sábado, 18 de junho de 2022

Terra Brasilis : tangled up in a huge mess & bureaucratic matters

"

...

And when finally the bottom fell out

I became withdrawn

The only thing I knew how to do

Was to keep on keepin’ on like a bird that flew

"

Tangled up in blue, Bob Dylan


Uma das coisas que talvez me peguem de maneira mais intensa numa transição é a ausência de estrutura: os dias nascem difusos, tudo parece orbitar em torno de poucas e essenciais pendências (procurar casa etc). Me lembra muito a sensação estranha de estar no Rio ou na mini-apple, tentando equilibrar pratos e vivendo de maneira transiente na casa de alguém ao mesmo tempo que tinha que procurar casa pra mim mesmo.

O começo é difícil... tento me lembrar disso, dizendo algo que me alente diante de tanta falta de sal, de sol, de céu, de cor, de mel, de piscina, de carinho. A vida parece seguir com propósito... uma versão brasileira de algo do qual falei anteriormente: se o Japão me "punia" com purposefullessness, o Brasil me acolheu em piada com um propósito-despropositado que só há de passar assim que algumas coisas cairem no seu lugar - casa, poder me exercitar, ter rotina, receber mimos etc etc. Tudo parece perto e longe de se estabelecer, embora saiba que tudo vai meio que acontecer ao mesmo tempo, pois um desencadeia o outro. Por agora, só me resta esperar com todo contentamento possível dispendido em sub-rotinas: levar um quadro pra emoldurar, pensar em como vai ser a casa, preencher formulários da empresa nova, receber ligações indevidas no meio da noite etc Eta vida besta, meu deus! 

De certa forma, algumas coisas parecem estar caindo no lugar, apesar de envoltas em incerteza: reestabeleço laços com amigos, família, descubro coisas boas em mim e neles, fico feliz de imaginar esses finais de semana entre os mesmos, me encho de afeto ao qual há tempos não tinha acesso, choro surpreso ao saber de sereias oniscientes que acompanhavam o diário de bordo ao longo dessa travessia, olho pro futuro com os olhos cheios de encantamento e sossego, vislumbrando aguas serenas envolta do meu barco que ruma a trópicos abundantes em mel, amor, flor, mãos dadas seladas em riso... Ó abelha rainha... faz de mim... e aproveita pra fazer zum zum na orelha, na janela, na sala, na escada....

[Salve Waly Salomão!]

Me equilibro na corda bamba da ansiedade levando nos ombros o enorme peso da incerteza, dando passos adiante enquanto tenho os olhos ofuscados pelo silêncio dos outros,  querendo abraçar tudo e me mostrar presente quando, na verdade e de maneira até irônica, a vida parece me testar em paciência e resiliência.

Nesses desandos, tentando entender qual é a maior distância que pode separa dois pontos tão próximos e que parecem se atrair, me deparei com algo que escrevi em Junho de 2015:


Sometimes we are too selfish and arrogant to realize that there is way more than ourselves, our pain, losses, failures or our confusion around. We forget that we are part of a whole and that we are just dust amidst all the beauty and peace that nature can give us. 
"Praise and blame, gain and loss, pleasure and sorrow, come and go like the wind. To be happy, rest like a giant tree in the midst of them all." (Buddha)


Tchau, pessoal. Vou lá.... ganhar o dia e agarrar o sol com a mão.

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