Mas, continuando de onde paramos: oque torna uma palavra aceitável, menos aceitável, ou mais aceitável que outra? Oque faz nos empolgarmos com uma palavras, ao mesmo tempo que preterimos outras que não nos empolgam... ou até nos "desanimam"?
Tem uns meses já que isso me veio à cabeça: por que o sexo é tão diferente de intimidade...ou intimidade auditiva...ou ainda, só com a fala, você saber explorar os desejos da outra pessoa? Fiquei pensando, pensando, e comecei a lembrar desse "dirty talking". Me lembrei de como, anos atrás, me era dificílimo me abrir a isso. Muito, muito. Essa "intimidade", de me arriscar a dizer algo que não se sabe muito bem em que terreno há de cair: bem aceito(?) ou mal interepretado?... É realmente uma aula que, formalmente, ninguém tem (ou mesmo discute).
Claro, diferentes pessoas aceitam e praticam "dirty talking" de maneiras diferentes. Acima de tudo, cada relação é um universo em si só: podemos levar muito bem tal brincadeira com um parceiro(a), mas não com outra pessoa.
Quando comecei a pensar nisso, pensei: como será que duas pessoas "mapeariam" esse terreno tão pantanoso? Aí imaginei um diagrama em 2D. Um eixo contem "arousal", excitação, e o outro contém aceitação.
Poderíamos começar com umas palavras exemplo. Como "safado". Safado é uma palavra cuja empregabilidade é múltipla: num contexto político, denota roubo, num contexto de briga, indica que um lado fez algo que o outro considera inaceitável, num contexto mais caliente... hummm depende do casal. Talvez o colocasse assim: positivamente aceito, e empolgável/excitável.
Há pessoas que aceitam palavras com conotação infantil. "docinho", "meu bebê". Essas coisas. eu possuo aceitação Ok:difícilmente pararia a encenação toda com um "corta!!!" e sairia do quarto hahaha Mas não, não me empolga.
Mais exemplo, coisas que não devem excitar alguém "at all": perguntarem teu número de passaporte. É uma pergunta ok, não é repugnável, mas... empolga? Acho que não... e soa tão estranho que você começa a se perguntar se a pessoa é louca. "E se eu estiver correndo algum risco?" ou perguntas do tipo podem passar pela cabeça, oque faz com que a palavra ranqueie mal em excitabilidade e, por mais indefesa que soasse em outro contexto, beira ao inaceitável.
Cada casal, acredito, tem uma topografia própria (e adoraria ouvir de amigos sobre o assunto, mas acho que tal conversa não seria muito confortável pra maioria). Dessa forma, existem coisas que podem ser difíceis de colocar nesse mapa, como coisas que vêm de contextos ou estórias particulares, ou coisas engraçadas, que remetem a outros contextos. Pode ser algo como o nome de uma fruta (não, nunca aconteceu comigo rsrsrs) ou um termo engraçado, como "bonitezo", ou "meu bombeiro" (caso bombeiros te empolguem).
Há também aquelas palavras que são parecidas, mas não são iguais. Por exeplo: penetrar, introduzir, meter; segundo um dicionário, talvez sim, mas para uma pessoa, talvez não. Coloco aqui como lilustração as palavras "puto" e "safado"...são iguais? Interessantemente, me soam diferentes. "Puto" me remete a estar bravo: "- Estou puto contigo!", ou a prostituição, sexo por interesse ou dinheiro (com todo respeito ao trabalho de prostituto(a)s). Há tanta conotação negativa atrelada à palavra, que ela acaba bem lá embaixo, inaceitável/repugnável, e não excitável.
Esse post, como muito desse blog, é de uma contribuição científica única para a humanidade...talvez até mude o status do meu trabalho: de não essencial, para essencial... ou mesmo "quase essencial"? Não sei.... mas o fiz pensando em debatê-lo, querendo discutí-lo, querendo saber de duas pessoas mapeando/descobrindo juntas as topografias dos seus diagramas de aceitação/excitação.
Se você estiver passando essa quarentena em par (oque (in)felizmente, não é meu caso), talvez seja uma boa diversão.
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