quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quelônio-errôneo-errante ( cartoonizado)

[Um amigo me relembrou dessa estória durante uma viagem de carro em Mallorca]
[Havia pensado inicialmente em fazer uma camiseta sobre essa história,]
[mas como estou dando uma desanimada de desenhar camisetas, acabei só desenhando no meu caderninho mesmo]
[Os desenhos foram feito durante o atraso do meu vôo Eua- Brasil.]
[Eu reli o post do quelônio errante, do qual nem me lembrava, e fiquei rindo sozinho]
[Os risos me motivaram a desenhar/ilustrar a estória, como vcs verão abaixo]
[Eu vou colocar aqui oque escrevi na época pra acompanhar os desenhos]



É fato, velho e sabido pelos habitantes do mundo afora, que algo não cheira bem no reino da polinésia francesa.

Por este e tantos motivos, seus habitantes, como muitos outros animais, de lá têm saído para procurar novos lares (para não dizer novos ares, o que nos levaria ao mesmo ponto de antes - na linha de baixo apenas). Diante de tais proposições, à princípio descabidas, admito, mas que fazem sentido, devo me explicar para que o leitor, no aconhchego do seu lar quentinho nos trópicos,  posso me entender. Tudo começou na última manhã de domingo, quando eu, o sr R, fui ao mercado comprar frutas e verduras.


Interlúdio: Essa é uma história verídica
Interlúdio #2 : tirei essa introdução dos programas policiais norte-americanos..eles adoram isso =)


Manh
ã de  domingo - 12 de setembro de 2010 - Itapopoca - Indiana - U.S.
Saí para fazer a acima mencionada compra do lar. Não sei se posso chamá-la "do lar", pq a compra só diz repeito à mim. Eu, por mim mesmo, não constituo um lar... e o indiano que mora aqui em casa não é bem o que eu chamo...tá...voltando... eu estava indo de bicicleta pro mercado que considero o melhor de todos para os produtos vegetais que crescem nas prateleiras. Lá fui eu, com a minha bicicleta vermelho-preta com uma "caixa de cerveja" na garupa (não se trata bem de uma caixa de cerveja, mas é parecido..qdo tiver uma foto eu posto aqui). Desci a rua na manhã fria de Itapopoca de maneira veloz, de maneira que o vento gelado, de tão gelado, quase arrancou-me o nariz. De fato, o arrancou, mas eu tinha outro no bolso e coloquei no lugar.

Segui viagem. A sabedoria dos amigos que andam pelo mundo me fez virar à esquerda no fim da descida, e assim eu encontrei o/um atalho. Isso iria fazer toda a diferença...pois isso me levou a encontrar o que adiante eu vou descrever.

Peguei o atalho de maneira sensata, sem grandes arroubos sobre a minha bicicleta. Não poderia bater de frente com o vento, pois não haviam mais narizes no meu bolso caso eu perdesse o que eu tinha no vento gelado. Fui, cauteloso e sensato...até chegar na 10th street. Lá, como de costume, pedalei, como nunca pedalei antes..mentira, como pedalo sempre: até encontrar o farol fechado.




Parei na grande esquina da 10th com aquela outra rua gigante que nunca lembro o nome. Mas é enorme, e já parece uma estrada, pois nos arredores não tem quase nada (além de uma loja estranha que nunca vi aberta e a linha do trem.








Olho para o alto e vejo o sol, que me importuna. Sol que importuna os que andam pelo mundo..queria eu estar do lado de dentro do carro que ao meu lado estava. Sob o sol somos diferentes, mas sob o farol, os mesmos: os dos parados, esperando o farol abrir. Eu, no frio que virou calor repentino de Itapopoca; e o dono do carro no ar condicionado da Hiunday, esta de algum lugar do mundo (da China, provavelmente).







Olho para a continuação da estrada que terei que percorrer. Subida grande.

"PQP...merda de subida..."



[Inventaram a bicicleta com marcha, ma nada que substitua minhas pernas para que elas não tenham que fazer este trabalho todo]

Olho mais atentamente.. o sol me ofusca a vista. Apesar disso, vejo algo se movendo no asfalto, logo depois da rodovia que cruza com a avenida que espero para atravessar (maldito farol).

[Deve ser um esquilo (um que não foi morto pelos moradores de Itapopoca que têm licença para caçá-los)]

Farol verde.

Sigo adiante, enquanto o dono do carro ao lado vira à esquerda ou direita.. de forma que não segue na mesma estrada que eu, que pedalo então sozinho e resignado, em direção ao desconhecido....que de perto, já não é tão desconhecido..





"CARALEO!!! UM QUELÔNEO!!!!!"



