quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Da finitude do todo, da serenidade que careço, e de pontes/entrevistas no horizonte

Há tempos eu acredito que pessoas são meio parecidas, independetemente do lugar de onde vieram. Em alguns traços, ao menos. É realmente incrível ouvir duas pessoas suspirarem da mesma forma (algo que já vi em um sueco e uma senhora somali), ou terem a mesma risada (algo que já presenciei várias vezes).

Mas há também o caso em que começamos a ver coisas onde elas não existem. Como eu observar as velhinhas japonesas andando na rua e minha mente imediatamente me levar a pensar na minha mãe:  bate uma saudades enorme, e uma vontade gigante (ainda maior do que a que sempre falo) de ir embora daqui.

Recentemente assisti um ótimo documentário do Spike Jonze sobre o Aziz Ansari, no netflix. Dentre várias coisas interessantes, há um momento em que ele começa a falar de relações familiares, e das poucas vezes que vemos/nos encontramos com nossos pais (e das poucas outras oportunidades que ainda nos restam). Penso no pouco tempo que ainda tenho com a minha, a qual vejo uma vez por ano  - se muito- e me questiono sobre a necessidade e relevância de tudo que faço hoje: há coisas que não voltam mesmo... e tenho total noção de que as pessoas que amo um dia acabarão (assim como eu), embora nunca tenha sofrido a perda por morte de alguém tão perto.

Bom... péssimo momento pra terminar o post, imagino rsrs "falando de morte", "finitude" etc. O ponto não é bem esse, o de chorar pitangas. Estou aqui mais reflexivo do que qualquer coisa. Tudo retorna ao ponto em que reavalio minhas prioridades, como tenho feito há tempos. 

Me estarreço, e de certa formo me admiro ao mesmo tempo que me aflijp, no entanto, diante da racionalidade ao encarar esse processo emocionalmente tão desgastante. Paro e penso no que me prende aqui... que se reduz, em suma, a nada: posso sair daqui assim que quiser. Agora.... do ponto de vista prático... não posso ser inconsequente, jogar tudo pro alto, me desestabilizar financeiramente...seria tudo oque não gostaria nessa etapa da minha vida. Cresci vendo minha mãe se matando de trabalhar pra me dar um mínimo, não conseguiria ser irresponsável dessa forma comigo mesmo (e, de passagem, com minha família em geral). Nós seres humanos criamos raízes invisíveis que parecem se nutrir e sugar a seiva dos nossos próprios medos.

Mas então... como harmonizar interesses/vontades/"dores" tão conflitantes? Me sinto bastante impotente diante disso, tento me manter coeso e firme para continuar a busca para sair daqui (por sinal, hoje tenho outra entrevista!). É complicado equilibrar essa vontade de "ter que" com a de não querer ficar, com a de ver quem se ama longe (ou indo embora, como quando em fim de namoro) e ...simplesmente se sentir de mãos atadas, ou em espera de que tijolinhos que se põe aos poucos se tornem uma ponte pra fora daqui. Isso tudo leva tempo e tem um peso emocional....aguas que demandam muita paciência e serenidade para serem navegadas. Como dizem mesmo.... "serenidade para aceitar aquilo que não posso mudar, coragem para mudar aquilo que posso, e sabedoria para discernir ambos. " (isso é parte do "serenity prayer, e leio agora que acabou popularizado pelos AAs do mundo... embora não tenha aprendido lá :P)

Há tempos não vinha essa "crise de me sentir ausente" (como neste post)., ou lidar com ausências (lembrando Fernando Pessoa neste post). Enfim... serenidade, paciência... 




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