sábado, 28 de setembro de 2019

Direto da Terra do Sol Nascente #65: viajar e voltar pra casa

Estou de volta!!! Doente, mas de volta! 

Cheguei ontem e já fui direto pro trabalho. Meio com gripe, mas tudo bem. Ao longo do dia no entanto a gripe foi piorando e piorando. Deu 5 da tarde e eu estava no bico do corvo: cheguei em casa e fui direto pra cama, com febre, sem fome nem nada. Acordei várias vezes no meio da noite suado, febril, com a cabeça confusa. Levantei hoje cedo, o corpo doendo todo como se tivesse apanhado. Será que comi algo estranho?

Viajar,seu perrengues, voltar. Foi uma boa viagem, um bom momento para se ficar sozinho, esquecer de Whatsapp e da solidão enquanto no Japão, esquecer também sobre procurar emprego, sobre o atual emprego + annoying boss etc. Nestes dias passei muito, muito tempo sozinho (mas não em solidão, acredite-me), conheci pessoas legais também, vi mais uma vez o quão engraçado é interagir com pessoas mais novas, e como eu carrego minhas manias comigo, onde quer que vá.

Lembro-me de uma amiga que tem um hostel dizer uma vez que não tinha mais a menor paciência em conversar com os viajantes que ficavam no hostel dela. Eu bem entendo: o assunto viagem e lugares era onipresente em conversas, embora todos ali estavam viajando de um lugar pra outro, com meses ou semanas a mais ou a menos na estrada. Não conseguia me interessar muito, não via nada de novo nisso: contanto que pague e tenha tempo, você vai. Achei esse pensamento um pouco rabugento, e não o dividi com ninguém ao longo da viagem: talvez soasse hostil da minha parte dizer isso. Claro, queremos nos diferenciar dos outros de alguma maneira, nos sentirmos únicos por algo que fizemos. Será que só o fato de irmos (a uma viagem dessas) já nos diferencia dos outros? Não sei... acho que não.... talvez esta tenha sido a parte da viagem que me deixou mais confuso: por mais que eu estivesse ali, estava cercado por muita gente que considerava agradável, mas na sua grande maioria desinteressante. 

Apesar de tudo, houveram pontos altos, um momento em que senti honestidade e vulnerabilidade nos outros, algo que dificilmente vem à superfície nestas ocasiões: sentei com várias pessoas que estavam no mesmo hostel num bar, de onde brotou um paralelo entre nossas vidas. Uma senhora da Alemanha contou sobre o quase nervous breakdown que a levou a viajar pelo mundo depois de anos sem férias; a moça chinesa contou sobre a pressão familiar em ter que arrumar um emprego público quando na verdade ela queria fazer outra coisa (e o fez, no fim das contas); a moça da França contou como é morar perto dos pais, ter seus amigos de infância por perto, e ter saído de casa recentemente; eu, falando sobre voltar ao Brasil e me sentir um estrangeiro, por mais que goste de lá (algo que a alemã também falou sobre). Todos humanos, cada um com uma dor diferente, mas que de certa forma são universais. Viajar talvez seja isso: debaixo da superficialidade do ir pra ver algo,  do ficar ouvindo de outros viajantes milhares de histórias sobre lugares exóticos que você nunca pensou em visitar, há a possibilidade de uns 5 minutos onde as pessoas se mostram mais a fundo.

Outra coisa interessante foi ver a urbanização de Bangkok, que não acredito ter visto em lugar algum do mundo: um formigueiro que me lembra um pouco a Lapa no Rio, sem a violência e perigo desta última. Mais curioso foi sentir minha aversão inicial a cidade, que se transmutou em curiosidade e interesse ao longo de um dia de caminhada. Aprender a gostar de algo é realmente mágico :)  


No mais, entre escombros de um Raffaello que ainda se recumpera, sobrou este único desenho que fiz ao longo da viagem. 

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