domingo, 13 de julho de 2025

Licking my wounds #7 - flores, jardins e orquídeas

Passo na rua e converso com uma senhora jardineira que toma conta da pracinha. Conheço flores, variedades diversas do verde-roxo da folha que ora vem ao mundo de um jeito,’ora de outro. Penso na orquídea que hoje brota e marca um ponto baixo do relacionamento: uma amiga reativa me injuriando, pintando-me com cores que não mereço e posições que não sustento. Em suma, o cúmulo da ignorância e estupidez. Nos deu a flor que, por mais bela que seja, há de ser devolvida… me dói pensar nesse dia.


Volto pra casa, as milhares de caixas ainda fechadas, a parede ainda por receber demāos de tinta, tudo de pernas pro ar. A saúde, que parece debilitada e frágil, o possível princípio de pneumonia, as feridas na boca (preocupações?)… como pode, tanta vulnerabilidade, tanta fragilidade aflorando assim de repente? Pareço precisar de colo, de atenção… seria saudade? Seria a ausência?


Enquanto isso, as redes sociais acusam mais um vídeo de um final de semana feliz pós o fim. Evito assistir. Me pergunto se só eu tenho encarado e vivido esse fim, ou se é isso mesmo: todo dia a mais de rompimento é um grande dia, a ser celebrado com sol, fotos, sorrisos, tudo está bem, olha como estou feliz. Tento aceitar e ficar feliz em sabê-la bem… mas olho pra esse lado e penso que, agora, o melhor é nem olhar, ficar distante…. você quer bem, você deseja o bem, mas no momento você precisa se cuidar e somente isso. Ponto. 

A angústia, você pensa no quanto algumas palavras te machucaram, acusações de que a casa a dois não era uma casa a dois, a voz elevada ressaltando o esforço em mantermos uma vida junto e distante do trabalho dela (que logo após o término, soube, passou a procurar apartamento no mesmo bairro em que vivíamos!), as portas que foram batidas pra frisar a raiva, as humilhações públicas em filas de supermercado ou shoppings quando se tentava ajudar, a invocação da palavra da terapeu te “diagnosticando” dos quadros  mais disparatados possíveis…. tudo parece vir à tona, como uma tristeza-violência que fere,  uma memória de ferro em brasa que corta a carne e marca a alma à fundo. Você se pergunta o quanto amou pra deixar que as coisas chegassem onde chegaram, o quanto tentou e cedeu acreditando que o outro lado mudaria ou se abriria, cedendo aos seus esforços pra aplacar as diferenças abismais que se abriam entre os dois. Nessas horas todas as lembranças boas parecem evaporar da memória e só te sobra a dor, uma ferida aberta de ver o outro lado fingindo (ou não) que nada aconteceu, a aparente indiferença diante de tudo que você tentou e se esforçou para oferecer. Dói, dói, dói… e você não entende se tudo foi um engano, ou se você foi simplesmente ludibriado.

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