Disse isso bem alto...mentira..não disse isso porque não tenho certeza do que é um quelônio...Mas o som teria sido agradável, por que soa bem..
CARALEO < QUELONEO < QUADRADO < PERITÔNEO < NEURÔNIO

Disse, isso sim:

"CARALEO!!! UMA TARTARUGA!!!!!"

Não sabia o que fazer diante do meu espanto... ela estava atravessando a rua, com o pescoção esticado. E parecia que estava se esforçando para atravessar a pista rápido. Não sei como ela havia conseguido chegar quase ao meio da pista sem ter sido atropelada, por que a outra faixa estava completamente movimentada: não parava de passar carros.









Joguei a bicicleta no acostamento, e parei pra ver se algum carro vinha ao encontro da pobre tartaruga ( e de mim, que tentava fazer algo por ela).

[Nenhum..não na minha, ops, faixa dela]










Corri em direção a ela e pensei:

[puts..será que morde?]


"Bom, foda-se!"










E peguei o bicho pelo casco. Foi engraçado, por que ela se escondeu na hora.. fez até um barulhinho

[puffffff][.....]




como se fosse uma almofada que alguém senta em cima... fiquei rindo sozinho. Ela ia ficar ali, no meio da pista, dentro da casa dela? Eu hein...se eu já acho viver em Itapopoca complicado, que o diga morar numa casa, no meio de uma faixa numa estrada, com um monte de carros passando. Levei ela até um gramado enorme que havia no mesmo lado que eu havia deixado a bicicleta. Ela, ainda escondida dentro de casa (provavelmente estudando meus movimentos pelo olho mágico que deve haver no casco); eu, rindo de todos estes artifícios dela para fingir que todos sairam pra jantar, volte outro dia.









E então segui, deixando a tartaruga para trás. Mas a dúvida veio ao meu encalço (acho que ela pulou dentro da minha cesta de cerveja): porque eu não a ajudei a atravessar a pista? Será que eu fiz certo em tê-la colocado do mesmo lado que ela havia começado?





Uma merda isso de ter consciência.. e isso que eu tenho pouca perante os meus atos e comportamentos. Fui pro mercado pensando no quanto o bicho deveria me odiar pelo que eu fiz.






E se ela tinha marcado com um tartarugo do outro lado da pista e, no meio da viagem, eu cheguei pra atrapalhar? Caramba, o tartarugo pode ter ficado puto com a demora dela (já que ela teria que atravessar metade da pista de novo) e foi embora. Vai que ela estava tentando um suicídio e eu, no alto do meu altruísmo, estraguei o seu intento.








Estas e tantas outras perguntas coerentes passaram pela minha cabeça enquanto estava no caminho do mercado, no mercado, e na volta do mercado... ao menos até o cruzamento, já que voltei pelo mesmo caminho que fiz.








Nenhum sinal da tartaruga.
Nenhum rastro na pista.
Nem de pneus,
Nem de casco,
Nem de casa/casco.






Então parei no cruzamento, olhei pra minha cestinha de cerveja na garupa e falei:

"Consciência, vc está muito pesada. Desce agora, nesta mesma esquina que te encontrei"











Se ela desceu da cestinha ou permaneceu escondida, eu não sei dizer a vocês.
Mas não podia deixar de lhes contar essa história.















ps: na polinésia francesa, presumo, deve haver muita tartaruga. E no geral, as tartarugas devem sair de lá por que os franceses comem elas ( e os caramujos tbm).





ps2: a polinésia francesa deve ser francesa mesmo, por que se fosse minha eu ia colocar "polinésia do Rafa, aquele menino legal do carnaval"
ps3: qual o nome da sua polinésia? Ela tem programa pro próximo sábado à noite já? =P




[ps4: há um adendo ao post do quelônio errante aqui, ó]

sábado, 15 de dezembro de 2012

O relógio parou ( ou "migração em prosa")

A tarde que não passa traz no céu um monte de pássaros que já migram pro sul tbm. Me acordam e me fazem lembrar do que é fugir do frio, do que é ir atrás do calor, do que é voltar, do que é casa, do que é estar longe, do que é vir pra perto, do que é criar asas pra voar pelo mundo... voltar para os meus, comer pão de queijo, pão de mel, assistir filme dublado... Recentemente, acabei por filmar alguns, ao ser acordado logo pela manhã pela barulheira que eles faziam nas árvores à frente da minha janela



Assistia muito isso quando era criança e sempre achava curioso os desenhos falarem desses pássaros. Acho que ainda não me dava conta do tamanho do mundo (que, muitas vezes, também pode parecer pequeno).






