domingo, 26 de janeiro de 2020

No olho do furacão (visita à antiga casa) - parte 5

Sabe oque talvez seja o mais estranho de estar aqui, de volta a um lugar que foi tão importante na minha formação como adulto? Sentir que faço e não faço parte disso: ando pelas festas e sinto o quão legais são,  suas teses, seus intentos, interagir, falar mais mil vezes sobre oque trabalho - e que tem pouquíssima relevância pra maioria delas, e no fundo, lá no fundo, achar tudo meio sem graça.

Uma coisa que é bem comum a mim é precisar de um tempo de repouso, um tempo de silêncio. Ohhh man.... I need a break! Sim, esse sou eu. Preciso de um pouco disso, de não terem que me forçar a interagir, a acharem algo sobre uma peça, a sentir algo pelo condutor da ópera e a maneira como ele rege, a pensar à respeito de qualquer coisa.

Das duas uma: ou eu sou um chato, ou eu estou cansado.

Sabe... acho que um pouco dos dois: esses dias têm sido bem intensos. Acima de tudo, sinto essa mistura de medos que parecem me percorre por debaixo da pele, em procurar aquele emprego que eu procurava ano passado e ainda não apareceu, em terminar meu artigo (cuja idéia foi bem recebida por aqui, felizmente). Me pergunto: pra que que eu vim? Talvez pra poder olhar pra tudo desde o começo, e poder tentar traçar o começo dessa jornada: ter ido ao Rio, depois pros EUA, e depois pra mini-apple, depois terra do sol nascente.... foi a mesma pessoa que percorreu todo esse caminho? Mesmo?

Reencontrei uma amiga de escalada, que não põe uma gota de álcool na boca por conta de drogas (das quais largou há anos). Me conta sobre o porque usava, por conta de uma visão muito negativa sobre si mesma, muita pressão pra sempre ser "melhor" de alguma maneira.
A ouço.
Ela me ouve.
E me diz: "- you have not changed much in that sense... you still have a very distorted view of yourself."

E saio da conversa de maneira não-euclidiana, refletindo sobre essa palavra/frase que tantas vezes ouvi - de amigos, de terapeutas - em que as linhas paralelas do meu pensamento parecem se encontrar mil vezes, se emaranhar, e se distorcer .... sendo, desde o começo, apenas paralelas.

Vir ver não ajudou de maneira alguma nisso. Ter vindo talvez não tenha tido um propósito 100% claro... Mas quem disso que era pra ter algum propósito? Quem disse que era pra ajudar?

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