sexta-feira, 3 de junho de 2022

2 dias entre o oriente e o ocidente: universalidades, ambiguidades, uprooting ++

 Está no fim… ou seria no começo? Não sei… vivo uma situação (outra?) tão ambígua e que me permite diversas perspectivas. Posso ficar a sofrer, chorando pitangas aos montes… ou olhar para o futuro deslumbrado com as possibilidades que este parece me trazer… que caminho escolher?

Fico meio puto de pensar que quase tudo que me aconteceu nesses últimos 3 anos se concretizou ou consolidou apenas nas últimas 3 semanas de Japão. Pqp, como assim, procurar emprego e receber uma oferta… será que não poderia ter acontecido antes? Ou algumas ideias que entraram no trabalho com o indiano - cacete, como não havia visto isso?… ou finalmente perceber que, mais uma vez, algumas vezes você terá que seguir sozinho e ninguém te encontrará no meio do caminho… Tudo parece ter demorado mais do que deveria… e me culpo ainda muito por toda essa demora (sim, eu sempre me achei devagar pra processar as coisas, embora não o seja pra agir, uma vez que as entenda). Ainda assim, tento aceitar melhor que, se chego na resolução que agora chego, é fruto de tantos meandros pelos quais caminhei. Sem dúvidas, se escolhi o caminho que sigo de agora em diante, muito se deve ao Japão, cultura tão afeita e confortável com a ambiguidade e dubiedade das coisas, com a maneira vaga como as ideias são distribuídas mundo a fora.

Termos gratidão e sermos gratos pelos percalços que passamos. Termos a esperança de que algumas coisas podem tanto afastar pessoas como uni-las, termos a convicção de que errar é parte integral do processo de acertar (e que os dois são indissociáveis)… viver pra se equilibrar numa corda bamba sem termos medo de cair dela. Saber mudar de rota, ter a humildade de aceitar outros trajetos que são tão certos (ou errados!) quanto os que traçamos pras nossas vidas… ter paciência…

Tokyo parece me receber de braços abertos…. ou me dizer tchau tentando acenar com mais clareza oque esses anos na Ásia significaram… Hoje é dia de tentar ver Hokusai… não muito esperançoso de que conseguirei… interessante olhar de perto alguém que conseguiu traduzir a estética japonesa pro ocidente e se comunicar com tanta gente de maneira a influencia-las (Van Gogh, por exemplo)… algumas linguagens são universais mesmo… matemática, por exemplo. Me lembro dos policiais abrindo minha mala na chegada ao Japão… “seno… cosheno”… todo mundo deslumbrado diante do livro de matemática que trazia na mala, como uma tabula cheia de hieróglifos Maias… quanta coisa mudou nesses anos, quanta coisa continua igual… e quanta coisa continuo ignorando… 

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