Consulto o relógio mesmo... parece que o tempo não passa ( isso me lembra dessa musica dos mutantes)



É estranho mesmo: os dias parecem se estender infinitamente, minhansiedadilatando um tanto, fermenta minhalma, e fervura, fervuro. Teletrasportar-me assim iria, antes gostaria, de ir pra lá, terra brasilis... ao mesmo tempo que é uma coisa tão esperada é tbm como um ...sei lá... melhor eu parar com isso e ir arrumar minha mala




sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"Concretismo"

Nessa mesma semana dois grandes artistas brasileiros faleceram: Décio Pignatari e Oscar Niemeyer: o primeiro era um dos pais do movimento concretista, enquanto o último tinha no concreto sua matéria-prima favorita.


Quando li sobre o falecimento do Décio me lembrei de uma música do grande Gilberto Mendes, em que ele musicou um de seus poemas ( abaixo)



Nem sei muito oque dizer sobre esses dois, que tanto brincaram com a forma. Dois grandes pensadores que farão muita falta para o país. Posso até discordar da falta de verde do Niemeyer na maioria das vezes; mas não há como negar que o apelo estético de suas obras e a maneira como lidou com as curvas é algo que poucos arquitetos/artistas (arquitetistas?) fizeram com tanta destreza. 





[Por falar em arquitetura, este vídeo, aparentemente, foi gravado na belíssima Sala São Paulo]




terça-feira, 27 de novembro de 2012

Atama yama (ou "como lidar com os cabelos brancos")



[Atama Yama, by Koji Yamamura]

 Desde que cheguei aqui nessa terra distante eles  começaram a aparecer discretamente: no começo era unzinho ali, mais ao lado, depois um conjunto deles, um bando, como se quisessem se fazer notados. Éééé.... meus poucos cabelos brancos chegaram e ficam aqui, engraçados, perdidos no meio de um monte de fios pretos.
Curioso é a capacidade que eles tem de se fazer notar, por que são meio desengonçados, crescem meio de qualquer jeito... destrambelhados, sem rumo, sem cor, sem nada

Abri mão de tentar tirá-los há um tempo.... pra que?

[Essa coisa de me olhar na frente do espelho e encontrar um fiozinho branco sempre me fez lembrar desse filme do Atama Yama]
[A narrativa dele é muito "peculiar", digamos]
[Acho que não há nada parecido aqui dentre os desenhos que já postei]
[Acho que vocês vão curtir]




quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sobre criatividade ( talvez sobre a falta de), trabalho puxado etc


Ira Glass on Storytelling from David Shiyang Liu on Vimeo.

[Acho que se trata de uma gravação de um programa de rádio]
[Ao que parece este Ira Glass tem um]
[acho esse texto/discurso muito interessante ...]
[...e motivante]

sábado, 10 de novembro de 2012

1984 + estudo em vermelho para um monstro que vive no espelho

Ontem cheguei em casa e...nada de mais: os livros ainda jogados em cima da minha mesa, as roupas desdobradas que a correria da semana me "proíbe" de deixar arrumadas amontoadas em cima da cama. Até que eu percebi algo diferente: minha cortina não estava no lugar, e sim em cima da minha mesa. "-Alguém esteve aqui."  Olhei pra janela que, há mais ou menos uma semana, constatara ser feita de plástico e não de vidro, e vi que havia sido trocada. A mesa, percebi então, não estava na sua posição correta, mas sim um pouco fora do lugar. Oque mais havia sido mudado?

Na hora me lembrei de um trecho do 1984. Melhor começar explicando o contexto: um cara vive numa sociedade mais que totalitária, onde cada casa possui algo que, em português, foi traduzido como teletela- um aparelho que registra oque você faz em casa, como uma câmera. Teoricamente há pessoas analizando/assistindo/observandounvindo os dados que são coletados. Esse cara ( que não me lembro o nome agora), tem uma fagulha de pensamento libertário e começa a registrar num diário oque pensa. Como ele deixa o diário em casa e tem medo que alguém entre e leia oque ele escreve, ele sai de casa e deixa o diário numa gaveta, não sem antes deixar um grãozinho de areia em cima da capa do livro. Quando ele volta, verifica sempre se o grãozinho está lá.

Bom, como vc deve ter imaginado, isso não impede que o diário seja lido por agentes do Estado sem que ele perceba =/  É, pessoal... assim que me senti ontem.

Lembrei-me também que preciso terminar os desenhos pros monstros que vão habitar o espelho do banheiro; algo que, inicialmente, tinha um significado, ganhou outro - ou melhor, mais um: meus monstros seriam como carrancas a me proteger desses maus espíritos que tentam entrar aqui na casa branca. Ainda não fiz muitos esboços; alguns deles estão abaixo.

