sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Dias de porco-espinho #3: memórias do fundo do poço (última parte, acho)





Volver a los 17 - Milton Nascimento & Mercedes Sosa



Talvez dizer fundo do poço seja muito... talvez poça...uma poça de lama: lá, eu, preso, sem conseguir sair por um tempo..mas me livrando disso \o/

Hoje logo cedo veio um momento muito único de estranhentendimento  - "todo entendimento repentino parece uma aguda incompreensão". Eu estava logo cedo indo nadar, quando comecei a enumerar o que estava se passando comigo. Resumindo, "mudança & processo".

A palavra "processo" então ficou quicando dentro da minha cabeça por um tempo, até que me remeteu a um trecho do livro  - qual qual? - "O processo", do Kafka. Eu, particularmente, não sou um grande fã do trabalho dele, mas me lembrei desse livro por dois motivos:

A personagem principal fica o livro inteiro sem saber porque as coisas estão lhe acontecendo (como eu, confuso e perdido como estava), até que no final ele entende o porque, mas já é tarde.

Felizmente já consigo ver uma certa ordem em tudo oque aconteceu. Ainda frágil como um segundo, me pergunto se saio disso mais forte(?). Assim espero... mas isso é um caminho, um trajeto: keep rowing, Rafaello!!!! \o/


[Gritam os passarinhos da beira do casco do meu barco]


Mas no entanto, não foi isso que me pegou... e sim um trecho esquecido, antes jogado às traças pela minha memória não muito boa. Há uma história dentro do livro, e eu nem mesmo me lembro o pq dela ser contada, mas eu me lembro dela. Enfim, fala de um homem que chega num portão enorme, no qual há um guarda. Ele pergunta

" - Posso passar"

O guarda:

" - Se você realmente pudesse passar eu não estaria aqui, não?"

E o homem espera....espera (paciência é uma virtude a ser assimilada...). Mas aí ele já esperou demais!!!Pergunta de novo para o guarda:

"- E se eu passar, oque acontece?"

O guarda:


"- Primeiro você teria que passar por mim;  e você até pode conseguir isso, mas saiba que depois deste há outro portão, com um guarda ainda maior e mais forte, e mesmo depois dele há outros portões cada vez piores, com guardas cada vez mais truculentos."

O homem então é demovido de sua idéia de tentar passar. Mesmo assim ele espera e espera....

Passam-se anos e, já velho, o homem não tem mais forças nem pra andar; nem mesmo ousa encarar o guarda. O tempo continua passando, e ele já não tem mais esperança de ir adiante. Então, já prestes a morrer, ele chama o guarda com dificuldade: força para falar também lhe falta. Sussurra então para o guarda, que se agacha para poder ouví-lo:


"- eu sei que o senhor não vai me deixar passar, e nem é isso que lhe peço. Somente me responda algo: porque nunca vi ninguém além de nós dois aqui? Porque outras pessoas não tentaram passar por você?"

O guarda se levanta...suspira...abaixa de novo para dizer:

" Por que este portão foi feito para que você o atravessasse."

O guarda então fecha o portão e vai embora.


[provavelmente ele foi tirar um dia de folga, beber uma cerveja com os amigos e levar as crianças no parque]
[Vou tentar colocar um desenho aqui depois... não dá pra escanear nada por agora]


Bom... por hoje é só, pessoal. Boa sexta feira a todos. Cuidem-se!!!

=)

Um comentário:

Rafael disse...

E lá se vai, espero, um mês de crise (iniciado, acho, por volta dos dias de páprika)

http://matematicosmarcovaldos.blogspot.com/2011/09/dias-de-paprika.html


Sem palavras pra agradecer (não no sentido de favor prestado, claro) o apoio dos amigos - os de longe e os poucos de perto - que me deram atenção, foram pacientes para me ouvir e tudo mais.

Ainda há muito para ser entendido... mas já estou conseguindo ir pra escola sozinho de novo, não se preocupem.

=)