quarta-feira, 27 de abril de 2011

Semelhança e igualdade (divagação não matemática - sobre etnicidade)

Olha.. o vídeo de hoje é meio peconceituoso... mas eu vou colocá-lo aqui por conta do seguinte fato: ele exemplifica muito bem meu argumento (vcs verão e hão de me dar razão). Mas, acima de tudo, o vídeo é um desenho, com uma crítica política.

Então tá valendo =)

O ponto é que, eu estava, há muuuuuito tempo atrás, esperando pra fazer meu exame de proficiência na lingua do p..qdo comecei a trocar uma idéia com o pessoal na sala de espera. Um cara - não sei de onde - e uma chinesa.


[papo vai]
[papo vem]
[fala mal do clima]
[papo de elevador]

e o cara é chamado pra entrevista. Sobramos eu e a chinesa, que, depois de mais conversa me perguntou:

"-Whe p re p are p you p from?"

Aí eu falei

"-Bra p zil"


[espero que vcs entendam a lingua do p]
[eu sei, é complexa]



Aí ela falou (traduzido) um:


"- Wow.. I though  you  were  from Europe....actually,  all  of  you  are similar..  you  all  look  the  same"

Aí eu ri, mas não falei pra garota que, toda vez que eu vejo um filme do Kar Wai (sul coreano) eu me perco todo, por que o cara que morreu na cena passada parece ter sido assassinado por ele mesmo (com uma outra roupa)...e então, na cena seguinte, ele aparece (ou seria o cara que o matou?) com outra roupa, e o filme continua.

A cena abaixo é de um filme do Kar wai que eu curto muito ("in the mood for love"). A trilha sonora tbm é mto boa. Não sei como descrever o filme: as cenas parecem rolar numa velocidade mto particular: não há necessidade pra correr, parece que toda a informação está nos gestos dos atores. Aqui não tem aparece mta gente, mas já dá pra ter uma idéia



Bom, voltando... teve tbm uns dias (nossa...incontáveis vezes eu fiz isso) em que eu saí conversando com uma pessoa aqui pensando que era outra. Engatava naquela conversa  de elevador acadêmica (vou traduzir ):


" -porra.. a gte vai ter um exame mó foda  em duas semanas. Prof fdp..."

e o cara me dizia que não estava fazendo a matéria. Cheguei a perguntar uma vez pq que o cara estava assistindo a aula então, se ele não estava matriculado.


Ele me falou que não estava... eu ainda tive a coragem de dizer que tinha uma cara parecido com ele na minha sala....

...falei sem ser na maldade




Divirtam-se

6 comentários:

K & Cia. disse...

Agora, meu caro matemático, explique-me como o número de características levantadas pode ser inversamente proporcional à personificação? Ou, quando alguém diz que gosta de um cara pq tem olhos puxados, não é baixo, tem cabelos pretos, um monte de primos, come arroz, faz sapatos... o infeliz já não passa de uma sombra
?!?!?!

Rafael disse...

Não sei responder à tua pergunta.

Mas sinto que alguns seres - dentre tantos outros - são como uma sombra da vida que a gente leva... veja o exemplo em

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/906523-na-china-ipad-sai-de-complexo-semimilitar.shtml

Digo isso pq aqui todo mundo tem um ipad, um macbook, um nike. E um monte de gente tem um puta preconceito com os chineses que moram na cidade.

Todo mundo é igual quando não faz parte da nossa vida. Se o cara que montou seu ipod, ipad, havaianas que seja, é feliz ou não.. isso nao parece importar. E talvez seja algo que nao tenha como mudar....é como tentar colocar todas as variáveis possíveis num modelo: não dá certo (não estou dizendo se é o correto ou não)


Acho que falei falei e não expliqei bem.. enfim, qqr coisa eu tento adicionar mais coisa outro dia

K & Cia. disse...

Talvez...
1. acoplamos inúmeras características e funções a um objeto/pessoa para entendê-lo, conhecê-lo e até justificar um possível afeto ou desafeto.
2.passamos a conviver com essas características e funções e explicações e ficamos satisfeitos.
3.praticamente se esquece do que é a coisa em si.