[A bem da verdade, eu queria era adicionar um vídeo do Koji Yamamura chamado " A child's metaphysics", que é muito bom]
[Infelizmente não o encontrei um que desse prum "embedding"  aqui =/ ]
[Mas nesse site tem, ó]



[A começar pelo último, um estudo em vermelho pro monstro do espelho]




[Este mais ficou parecendo um cachorro =P ]
[Foi um dos primeiros que fiz]









[Este me veio durante uma aula muito chata sobre covering spaces/maps... ]
[A professora havia feito uma figura que era como uma espiral se projetando num círculo - como uma sombra]




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

[312]



      Há dias em que cada pessoa que encontro, e, ainda mais, as pessoas habituais do meu convívio forçado e quotidiano, assumem aspectos de símbolos, e, ou isolados ou ligando-se, formam uma escrita poética ou oculta, descritiva em sombras da minha vida. O escritório torna-se-me uma página com palavras de gente; a rua é um livro; as palavras trocadas  com os usuais, os desabituais que encontro, são dizeres para que me falta o dicionário mas não de todo o entendimento. Falam, exprimem, porém não é de si que falam, nem a si que exprimem; são palavras, disse, e não mostram, deixam transparecer. Mas, na minha visão crepuscular, só vagamente distingo o que essas vidraças súbitas, reveladas na superfície das coisas, admitem do interior que velam e revelam. Entendo sem conhecimento, como um cego a quem falem de cores.

     Passando às vezes na rua, ouço trechos de conversas íntimas, e quase todas são da outra mulher, do outro homem, do rapaz da terceira ou da amante daquele. Levo comigo, só de ouvir estas sombras de discurso humano que é afinal o tudo em que se ocupam a maioria das vidas conscientes, um tédio de nojo, uma angústia de exílio entre aranhas e a consciência súbita do meu amarfanhamento entre  gente real; a condenação de ser vizinho igual, perante o senhorio e o sítio, dos outros inquilinos do aglomerado, espreitando com nojo, por entre as grades traseiras do armazém da loja, o lixo alheio que se entulha à chuva no saguão  que é a minha vida.

[Extraído no modo random de "O livro do desassossego", Fernando Pessoa]



terça-feira, 2 de outubro de 2012

A arte da guerra - definições estratégicas ( diante de um toy model: as drosófilas)


Aconteceu no começo da semana passada: estava no centro médico da universidade qdo, dentre os mil panfletos que estavam numa prateleira - meningite, tpm, dor de cabeça, sinusite etc- havia um escrito:

" Tudo oque vc deveria saber sobre dsts"

(doenças sexualmente transmissíveis). Nele, havia uma frase: "como evitar dsts". Logo abaixo, vinha escrito

i) não faça sexo;
ii) tenha somente um(a) parceiro(a) fixo(a) e use preservativo.

Estranhamente - admito - pensei no drama pelo qual a casa branca passa agora: as drosófilas, vulgarmente conhecidas como "mosquitinho da banana". Numa tragada de ar junto com uma reflexão profunda, ponderei: a chave para me livrar delas seria parar de comprar bananas =P Achei isso bem digno da filosofia "política externa norte-americana". Mas não, não era ali que estava a solução para as minhas mazelas. Por sorte, uma luz me veio mais tarde, nesta mesma semana; mencionaram numa conversa, nunca havia lido, apesar de já ter ouvido falar:

[bla bla bla]

...a arte da guerra...

[bla bla bla]

"

Decidi lê-lo. E me parece que a coisa toda é um guia de estratégia militar, que tem sido usado no século atual para guiar altos executivos em suas carreiras, pessoas procurando conquistar o mundo etc. Não sou um alto executivo, nem um grande matemático hahaha mas resolvi usar o livro para coisas "menores": dar cabo desses meus inimigos voadores. Enfim....não sei bem como elas chegaram neste lar, mas sei que elas adoram as bananas orgânicas que eu trago do supermercado nos finais de semana. Veio então a primeira pergunta: porque logo as bananas, e não as beterrabas ou os kiwis, ou...?







Isso se dá por que as bananas estão longe da perfeição humana (oque não deixa de ser sorte delas), não podendo assim espantar as moscas que lhes perturbam por terem braços curtos e, acima de tudo, serem um tanto vesgas.










