sábado, 16 de fevereiro de 2013

Prelúdio de um recesso ( ou "I'm not bullet proof")


[Antes de começar eu lhe darei duas opções:]
[i) uma canção com  um fundo melancólico ou]
[ii) uma outra, com uma letra "relativamente" melancólica mas  num ritmo de samba]

[ No entanto  eu vou fazer disso uma escolha aleatória: ]
[cada um dos links abaixo se refere às canções acima;]
[ você deve escolher A ou B]
[( como matrix - pílula azul ou vermelha),]
[ e então ler o post ouvindo a música que tocar]


A - Vermelho                           B - Azul


Caríssimos leitores,

sei que vcs, se existirem, são poucos. O fato é o seguinte: estou precisando dar uma parada. O blog já tem 3 anos de idade ( já há muito deixou de engatinhar ) e desde o primeiro post - em agosto de 2009 - muita coisa coisa mudou de lugar nesse meu mundo. Estou precisando parar pra me colocar no lugar: ando me sentindo meio vazio, sem inspiração e sentindo uma certa urgência em tomar conta de mim. Sei que às vezes - ao menos pra mim -  quanto mais a gente vê uma coisa mais a gente gosta dela =/.... espero que o blog não lhes deixe órfãos por muito tempo.... acho que lá pro começo de abril eu estarei de volta. 

[quem sabe?]
[...mas acho muito provável]

Deixo aqui minhas recomendações dos posts que acho bastante representativos e, em particular, gosto muito.

*Desenhos/cartoons:

Úmida manhã ou pr'os dias de chuva: um dos desenhos mais bonitos que eu já vi, que tem um significado lindo ( a depender de como e quem o assiste). Pra mim ele é cheio de significado. O post em si, de pouco antes de vir pr'os eua, foi feito depois de ter  chovido a noite toda; acordei pela manhã, olhei pela janela da sala e vi que a rua onde eu morava havia virado um lago. A luz acabou logo depois de ter postado, então voltei a dormir pra tentar fugir do mundo que caia lá fora. Ainda guardo a sensação daquela manhã, o cheiro de umidade e tristeza daqueles dias, a sensação de refúgio que eu, por sorte, tinha naquele momento ( muitos desabrigados naqueles dias).

*Histórias/contos/causos:

Quelônio-errôneo-errante e Quelônio-errôneo-errante ( versão com desenhos): fiz logo  que cheguei nos eua. Reencontrei o post recentemente, depois de terem me lembrado da história, e resolvi adicionar uns desenhos a ele.

O incrível caso do misterioso desaparecimento da lasanha foi um post inacreditável depois de uma noite muito engraçada na lapa em que terminei indo dormir na casa de um grande amigo de infância. Chegando lá, com aquela fome que bate na madrugada, fomos comer alguma coisa, colocamos uma lasanha no microondas e depois de alguns minutos, após o sinal de "pronto" do microondas, o abrimos e.... ( melhor vcs lerem )

A menina que comeu o cabide foi uma história que uma matemática amigona - colega de trabalho, que também estudou no mesmo instituto onde estudei - me contou sobre a infância dela (ela me contou isso quando eu morava do Rio, pouco antes de terminar o doutorado e regressar ao Chile ). Pena que na época não desenhava, por que realmente daria uma história e tanto.

*Desenhos que eu fiz ( em viagens etc)

Danada- Espanha - 2012 e "Dessa coisa que mete medo... pela sua grandeza" : resultado de uma viagem incrível na qual eu, dentre muitas coisas, revi amigos e descobri de novo oque é estar de bem com a vida e comigo mesmo. Os dois têm nome de música; o segundo uma música do Caetano que representou bem o clima do final da viagem ( tristeza^{ \infty}, voltar pra casa "sem nada" depois de todos aqueles dias etc etc).

Daquilo que vai pelo ralo: momentos psicodélicos ao escovar os dentes.


*Não categorizáveis ( meio poema, meio história, meio...):

O confete e a serpentina: "poeminha" metafórico feito pra uma menina que eu gostava um monte. 

No próximo verão ( ou "Let me stand next to your fire"):  outro post pra mesma menina, só que num momento de saudade desenfreada e sofrida. A inspiração que veio de um fato "curioso": minha bicicleta ter ficado presa na neve com o cadeado congelado. 

