"Mas fico com o disco do Pixinguiha sim... o resto é teu."
Chico Buarque, "Trocando em miúdos.
Voltei hoje, cheguei de viagem. Dias longe, que me pareceram um refúgio momentâneo diante de tantas mudanças.
No caminho de volta a piada do motorista: "caramba... sagitariano com ascendente em aquário!". Confrontado pelo meu porquê, ouço "você vai ter um milhão de problemas pra se relacionar". Dito logo pra mim, discrente, cientificamente ouvindo tudo aquilo e não acreditando em nada, mas vendo o quanto fazia sentido "..porque você é uma alma livre, independente.." bla bla bla... parecia minha ex falando.. uma dissonância cognitiva gigantesca: o cérebro diz que não faz sentido, já os fatos recentes...
Será que foi isso que encheu a tarde de nuvens? Cheguei em casa... a marca do quadro que sumiu da parede, as caixas jogadas pelo chão da sala, a geladeira vazia me lembram de que tudo isso é presente, mas já é passado. Olho pra cozinha em silêncio, a porta da sala que não vai abrir para mais alguém chegando em casa... imagino que ela esteve aqui há quanto.... um dia? hoje cedo? ontem?! Diante dos olhos me passa um filme no qual vejo tudo o que poderia ter sido, o que não foi, o que tentei, os sorrisos, as brigas, as possibilidades frustradas, as risadas, os pés quentinhos no inverno, as discussões por coisas diminutas.
Me deparei com algumas fotos no celular; não deixo de observar um sorriso aqui, outro ali... me pergunto quando foi que realmente deixamos de sorrir um pro outro.
Não apaguei nenhuma ainda, mas acho que deveria.
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