Resolvi começar esta batalha lendo o prefácio do livro e lendo na wikipedia um pouco mais sobre este inseto horrível que tanto me perturba... mas o prefácio do livro era muito grande e resolvi logo começar a guerra de vez já no capítulo 1, no qual encontrei estas sábias palavras ( que, por sinal, acabaram nuns post-its colados pela minha casa):

Leadership is a matter of intelligence, trustworthness, humaneness, courage and sternness.

Reliance on intelligence alone results in rebelliousness. Exercise of humaneness alone results in weakness. Fixation on trust results in folly. Dependence on the strength of courage results in violence. Excessive sternness of command results in cruelty.
 
Achei as palavras acimas incrívelmente interessantes e bonitas. Outros aspectos - um tanto mais práticos, digamos -  também são discutidos neste capítulo.  Procurei me ater a eles para começar a batalha. Certamente,  como líder e soldado num exército de um homem só não tenho que me preocupar com alguns aspectos do que é dito no livro, mas pude depreender de partes como

A military operation involves deception. Even though you are competent, appear to be incompetent. Though effective, appear to be innefective.

que talvez eu tenha que despistá-las...talvez comprando mais bananas e deixando-as beeem maduras  na fruteira. Há outras igualmente interessantes, mas não tenho muito tempo pra postá-las aqui agora.

Que merda...acho melhor ler este capítulo de novo. Quando chegar no seguinte eu envio um relato pra vocês, queridos leitores, diretamente do front.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Foggy

Amanheci aFOGado em névoa

Não faz sol lá fora...

... mas pelo menos não chove aqui dentro


[Isso me veio à cabeça enquanto voltava da piscina agora cedo...]
[Acho incrível como o nosso corpo sente forte a falta de luminosidade dos dias de (quase)inverno,]
[em como a gente absorve esse estado nublado do mundo]

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Relembrando Stravinsky



Já tive meus dias de Stravinsky: de ficar ouvindo suas peças aos montes, de curtir isso e só isso. Parei tem um bom tempo já. De qualquer maneira, ficou a admiração pelo trabalho dele e pela pessoa que ele me pareceu ser: lembro-me de ler um livro de conversas dele com o Robert Craft (que era como que um secretário dele, até citado no filme acima) onde o último, depois de questionar o Stravinsky sobre a música contemporânea (daquela época, oque significa  Stockhausen  ) se ele não achava que aquela nova geração estaria indo longe demais, no sentido de perder a razão no que faz... uma juventude perdida!!, assim digamos. Aí o Stravinsky diz meio que " eu quero que eles façam isso mesmo. Já fui jovem e a geração anterior à minha não queria/fazia questão de me entender. Nós, de uma geração anterior, sempre vamos querer colocar o que vivemos numa redoma intocável, onde oque fizemos, vivemos e fomos foi o melhor de tudo..."


[Uma peça do Stockhausen]

Fiquei extremamente admirado com a sobriedade dessas palavras. Penso no meu caso, como brasileiro e, acima de tudo, cidadão do mundo:  ficaria muito feliz se não tivesse que deixar um mundo de merda pras gerações que estão vindo por aí - guerras santas ( e não santas), poluição crescente, obesidade em níveis altíssimos, Celso Russomano quase prefeito de São Paulo, ódio por muçulmanos, ódio por norte-americanos, homofobia, xenofobia, McDonalds tendo lucros crescentes ano a ano etc

Vou parar por aqui ...e ir fazer uma sopa. Vejam o filme; ao menos o comecinho, quando o Juliam Bream encontra o Stravinsky e toca um alaúde pra este último ouvir. Linda mesmo essa parte.

sábado, 15 de setembro de 2012

Grief ( ou "abraço chinês")

Eu não gosto muito de fazer desse blog um diário explícito do que vivo passo (ou do que passa por mim), mas ontem aconteceu algo que não foi muito comum e tem muito a ver com essa coisa toda de morar longe de tudo e todos por muito tempo, de fazer um doutorado num lugar onde não só estudar se precisa, mas dar aula, ou corrigir mil listas de exercícios chatas pra cacete etc ( bem diferente dos padrões CNpQ, no Brasil)


No final da aula da manhã uma colega chinesa vira pra trás da carteira dela, olha pra mim com um olhar desesperado e me diz: " -I need your help". Na hora percebi o quão mal ela estava. Perguntei se era questão de ir com ela ao hospital da universidade. Não... ela não estava doente; só precisava de ajuda pra ir até a sala dela. Saí andando na frente com minha mala e a dela nas costas, mas qdo percebi ela estava lá atrás:  não conseguia andar direito. Voltei e ela segurou no meu braço. E ela fazia isso com um desespero de uma criança com medo de escuro. Na hora percebi a proporção da coisa toda, mas não sabia bem oque fazer.

No meio da escada paramos, ela começou a chorar muito... ficamos ali mais uns minutos até que ela pudesse andar de novo. Seguimos um andar, dois andares.. e chegamos ao escritório. Ela se sentou e começou a me contar que recebera a notícia do falecimento do avô naquela manhã, logo antes da aula. Agora, com o semestre já começado, ela não pode voltar pra china para o funeral, oque dói mais ainda nela. "-Há quantos anos você não o via?"

"- Desde
[lágrima]
que vim
[lágrima]
pra cá"

[lágrimas +  lágrimas]
[Oque significa 4 anos]

Tentei confortá-la dizendo o quanto é difícil mesmo essa situação de ficar longe dos nossos. Contei meu caso de crise no império americano, como foi difícil levar isso "sozinho", distante de amigos e família, de como foi o processo de luto ( grief) pra mim, diante das perdas que estava vivenciando. Ela pareceu um pouco mais calma, mas logo começou a me contar a história dela, cheia de choro nos olhos, olhando para o chão. Na verdade, os dois olhando para o chão, cheio de rascunhos matemáticos, cada um em uma cadeira.

Ficava olhando pro sapato dela, no qual estava escrito " he loves me now", e onde tinha uma margarida sem uma pétala. Pensei no quão contraditório era aquilo, pruma chinesa que com 99% de certeza nunca deu um beijo em alguém. Ela continuava falando do avô, da distância, do fato de não ter voltado à China em quatro anos... Logo era eu que estava chorando também, pensando em como seria difícil perder minha mãe ou algo parecido. Ficamos lá, cada um no seu mundo/lugar, chorando sua própria tristeza. Passou-se um tempo e, além de muitas outras coisas, falei: "- Vá pra casa e chore o que vc quer/tem que chorar. Respeite-se... respeite a sua dor" ....

[falei isso por que ela é uma workaholic do caraleo]

Levantei-me, precisava ir embora. Segurei nas mãos dela dizendo " passo na sua sala mais tarde pra ver se vc está bem... não fique assim: vc tem amigos aqui, não se esqueça disso".. Aí os olhos dela se encheram de água de novo, enquanto ela segurava minhas mãos cheia de " -thank you,...thank you...". Aí eu dei um abraço nela (acho que ela não esperava por isso), ela continuou chorando (mais ainda... como uma chuva que começa a cair mais e mais forte). Saí da sala...e segui pra um dia de trabalho escravo corrigindo provas. Precisava ligar pra minha mãe pra pedir pra ela ficar bem sempre.... como quando eu era criança e me deixava na escola: eu, com medo de que ela me esquecesse lá e não me viesse buscar na saída por algum motivo: ela me esquecer, ela encontrar uma criança menos bagunceira no supermercado...sei lá. Peguei o telefone... mas não liguei... não queria assustá-la. Guardei minha angústia acreditando que ela sempre vai estar lá pra mim.


[Acordei com essa música na cabeça]
[me perdoem pelo vídeo... não tenho mais como adicioná-los em tamanho pequeno]



[mas enfim: acordei com essa música na cabeça]
[na qual vejo uma descrição de luto]
[...onde se chega a um estado de quase nada... só lama e escuridão... e no qual pensamos se é possível trocar tudo isso por alegria de novo: um céu azul pela nossa dor, nossas cinzas por árvores, o ar quente que nos asfixia por uma brisa fresquinha...]
[embora nada disso vá trazer a pessoa que se foi - não necessariamente por ter morrido - de volta]
[Vai ver eu sou mais um que entendi essa música erradamente... vai saber?]



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Uma cabeça cheia de coisas - a ampliação cerebral (parte II)



[Continuando o post Uma cabeça cheia de coisas - a ampliação cerebral (parte I) ]







A porta de sua sala se fechou antes que eu pudesse terminar minha frase.

Não sei...esse médico é muito estranho... vai ver ele também tem coisas demais na cabeça










Durante o jantar contei à senhora minha esposa e às crianças





"- Papai vai fazer uma cirurgia?", perguntou o caçula. "- Nada certo ainda, meu filho...é provável que sim".

Minha esposa me olhou irritada: " - por que vc não coloca um implante pra aumentar aquilo que você tem em falta?"...e levantou nervosa, batendo portas.

As crianças não entenderam nada ....(acho)











[Sem idéia de como terminar isso ainda]
[No entanto, pra uma camiseta  eu tenho uma idéia...]
[...talvez a implemente, não sei ainda]

domingo, 9 de setembro de 2012

Uma cabeça cheia de coisas - a ampliação cerebral (parte I)











Só mesmo indo ao médico para resolver o problema: tinha coisas demais na cabeça.