Well...essencialmente é isso. Nos vemos em breve ( abril, certo?).

Já saudade, abraços e beijos,

Rafaello

B, 16 de fevereiro de 2013


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Uma perspectiva sobre o otimismo






























[Incrível como o branco da neve contrasta com o cinza enegrecido que parece se incrustar na alma das pessoas durante o inverno] 

Tirei essa foto numa manhã em que havia nevado e eu, consequentemente, não estava lá de muito bom humor. Fui pegar minha bicicleta bem puto, chutando pedras ( de neve algumas), as mãos fora das luvas chegando a quase congelar, mas como não havia outra forma de tirar o cadeado da bicicleta... enfim: olho pro chão e vejo essa pegada sorrindo pra mim, otimista. 

"... talvez isso tudo seja só questão de perspectiva..."



Depois de escrever as linhas acima eu comecei a observar o quão estranho é andar pelas ruas daqui durante o inverno e ver um monte de pegadas pelo chão. Parece que o lugar guarda um pouco da pessoa que esteve por ali ( curioso como, se vc anda numa rua no verão isso nem se passa pela sua cabeça). Pensei isso por ter ouvido de pelo menos duas pessoas um " - vc é louco andando de bicicleta neste frio!!" ( estava -10 ºC, oque não é pouco). Aí eu andava pela cidade e, de quando em vez eu via umas marcas de pneu de bicicleta em alguma calçada ou coisa do tipo. 

"- Não estou sozinho!!", pensava eu. 

Mas o curioso é que essa paisagem te faz se sentir muito sozinho; talvez seja por que, por mais pegadas que vc veja no meio da neve, elas são estáticas e não representam pessoas: só algo que, em algum momento, passou por ali.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Abuelas ( y abuelos)

Infelizmente não guardo muitas histórias sobre a minha avó, mas tenho muito apreço pelas histórias dos meus amigos e pelo tempo que pude passar ao lado das suas avós ( e avôs).

Hoje encontrei esse filminho muuuuito legal com uma história muito boa. Espero que vcs gostem


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O flamingo e o coelho

Ao olhar pra baixo já se podia perceber: os rios estavam todos congelados. Ele voava, voava e voava... talvez com mais intensidade por querer se afastar daquilo, que mais lhe pareciam artérias coaguladas.

 " -Embora rios congelados não morram... ou seria como morrer e desmorrer logo mais?", disse em voz alta.

O coelho pensava/refletia enquanto voava. Suas asas recém adquiridas podiam lhe levar longe e lhe fazer voar alto. De qualquer maneira, depois de tanta distância, achou melhor se quedar no alto de uma montanha para um breve descanso.

[Barulho de pouso de coelho]
[Como os coelhos em geral não voam e não têm asas, imagine um ser bem estabanado tentando pousar]


O coelho pousa e se senta ao pé de uma árvore. Ouve um barulho ao longe de algo que caminha em sua direção. 


[Um flamingo...]
[ ... um flamingo vermelho, muito vermelho]


"
- Quem diria que te encontraria por aqui - disse o coelho."

"
- Não é?" - disse o flamingo. "- E vejo que agora você também tem asas!!"


[Risos]

[Os dois se abraçam, como velhos amigos que parecem ser]

"
- Péraí..." - diz o coelho


[O coelho cospe nos pés do flamingo]
[O flamingo, ri desenfradamente]
[Passam-se alguns longos segundos-quase minuto  - em pleno riso]


"
- Ai ai...pelo visto você não mudou nada. Bem sabe que o seu cuspe me queima a pele."

" Ihhh é... me desculpe, " diz o coelho.

" - Que é isso, Eu até gosto. Soubesse eu cuspir sairia cuspindo em todo mundo que vejo lá embaixo enquanto vôo."


