terça-feira, 23 de junho de 2020

ποιέω/Poiesis

 ποιέω == Poiesis. O processo de criar, de fazer. Que deu origem à palavra poesia.

Existe poesia no criar? 

Tenho me perguntado bastante isso nesses dias. Diante de tantos momentos de dúvida, de incerteza, tento me apegar a farelos de confiança que encontro jogados aqui e ali ao longo do caminho. "Estou perto de um rio", "vejo uma pegada".... sigo, vejo e percebo: não caminho sozinho.

Talvez oque tenha sido mais curioso nesses últimos dias é perceber que o processo de criação pode ser um tanto louco, cheio de arroubos e relâmpagos e fagulhas. No entanto, uma parte importante do processo, e que pouco se discute se chama "protocolo": criar métodos pré-concebidos para lidar com o construir.

Como casas pré-fabricadas, mesas da ikea, manuais de instrução, protocolos são manuais para gerenciar o procedimento humanos: por onde seguir, como fazer passo a passo. Talvez, mais que isso, são manuais de registro para nos dizer como seguimos no passado, como fizemos. São um registro, e no registro se encontra um método, um pequeno resquício de extrair poesia daquilo que não damos atenção, de um ato que nos parece simples acaso, mas que no fim contém denso conteúdo, de infinita profundidade.

Poiesis. Poesia. Criar. Produzir. Protocolar. Repetir... Uma cadeia de coisas que se ligam, se sucedem, se interrompem, se interferem. Me pergunto onde está a lição de cada tropeço, de cada evento, de cada arquivo apagado que continha a resposta,  cada margem rabiscada de livro que resumia o conteúdo do livro em 2 linhas e poucas palavras. Protocolamos para criar melhor, ou criamos melhor quando protocolamos, quando sabemos extrair método do óbvio, ou quando conseguimos perceber que no óbvio mora o tropeço, o erro,  a disparidade e a assimetria.

[É isso por esses dias]
[Não tenho muito a falar. ]
[Esses dias de corona infelizmente estão consumindo minhas boas energias]
[... mas estou ok, e as coisas vão melhorar ]

 


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