O médico só me olhava com desdém enquanto eu falava. Ao acabar de lhe explicar minha situação e expor minha aflição, ele me disse, calmo, pausadamente: " Então.... o senhor já pensou em ampliar a sua cabeça?"






Por alguns segundos achei que não tivesse ouvido aquilo, que fora um tanto despropositádo, sem sentido, sem porém, sem nada... levantei-me e falei rispidamente: "- Claro!!! Vamos aproveitar e contruir uma adega no porão e mais um cômodo na lage!!!" Peguei meu chapéiu e saí pela rua, desbaratinado, com a cabeça ainda cheia de coisas.
 Mas não consegui esquecer oque me fora dito por aquele médico; tentei dormir, mas suas palavras ecoavam pela minha cabeça, espremidas entre as então muitas coisas que já andavam por lá.



Marquei uma ouitra consulta. Se fosse o caso, só ouviria, diria que não, e sairia, dessa vez mais polidamente.

A consulta seguiu como sempre: o médico olhou para meis olhos (ou será que olhava para a minha cabeça? )dizendo: "- Veja bem, senhor Rafaello.."


[mãos do médico gesticulando um "veja bem.."]


Eu não entendi muito bem como o procedimento se daria; haveria uma "pequena alteração" ma minha aparência, segundo ele.

[expansor cerebral]



Perguntei então se haveria alguma outra opção...


Então o doutor, segurando uma risada, me disse: "- Nosso designers já planejaram tudo, após anos e anos de trabalho duro e muitos testes...
Além do que, o senhor pareceria uma tartaruga com este expansor às costas"





Um pequeno silêncio se seguiu. O médio me olhava com aqueles dedos inquieros "veja bem, sehor Rafaello" novamente


Disse lhe então que pensaria no assunto em breve, não sem antes consultar minha esposa
Antes de sair da sala, já do outro lado da porta, virei-me e disse: "só mais uma pergunta". O pequeno doutor arregalou os olhos e se esticou na ponta dos  pés para me ouvir.
" - ... o senhor falou em testes.... em quem e como eles foram feitos? O senhor conhece algum site onde eu possa ler mais à resp..."











[termino de postar depois...]
[..preciso ir lavar roupa]

domingo, 2 de setembro de 2012

Pr'os dias chuvosos e vazios

Ééééé meus amigos... o blog volta à ativa meio vazio de tudo: de significado,  de sentido ( pra não perder o costume), de rumo  e de conteúdo.

Não há muito oque se fazer nesses dias mortos ao que parece. Não há o certo, não há o errado...só fica aquele vazio murmurando na sua barriga, te despreenchendo, te descompletando, roubando a continuidade dos pensamentos e a pouca luz do dia que consegue atravessar as gotas da chuva.

Vou voltar pra esses referenciais não inerciais aqui... mas deixo um Bach pra vocês




domingo, 26 de agosto de 2012

Em cima do muro

Talvez a grande vantagem de se ficar em cima de um muro seja poder tomar conta do seu jardim enquanto se observa o quintal do vizinho. No entanto, perde-se o comprometimento que um pé no chão, sujo de terra e lama, insiste em manter com o mundo: o da estabilidade. Desta maneira, enquanto sobre o muro, tem-se uma visão mais abrangente dos arredores, embora um lapso de atençao e lá se vão equilíbrio e corpo; quando no chão, te falta um pouco da vista, mas isso se ganha em....

[fragmento de pensamento coletado entre um bar e minha casa no meio da noite, cansado de sono logo cedo]

domingo, 19 de agosto de 2012

Logo pela manhã ...


mesmo assim
te quis
mesmo sabendo
que ia te querer
ficar querendo
e pedir bis

Paulo Leminski - do "Caprichos e relaxos"

=)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Daquilo que vai pelo ralo


[Estava escovando os dentes quando olhei pra baixo e vi essas crianças ]
[umas conversando, outras sorrindo, ou ainda fantasiadas de pirata...]
 [...como se fossem um "monstro" com mil cabeças]

[A foto da esquerda não está com uma qualidade muito boa;]
[se der eu arrumo isso em breve...assim que a internet chegar à casa branca,]
[i.e., minha nova casa =) ]

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A chairy tale ( ou "sobre gambás e coisas que insistem em não querer ser oque são")

   
     Hoje acordei muito cedo pra ir nadar... peguei a bicicleta molhada pela água da chuva que passou pela cidade no meio da noite enquanto eu dormia, coloquei meus pisca-piscas (plural disso é?), capacete, e saí pela manhã ainda noite.

