Ontem, logo cedo, tava precisado: uma dose de leve de Jorge Ben pra alegrar o dia. Coloquei, começa a tocar no random.... "o telefone, tocou novamente... fui atender e não era o meu amor"... afff... até você, Jorge?
Coincidentemente, ontem me vi deparado nessa questão do silêncio (da qual falei anteriormente). Oque me leva a ficar quieto? Oque me faz ser uma pessoa que não vai e liga ou envia uma mensagem, rompendo esse estado de luto?
Vai ver estou é esperando uma ligação... não, não vai vir.
[Rafa, você tem um "não" em mãos... me diseram há uns dias]
[... a frase ecoa na cabeça e reverbera na alma]
Ontem contemplei essa possibilidade-questão, o telefone aberto diante dos olhos, a útilma conversa monossilábica, cheia de "ok", "sim"... até que surgiu um Online que fez meu coração pular peito afora pela minha garganta, quase me matando em sufoco..
"-Caramba... isso não pode acontecer... é algo que é bom, não pode me fazer mal assim... ", digo a mim mesmo, assustado.... fico em desespero só de pensar que a última lembrança dessa relação será isso: esses dias sem ar, em angústia, ansiedade... Isso acaba me lembrando de uns experimentos (sobre os quais o Daneial Kahneman fala no livro dele) em que uma avaliação sobre o quão ruim uma experiência foi ser totalmente distorcida pelos últimos minutos dela. Coerentemente, fizeram o estudo com coisas relacionadas a dor em intervenções cirurgicas: se a dor é no final, a pessoa tende a achar que a intervenção foi horrível e invasiva; na direção oposta, se os últimos 10 min são de alívio, as pessoas tendem a achar que não, que não foi tão ruim assim....
Fico com medo, sabe... de nunca mais conseguir chegar perto (e vice versa)... injustiça... "só quero que reflita que nada que falaremos invalidará tudo de bom que já tivemos"... será que ela já sabia que esse processo aconteceria? Vai ver o mesmo acontece com ela... bate minha preocupação... não sei oque fazer... mensagem? Uma grande pena desse blog é a unilateralidade dele: parece que só eu sofro, só eu me fragmento, quando na verdade todos dóem.. "everybody hurts"...indeed... infelizmente, mais frequentemente que só às vezes.
Acho que não procuro por ter dado minha palavra. Respeitar, acima de tudo. A maior forma de amor por alguém é saber deixar essa pessoa ir quando é isso oque ela quer. O foda é que em geral eu desisto pra poder abrir passagem... mas não aconteceu nesse caso (não ainda). Não desisti... não esqueci... então, cabe a mim aguentar as consequências. Curioso que, em geral, quando isso acontece eu tendo a puxar o plug da tomada e tirar a energia disso. De certa forma, havia começado a fazer isso... mas... sei lá... algo me parou no meio do caminho-processo...não consegui/consigo desistir...
O dia acordou em anseio, pílula de Jorge Ben... toca a mesma música... dessa vez resolvo ir até o fim... vou lá, 5:30 AM, hora de correr pra entrevista...
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