sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

No olho do furacão (visita à antiga casa) - parte 2

Sabe oque é engraçado de visitar os eua e vir numa conferência? Me sentir meio peixe fora d'água. Ok, ok, vim logo num evento que nada tem a ver com minha área, apesar de uma técnica aqui e ali ser aproveitável. Mas no todo é isso mesmo: mesmo no que faço sou um pouco "outsider".

Curioso isso, porque na vida me sinto um estrangeiro. No meu país me sinto um estrangeiro. No meu trabalho me sinto meio isolado.E quando vou em busca de um evento onde me sinto mais em casa, me sinto perdido.

Que coisa, não? 

É curioso isso, pois recentemente (digamos, há uns meses) eu tive um momento meio catártico, em que virei a mesa, e disse pra mim mesmo que não trabalharia mais com ninguém que não sentisse remar o barco na mesma direção ou com o mesmo entusiasmo. 

That's it, babe: resolução de 2020 antes mesmo de 2020 pousar na Terra. 

Outra coisa interessante dessa vida aqui é sentir essa vida "fake plastic tree" norte americana: onde a manga não tem gosto de manga, o mamão não tem gosto de mamão, as árvores foram desenhadas no autocad, e as focas domesticadas que visitam a praia não são mais animais e sim animais hooked-on-junk-food.

A vida aqui tem um gosto estranho.... 

...um gosto estranho de vida estranha. De comida estranha... de gente estranha....

Recentemente, após livro do Kahnelman, li sobre um experimento que diz que pessoas que são lembradas sobre dinheiro (por imagens, ou sugestionadas de alguma outra forma a lembrar sobre dinheiro) exibem traços mais evidentes de egoísmo. E, como era de se imaginar, todo o tempo, toda imagem, é dinheiro: 
- teu acidente de uber é dinheiro pra um lawyer que é especialista em pegar dinheiro de gente que sofre acidente
- teu parking está comendo teus quarters enquanto você respira
- o donut da esquina, é mais barato e vem mais
- a música alta no restaurante te dá uma sensação de academia de ginástica, em que a vida segue no 220V, assim como teu trabalho, teus amores, teu salário, teus amigos, teu coração, e tudo tudo mais

Não sei se onde morava era muito diferente disso... me lembro de lá de uma maneira diferente, não como L.A... mas posso muito bem estar enganado.

Será que eu vivia numa bolha, fake-bolha, fake-food, fake-everything, e nunca percebera?

 

Nenhum comentário: