do que  em força dispendida à toa





















O tempo passa então...
a neve deixa de cair c/ tanta frequência.... o sol até parece esquentar mais. Vc olha pela sua janela e se pergunta: " - O inverno acabou? Cadê vc, primavera?"







É difícil mesmo, vc chega a perder a esperança às vezes, até pensa se vale tanto assim esperar, se não deveria sair pelo mundo em busca de alguma outra que te leve por tantos outros bonitos e rápidos passeios pelo mundo.






Mas.... seja igual a forma, seja igual o traço, o tamanho dos aros ou mesmo o número de marchas:
há coisas no mundo que são únicas, e os momentos ao lado destas mais únicos ainda.








E chega um dia em que o sol já não aparece tão tímido no horizonte, mas sim alegre, forte e esquentante.





Com as poucas pernas que você tem, mas cheio de toda e esperança que há dentro de ti, vc corre ao encontro dela... que deve estar ainda onde o inverno a "aprisionou", sozinha, estacionada.



[Se você optou por ouvir a música ao fundo, esta parte corresponde ao minuto 2:57 em diante]














[Em linhas gerais, termina como toda história que eu tendo a fazer sobre humanos e aquilo pelo qual eles têm algum sentimento "1/2 diferente"...]
[... com um abraço]
[(vide o primeiro da "série", que virou camiseta)]
[(um dia ainda posto uma foto dos desenhos) ]


=) 






ps: deixo também a opção também de se ler o post ouvindo essa música





[Escolhi uma música beeeeeeem melancólica - não corte seus pulsos ao dar o play!! - pra ser o soundtrack ]
[Mas mto bonita, mesmo ]
[acho que o ilustríssimo público do blog vai curtir ]
[(tô falando da música, não necessariamente do post)]


Ao que me parece, Andvari é uma lenda nórdica que lembra um pouco o senhor dos anéis. Trata-se de um homem que tinha um anel que lhe dava poderes pra criar ouro. Além disso este ser podia se transformar em peixe. Um dia, diante da cobiça alheia, ele é capturado e tem seu anél roubado, além de todo o ouro que possuia. Andvari então amaldiçoa toda a riqueza que lhe foi tomada (acho que é nessa hora que vem a crise dele, dias de terapia, ter algo que ele tem como dele usurpado/tomado... tão perto e tão longe).


Bom... posso estar enganado... melhor vc não me ouvir e ler na wikipedia; é uma história bonita.









quarta-feira, 21 de março de 2012

Sobre o ofício ( matemático)

Acho que ninguém melhor que o Cedric Villani pra falar  sobre isso. Eu sempre acho difícil explicar oque faço, oque me motiva, oque vem daquelas equações todas.

Infelizmente o vídeo não tem legendas, mas vale muito à pena. Não tenho informações exatas sobre quais eram as circunstâncias da palestra, mas ela é muito engraçada e ele é extremamente não técnico ao falar com o público geral. Vale quase por uma animação que não posto hoje =)






ps: o sotaque dele tbm é muito engraçado. Será que todo francês fala inglês assim? Será que nós brasileiros temos um sotaque característico?


sexta-feira, 16 de março de 2012

... take a ride ... [vida/esporo]



[dotado de todo o gingado possível]
[o leitor é convidado a dar play na canção acima sem clicar no link que o redirecionaria ao youtube]
[...eu sei, demanda esforço, oras... mas vale à pena]

Hoje, voltando pra casa pedalando, aquele monte de pássaros cantando, aquele solzinho, dia liiiindo infinitamente; olhei pras árvores, aquelas flores abrindo, aquele monte de  coisa colorida brotando... pensei alto comigo mesmo

"... quanta vida nascendo ao mesmo tempo"

Mas aí eu parei pra pensar no que eu estava pensando (faz sentido isso?) e vi que a vida nunca deixou de existir; do contrário a cada inverno o mundo acabava.

[Embora pareça sempre que isso vai acontecer, não chega às vias de fato... ao menos não até hoje, depois de dois invernos aqui, em Governador Valadares.]

Em todo caso, acho que não aprendi a lidar com essa vida em formato esporo, que aparece de maneira mais evidente quando o mundo lhe parece mais propício.... vai ver a moral - como naquelas fábulas de La Fontaine - está em saber apreciar esse ciclo todo de nascer e "morrer"...

[ou vai ver, nunca é demais cogitar isso tbm,  eu estou falando merda mesmo]

quarta-feira, 14 de março de 2012

Essessemigrupos...



[Teoremas difíceis por estes dias...]
[... ainda estou pensando na idéia de largar tudo pra ir vender mate gelado na Califórnia]

quarta-feira, 7 de março de 2012

Quando todos os teoremas mais parecem metafísica II (ou "princípio de invariância galileliano")


É de se entender que, enquanto física, nossa vida pode começar em qualquer ponto que ela não deixa de ser outra senão vida  - ou uma forma de. Este árduo processo não depende do t_o (dito aqui "tê-zero"), embora as pessoas sempre se esqueçam do quanto já andaram para chegar onde estão: sempre nos parece que começamos hoje, embora este hoje seja fruto de muitos e muitos ontens. 

Abaixo, três maravilhosos estudos em lápis carvão entitulados "estudos em lápis carvão feitos enquanto o microondas esquenta minha janta e eu fujo do meu tê-zero"; autor, desconhecido.








[tê-zero  te perseguindo]


[tê-zero te procurando atrás de uma moita, enquanto você se esconde atrás da árvore]
[Não seja ingênuo, isso é sério: eles não estão brincando de pique-esconde!]


[Nosso herói, numa manobra hábil, se esconde em cima da mesa, longe dos olhos baixos de tê-zero]
[tê-zero é como um câo sem olfato]


terça-feira, 6 de março de 2012

Quando todos os teoremas mais parecem metafísica


Da noite de ontem, antes de cair na cama, me veio este trecho...

"A metafísica pareceu-me sempre uma forma prolongada da loucura latente. Se conhecêssemos a verdade, vê-la-íamos; tudo o mais é sistema e arredores. Basta-nos, se pensarmos, a incompreensibilidade do universo; querer compreendê-lo é ser menos que homens, porque ser homem é saber que se não compreende.
Trazem-me a fé como um embrulho fechado numa salva alheia. Querem que o aceite, mas que o não abra. Trazem-me a ciência, como uma faca num prato, com que abrirei as folhas de um livro de páginas brancas. Trazem-me a dúvida, como pó dentro de uma caixa; mas para que me trazem a caixa se ela não tem senão pó?"

Fernando Pessoa - O livro do desassossego - trecho 87 

Seria muito bom se eu pudesse tachar os teoremas que não entendo como belos exemplares da mais pura metafísica que se possa imaginar.... hoje o dia foi foda: um monte de semigrupos analíticos, teoremas que demoraram hooooras para ser compreendidos... e nem tenho certeza ainda se o foram! Pqp!!! Fiquei horas olhando para aqueles monstros só pensando em como - e se deveria/poderia- encará-los.


Teoremas difíceis escritos em pedra => Rafaello vira pó em cima do livro 

...pois bem: amanhã eu pego minha bicleta, largo minhas coisas aqui e vou para as praias da califórnia vender mate na areia!

ps: definitivamente, este é um post-revolta!! Parece que meu "tê-zero" (em latex, $t_0$)- aquela posição inicial do objeto em física - me acompanhou o dia inteiro, me parecendo então que minha vida de pouco conhecimento havia começado hoje e que eu não tinha andado tanto quanto andei até chegar onde estou (que não é muito longe, diga-se de passagem, mas já é um tanto).

Meu desânimo só diminuiu um pouco depois que um amigo passou na minha sala todo triste e falou que sua bicicleta havia sido roubada (believe it or not, in a college town, in the United States of America!!!) Pensei em como seria minha vida sem a minha. Conversamos um pouco sobre as mazelas da vida de doutorandos, até que voltei pr'os teoremas que me esperavam abertos e dados em cima da minha mesa... para ainda assim serem incomprendidos.

... ao menos voltei pra casa pedalando

sexta-feira, 2 de março de 2012

Today

Voltei pra casa agora à tarde... passei na rua, os semaforos balançando como se dançassem, um vento forte, as árvores balançando tbm mto.. o vento anunciando a chegada desse "storm" pelo qual eu temi o dia todo (e, neste momento, o vento que uiva pelas frestas das janelas de casa). O clima de hoje me lembrou a voz da Billie Holiday cantando stormy weather, "aquela voz dela que só ela tinha"...


[certamente, o "storm" que a Billie canta é outro]
[já que ela não está perto de quem ela queria]
[... mas não deixa de fazer sentido diante do presente momento]



[dica: vc deve clicar no botão de play e fugir do link pro youtube]



ps: porra-de-thunderstorm-que-não-me-deixou-nadar-estou-puto!!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Tomorrow

"Variable clouds and windy with strong thunderstorms. Damaging winds, large hail, and possibly a tornado with some storms. High 68F. Winds S at 20 to 30 mph. Chance of rain 70%"

 Quem quer sair da cama num dia como estes? Acho que nao me acostumei com essa tranquilidade toda diante da palavra "tornado" =\