[Os dois riem novamente]
[...como antes, por alguns bons segundos-quase-minuto(s)]


"-Entããão... até mais!! ...", diz o coelho

"-Inté", diz o flamingo

O coelho sai em vôo - estabanadamente, como quando do pouso - enquanto o flamingo o observa de longe até que ele suma de sua vista. O flamingo s
uspira... olha os arredores, olha pra copa das árvores e todos os seus verdes ... olha o céu azul com suas poucas nuvens... e diz em voz alta: 

"- Acho que vou à pé" 

E segue andando calmamente por uma trilha no meio da mata.



sábado, 19 de janeiro de 2013

Mar sem fim e isótopos de saudade

Toda vez que eu viajo pro Brasil eu venho aqui e posto algo. Dessa vez não havia nada muito "relevante" para ser dito: sempre é aquela dor de ir sozinho pro aeroporto e ficar lá na sala de embarque com meus isótopos de saudade com meia vida infinita...saudade que parece não arrefecer um palmo mesmo depois de mais uma visita.

Uma coisa que sempre me passa pela cabeça é "como foi que eu tive coragem de fazer isso"? Me admiro por ter vindo sem saber direito pra onde estava indo (só sabendo o nome de duas pessoas com as quais deveria falar: meu então orientador e a secretária do departamento de matemática).

Por estes dias uma amiga recomendou este documentário do Amyr Klink, do qual posto o trecho que acho mais incrível, que descreve muito bem oque se passa comigo quando penso no assunto.




Espero que vocês curtam =)

[postarei o link pro documentário nos comentários]

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Candelária - Terra Brasilis 2012/2013 - Rio de Janeiro




Esse desenho foi meio por acaso: havia ido ao centro do Rio pra ver uma exposição no CCBB - RJ. Cheguei cedo para não pegar a puta fila que sempre se formava quando me deparei com essa igreja ( da Candelária) que havia visto umas poucas vezes. Acho que dá pra imaginar o fim da história... fiquei lá, desenhando e perdi a exposição; oque era pra ter sido um desenho rápido me tomou quase uma hora... entrei numa "bolha " e qdo vi já era tarde: uma baita fila já tinha se formado.

Fiquei lá,  em frente a essa igreja que é históricamente bem emblemática pra nós brasileiros - na década de 90 houve um massacre de crianças de rua nas suas escadarias - pensando sobre essa chacina, sobre como a nossa sociedade rejeitexclui alguns de seus segmentos/grupos, sobre o papél da igreja católica e mais e mais coisas numa profusão de idéias e sensações meio estranha...acima de tudo, eu estava tentando focar no meu desenho... de quando em quando passava um morador de rua doidinho dizendo "legal...legal"  e fazendo um joinha pra mim  ( que eu respondia com um outro joinha, claro =), enquanto eu ficava lá, respirando aquele ar densespesso do verão carioca e rememorava toda essa história - nem um pouco legal - que a minha geração parece ter esquecido.

Foi um tanto desconfortável ficar ali: depois de um tempo eu estava meio fatigado/meio consumido por conta do desenho... aí desisti de continuá-lo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Terra Brasilis 2012/2013 - Rio de Janeiro ( "let it grow")




Como eu havia começado a dizer num dos posts anteriores... oque acreditava ser uma "red tree" era na verdade uma espécie de dandelion ( dente-de-leão). O desenhei ouvindo uma música linda do renaissance chamada "let it grow"



meio contrariado, por que até então parecia que as coisas estavam mais num clima "let it die" do que pra um "let it grow" : felizmente as coisas mudaram totalmente  de figura depois disso e o restante da estadia no Rio foi lindo =) 
Lutei bravamente pra dar uma idéia de movimento pr´os little dandelions (são como pétalas ou sementes, ou é algo meio fractal mesmo? ),  pensando então nos cabelos de uma mulher que corria contra o vento ou até num fluido se mexendo; neste caso - o ar se movendo ao redor da flor - procurei (possivelmente em vão hahaha) algo como oque os matemáticos/físicos/engenheiros chamam "von Karman vortex street". No entanto, a folha onde desenhei era muito pequena quando comparada às minhas muitas intenções: o desenho acabou por não mostrar nenhum desses aspectos... que, uma pena, ainda estão aqui, presos na minha mente e esperando por um outro desenho.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Terra Brasilis 2012/2013 - São Paulo (parte II)







Esse desenho é meio diferente dos demais (exceto pelo da "árvore vermelha"), pois não foi feito num estilo "contemplativo"; o fiz depois de interagir com  bêbados cantando num bar em uma noite meio-com-chuva-meio-sem-chuva numa esquina suja e um pouco escura dessa cidade de São Paulo. No começo eu estava bem reticente em estar ali, mas depois apertei o foda-se e comecei a cantar as músicas também ( as que eu sabia..que eram poucas), além de levar um "preta pretinha" no violão acompanhado daquele coro que, surpreendentemente, era bem afinado.