O encontro como visto da lua
     Pedalei um pouco quando, no final de uma subida, vi um ser ao longe, beeem pequenininho, andando pela calçada. Aí o bicho resolveu atravessar a rua justo na hora em que eu passava.... diminuí a pedalada com medo de assustar o pequeno ser.  Olhei sua faixa nas costas, olhei a faixa na pista...e tive medo de que viesse algum carro atrapalhar aquele momento;  por sorte, carro algum veio.  Já no meio da pista, o gambá atravessando a rua e eu pedalando quase parando..o gambazinho vira pra trás, pára, e olha pra mim bravo: eu deveria parar, ficar longe dele. E assim o fiz, me sentindo achacado pelo pobre animal; ele (ou ela) me olhou por uns 12, 23 segundos, ameaçou... olhou... e virou as costas pra atravessar a rua e seguir pra encontrar seus amigos ( num starbucks, probably...esses americanos tsc tsc)

     Pq eu estou escrevendo isso? Bom... acho que isso me fez pensar na hora que seria incrível uma rua que não pudesse ser atravessada, ou uma cidade onde não se pudesse viver. Parece não fazer sentido, né? Bom, digo isso por ter vindo à cabeça um vídeo do Norman Mclaren com o Ravi Shankar no qual há uma cadeira que não quer que sentem nela. Ou seja, a cadeira perde sua funcionalidade por não querer ser usada?


A Chairy Tale by Claude Jutra & by Norman McLaren,  National Film Board of Canada

     Engraçado - pra não dizer besta - imaginar que as coisas nascem com uma função: que bocas nascem para cantar, beijar e comer, que canções nasçam para serem cantadas, que teoremas nasçam para serem provados, que vidas se criem para serem vividas e ruas para serem atravessadas.  


     A tempo: essa história me lembra o "causo" do quelôneo errante, que me foi rememorada por um amigo durante uma viagem.


[Último post na casa do meu amigo (que tem internet)]
[Sexta feira está chegando, não vou mais conseguir postar nada tão cedo...]
[...boas ou más notícias... espero que boas]

terça-feira, 7 de agosto de 2012

[Pause]


Land of the Heads by Claude Barras & by Cédric Louis,  National Film Board of Canada



[Nada melhor que um bom filminho nos dias tensos pré exame de qualificação]

[ps: também serve pra vcs verem que agradar uma mulher é difícil em qualquer cultura =P ]


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Por ser necessário (...)

Este 
blog 
está 
dando 
um 
tempo*


*por tempo limitado. Consulte-nos a partir de 17 de Agosto de 2012


[vou deixar uma música fossa pra vcs se sentirem meio desolados...]
[... um tanto sem rumo]


sexta-feira, 20 de julho de 2012

O confete, a serpentina e a resignação












Chega carnaval, passa carnaval, e a serpentina sempre no mesmo dilema:
apesar de gostar muito do confete,
morre de medo de aceitar o convite deste último para sair.



















Sabe no entanto que, na vida, nunca vai encontrar um "serpentino",
por que serpentinos não existem... nem em contos de fadas.









Então ela se corrói toda por dentro... digo, por um dos lados de sua fita,
por saber que nunca vai ser abraçada por alguém tão grande... 
e de uma maneira tão forte como na época em que ela era toda enroladinha.





Por que quando sai da caixa, a serpentina se demonstra longa, loooooooooooooooooooooooooooonga, mas tão longa quanto as maiores distâncias que separam dois pontos do globo: não há braço suficiente para tanto abraço, para tanto tamanho!












E chora resignada por gostar de um ser tão pequenininho que, 
por ser só um confete, 
nunca realizará o seu sonho:
de levar um beijo na boca e ganhar carinho nos pés ao mesmo tempo 

=)





domingo, 15 de julho de 2012

(França-2012 )




[Os desenhos "franceses" são mais conceituais ]
[Talvez por ter sido uma parte da viagem particularmente difícil, ainda que bonita]

(Cassis)
Mamac  (Nice)


(Marseille)

Uma placa- Angústia ( Toulon)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

"Danada" ( Espanha - 2012)




Casa Batló - Gaudí ( Barcelona)

Fundação Joan Miró ( Barcelona)

Ventana- La sagrada Familia - Gaudí ( Barcelona)


Varandais - as roupas secando no varal são como folhas de árvores coloridas, que caem qdo
secam (Barcelona) 




Detalhe de uma igreja no bairro gótico (Barcelona)

Plaza de Catalunya ( Barcelona)

Calla-pi abstrato ( Mallorca)

Pôr do Sol em Es Trenc ( Mallorca)

Debaixo de uma árvore no parque - Palácio de Cristal  ( Madrid)