domingo, 15 de setembro de 2019

As águas ralas e refrescantes... de ser você mesmo

Nunca perguntei isso pra ninguém, mas suponho que muita gente tem/"sofre" disso: andando na rua ou fazendo qualquer coisa, começo a pensar na minha vida como uma outra pessoa... um malabarista que viaja o mundo cuspindo fogo, ou como um violonista de flamenco fantástico, endoidecendo multidões e tocando por noites adentro com dançarinas e dançarinos de flamenco rodopiando e martelando o chão com suas pontadas de pé....


... até que nesse estado de torpor, regresso a mim mesmo e penso: "qual é....porque estou fazendo isso comigo mesmo?.....porque ficar me imaginando ser alguém que não sou? Qual é o problema em ser eu mesmo?"

Aí entro nesse redemoinho de começar a pensar se há algo na minha vida que me insatisfaz. E claro, sigo meus pensamento e não demoro muito em virar a esquina pra me deparar com um beco sem saída: há sim, diversas coisas que parecem me afligir e que gostaria que fossem diferentes.

É interessante pensar que, algumas vezes, essa "busca" por um novo caminho começa com esse processo a meu ver totalmente desconstrutivo e de auto-desmerecimento, em que reduzo minha existência a migalhas e fico em delírios imaginando que sou uma outra coisa: um domador de elefantes, um violonista de flamenco, um nadador de rios de longa distância... até que, a consciência, na verdade algo mais próximo de "mindfulness", me traz de volta e me diz que não, não é por aí. Cada uma dessas outras existências não é muito diferente da tua, com sofrimentos, alegrias, dificuldades... viver e ver a vida como uma delas só me daria uma perspectiva diferente das diversas coisas que esta vida (a minha) já me proporciona. 

No fim dessa estrada, láááá no fim, depois de muita terra batida, porteiras puladas, rios atravessados, chego sem fôlego e de joelhos a um riacho de gratidão, que mesmo com uma água fina e rala, se esforça em matar minha sede.


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