Não me represento no desenho, embora o devesse ter feito: me sentia uma ovelha no meio de lobos... talvez não seja bem essa a idéia, por que essa metáfora denotaria um quê de "pureza" no meio de algo impuro; não era o caso....acho que era mais um desconforto por estar ali e que, de uma certa maneira, deu uma amainada por conta da minha boa vontade.... não sem deixar de existir ( oque, acredito, seria impossível)... o contraste nos ensina muito... sair da zona de conforto pra sabermos quem somos, pra nos reafirmarmos, nos conhecermos melhor.  Esse foi um pequeno caso, mas foi interessante: cheguei em casa e, rindo sozinho, desenhei esses cachorros/lobos uivando/cantando no que poderia ser uma chuva , apesar dos poucos traços/gotas.



Terra Brasilis 2012/2013 - São Paulo (parte I)

Cada um desses desenhos tem uma história. Eu os fiz durante essas férias de dezembro 2012 - janeiro 2013  no Brasil. Esses, particularmente, em São Paulo, "my hometown".


Fiz isso enquanto esperava minha irmã no CCBB de São Paulo. O desenho foi em grande parte inspirado num livrinho do Shaun Tan chamado " The red tree". Mais adiante eu falo mais sobre isso



Sentei com a minha mãe no vale do Anhangabaú depois de um passeio pelo centro da cidade. Depois da viagem à Europa eu percebi que desenhar é muito desgastante pra quem está por perto, esperando. A paciência da minha mãe diante do meu silêncio foi algo realmente admirável... acho que só a felicidade em estarmos próximos já valia: nem precisávamos de muitas palavras ( embora eu tenha ficado incomodado por deixá-la à minha espera)

[Registro do comentário de amigos que viram o desenho: "-Ótimo desenho, rapaz! Você soube explorar muito bem São Paulo, por meio do pinguim na parte inferior central da
imagem... rsrsrs. Abraço! ]







Era pra ter sido um outro desenho, feito do alto do viaduto do chá, mas a chuva me pegou (nos pegou, na verdade - minha mãe mais uma vez estava ao meu lado) no começo de tudo. Ao me proteger da chuva acabei ficando perto do teatro municipal de São Paulo que é um prédio com uma arquitetura linda (se não me engano, foi fortemente inspirado num teatro na Europa). De onde estávamos eu conseguia ver esses anjos pegando chuva.

[A mão esquerda do anjo da esquerda - espero que isso não soe feio rsrs - foi realmente complicada: ele demonstra uma espécie de aversão/horro/negação a algo com a mão espalmada. Por sorte os traços sairam do jeito que eu queria]

[ Além disso, o mesmo anjo segura algo que de longe não dá pra ver direito: não sabia se era um adaga, uma faca, uma espada. Acho que vocês deveriam ir lá pra ver...]

[The part that was really beyond any drawing technique, perhaps the most beautiful one, was the rain falling gently and slowly in the square right in front of the theatre, while the angels were there, completely ignoring our worries, our umbrellas... ]

























Uma árvore liiiinda - uma figueira centenária - que fica atrás da Pinacoteca do Estado, na região da Estação da Luz. O parque é lindo, apesar da intensa deterioração que os arredores passaram por décadas ( no entanto, me parece que as coisas estão progredindo um pouco... talvez não muito no aspecto social, infelizmente). A árvore é tão imponente e bonita que sentar debaixo dos seus galhos traz uma paz muito grande. Ao que me lembre, dizem que foi debaixo de uma dessas que Buddha encontrou a iluminação - com um monte de meditação, claro =)

Logo depois disso começou uma puta chuva e eu resolvi entrar na Pinacoteca.


[Registro do comentário de amigos que viram o desenho:" -  tem um cachorro pulando da arvore na cabeça do cara sentado "]



Tentei registrar um pedaço de um chafariz que a Niki - uma artista francesa - fez pra pinacoteca. Como havia muita gente por perto e o objetivo do desenho não era retratar a fonte/chafariz, acabei por o deixar incompleto. 
Neste ponto a chuva havia dado um arrefecida: já dava pra voltar pra casa.