Como o próprio computador, oras! A gente sabe para que ele serve e como nos é útil, mas nem sabemos o que de fato ele é. Como, por vezes, o marido ou a esposa - sabe no que é útil, se presta ou não...se fica melhor de cabelos longos ou curtos, se ronca, se troca as lâmpadas da casa, faz o IR... mas nem sabe mais o que ele de fato é.

É uma mania despercebida de descolar o "para que serve ou o que tem" do "ser". Aí, nada resta além de sombra.

Acho que este é o ponto central! Temos o descuidado de nos prender só à utilidade, à função das coisas e pessoas, o que as acaba despersonificando, tornando-as sombra.

Será que fui um pouquinho mais clara?

Rafael disse...

Caramba, se foi =)

Mto bom o comentário!Esse lance das coisas irem ganhando atributos mas irem virando sombra parece coisa de desenho.

Acho que o exemplo tbm, deu uma idéia melhor do que vc queria dizer. Talvez a gte já conviva com milhares de sombras ao nosos redor; mesmo coisas que a gte acredita que não são sombras (acho que reconhecer/admitir isso não deve ser fácil).

Juliana Brasil disse...

Rafa,
eu também adoro o Kar Wai!!! Nisso concordo com você, mas já não consigo confundir as personagens, sempre me envolvo tanto com elas... como dizem vocês, sempre acoplo tantas variáveis a estas personagens que elas imediatamente tornam-se únicos pra mim. Quanto ao vídeo “mon chinoi” não consigo concordar. Este é mais um de uma série que mostra um monte de “valores compartilhados” entre todos os chineses querendo sustentar que são todos iguais e bizarros (este fala do Japão http://www.youtube.com/watch?v=crgtOEpjbY0) . Acho até preconceituoso. Um olhar um pouco mais cuidadoso vai achar diferenças (lindas diferenças) entre esses que a princípio parecem iguais.

Rafael disse...

Oi, Ju

Realmente, há diferenças. Não há oque discutir neste ponto. Os indivíduos acabam entrando todos no mesmo pacote por conta de semelhanças físicas, que tornam possível essas generalizações/comentários preconceituosos/rotulações.
O que me pegou aqui foi a menina ter dito que nos acha todos parecidos ( os ocidentais). Ou seja, há uma natureza estética pra essa coisa: pra menina não há nada suficientemente forte que a faça distinguir o sujeito A do sujeito B - são todos ocidentais(!), isso que importa a ela.

O mon chinois pega todos esses fatores pra, além de ser preconceituoso, ser crítico. Ele faz isso de uma maneira mais velada, acho, reduzindo esses comentários a apenas um chinês que tem todos os hábitos que o "censo comum" diz que ele tem, ou deve ter: comer com hashi(?), andar de bicicleta, não ter irmãos (por conta da política do filho único)..bla bla bla, então fazendo uma séria crítica política. E é aí que mora a coisa toda: qdo vemos um povo apenas como um monte de gente parecida nós os despersonificamos: não importa oque eles vivem, como vivem, oque comem, se vivem numa ditadura. Eles são como títeres formando um grande bloco, e a visão macroscópica só nos permite ver o todo.
Agora, se a gente vê aquela sociedade analisando suas unidades (seus indivíduos) a coisa muda de figura: cada um tem uma cabeça/ universo, todos vivem seus próprios dramas, e o estado oprime a todos "igualmente" (sei lá se posso dizer isso ).

Vi o filminho que vc passou. Achei legal. Ele tbm faz esse paralelo entre o todo e suas pequenas partes, só que de maneira não crítica, mas informativa.

[isso é quase uma mecânica estatística do comportamento social =P]

Um programa que eu acho legal falando sobre a cultura alheia que, invariavelmente, vai passar pela peneira dos nossos valores culturais, é esse:

http://www.youtube.com/watch?v=I1C9tasK3uA

que é um pouco mais sincero ao usar o termo "o mundo segundo ...". Nossos valores pesam muito na hora de criticar, analisar e aceitar idéias novas. Espero que vc goste