sábado, 30 de abril de 2022

Direto da Terra do Sol Nascente #133 ~~~~> 37 dias entre o oriente e o ocidente: dormindo ansioso, acordando de ressaca

Não é? E não foi ali que tudo começou? Naquele livro? O presente comprado às pressas na correria paulistana, em meio a malas e preparativos para voltar ao Japão, levando no peito  e na bagagem aquela sensação gostosa do encanto-química... na dedicatória escrita ao vivo em meio a uma exposição qualquer, no desenho do animal marinho que saiu tão naturalmente e do qual nem me lembrava depois (nem da dedicatória em si!)?  

Como num ciclo que se fecha, cheio de coincidências, me aparece essa analogia de novo... que também permeava os apelidos, as piadas... um passarinho, uma sereia... um no céu, outro no mar...um no norte, outro no sul... um no  ocidente, outro no oriente... 

Bom, não faz diferença ser coincidência, eu ser sagitáriano, ou não... só sei que me veio isso hoje à cabeça. E também me veio esse número chutado/estimado, "37": será que Maio tem 30 ou 31 dias? Não sei... capaz de errar o countdown em 1 e chegaremos no negativo: "-30123123 milhões de dias!!" Sinal de que estou, evidentemente, atrasado... não tenho como esconder isso; admito ...dívidas e pecados... pago por eles...

Acredito que seja a hora de mudar as cores dessa situação, ou ao menos tentar. Impossível viver em dor diante de algo que só me trouxe coisas boas, diante de algo que só me fez crescer, diante de uma postura que admiro mais ainda depois da última interação.... se essa dor "me dói", é por que nela tento me levantar e ser uma pessoa melhor pr'os que me cercam, pr'o mundo.

Deixo de contar noites, agora conto dias. Preciso não temer a escuridão ao final deles... a escuridão, esta mesma, quando aparece, nos pega de surpresa a qualquer momento: vem, nos visita sem ser convidada, mas não marca o ciclo das coisas... ao menos não deve... não deveria marcar... O tempo passa como uma ampulheta, grão após grão a se acumular, marcar o tempo, e a dizer que sim: logo mais estarei entre os meus...terra brasilis.

É curioso - ao pensar nessa ampulheta simbólica - como o mesmo processo (dos grãozinhos de areia se empilhando em dunas) que parece ter levado tanto para acontecer em mim é agora o mesmo que marca e "supervisiona" a passagem vagarosa do tempo que me separa do lugar onde quero estar. A ansiedade dita a ordem do dia com sua corneta logo cedo: me ir daqui! Tento me controlar e aceitar... dentre tantas turbulentas-coisas a serem aceitas nesse momento. Vai ver por isso tenha mudado o nome da série: já não estou mais no Japão... saí daqui há tempos e já estou em trânsito...

Ontem, enquanto caminhava pro trabalho, me veio à cabeça um "a culpa é da pandemia... "... não durou 5 minutos e vi que não, que era uma quase-mentira na qual nem eu acreditava... meu peito comprimiu na hora... a culpa é minha... Ouvi hoje que a guerra na Europa está se acirrando, EUA se envolvendo mais e mais... Tento afugentar pensamentos relacionados da cabeça ... "calma, Rafaello... você vai voltar... teu barco já saiu do porto...", digo a mim mesmo.

A única coisa pela qual torço agora é poder tocar meus pés nas águas quentes onde um dia nadei.... voltar pra casa descalço depois da praia, inventar livros imaginários sobre coisas absurdas - e rir delas como se fossem as coisas mais reais do mundo, rir de mim mesmo,  brincar com meu sobrinho e vê-lo fazer teatro de dedinhos (e, praticamente dar um mosh no público no meio do "espetáculo", de tão empolgado que fica hahaha), entrar no mar com medo pra então ser acalmado por sereias que me levam pela mão a águas mais calmas, sentir de perto meu medo... medos alheios que se misturam aos meus... acolher, doar, dividir... crescer.... e comer muita tapioca ("mas claro, a gente passa na barraquinha de pastel antes" :) .

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