Pqp.... estava dormindo, depois de ter acordado cedão hj... aí me acordaram (roomates ..) na sequência: telefone pra mim. Odeio ser acordado assim, no meio de um sono tão tranquilo e sereno
afff...to me recuperando ainda, me perdôem
Meu coração se sentiu como a mudança de andamento que há no concerto italiano... o dia nublado (tarde - 0:00), depois vai pro momento do sono (calmaria --> friozinho --> chuva - 4:10), seguido da acordada brusca por uma mão estranha (telefone --> batida na porta -->cérebro embaçado e confuso: 7:19)
....pior é que nem consigo voltar a dormir; tenho uma cidade da qual me despedir, passar a noite de sexta dormindo é besteira.
"Since I had nowhere permanent to stay, I had no interest whatever in keeping treasures, and since I was empty-handed, I had no fear of being robbed on the way" [Matsuo Bashô , The records of a travel-worn Satchel]
sexta-feira, 16 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Limpeza da caixa d'água e dedetização
Odeio sair pra comprar tênis. É eu me acostumar com uma marca, um modelo que na próxima compra eu descubro que ele não existe mais.
Pareceu-me um deja vu hoje: não sei porque resolvi ter um blog... agora estou no mesmo dilema de qual design eu uso... o que eu achava legal, de um vitral, é muito pesado, o navegador fica mto lerdo.
Leitores, mandem-me seus feedbacks!! Sem ele eu não sei o que é o "melhor" a se fazer
ps: este post é um post interno, só entre nós =)
ps2: é sério!!! Como aqueles avisos que ficam nos elevadores dos edifícios pelo mundo afora, comunicando que vai faltar água por que vão limpar a caixa, desratização da garagem... etc
Pareceu-me um deja vu hoje: não sei porque resolvi ter um blog... agora estou no mesmo dilema de qual design eu uso... o que eu achava legal, de um vitral, é muito pesado, o navegador fica mto lerdo.
Leitores, mandem-me seus feedbacks!! Sem ele eu não sei o que é o "melhor" a se fazer
ps: este post é um post interno, só entre nós =)
ps2: é sério!!! Como aqueles avisos que ficam nos elevadores dos edifícios pelo mundo afora, comunicando que vai faltar água por que vão limpar a caixa, desratização da garagem... etc
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Caminhos sem rumo
Nem sei por que damos o nome de caminho àquilo que não tem rumo, como fiz no título do post. Pode-se, óbviamente, chamar de caminho a um trajeto. Mas ele não é na verdade um caminho, pois os caminhos sem rumo só podem ser percorridos uma única vez; nem seus próprios autores saberiam refazê-los .
Comum ouvir as pessoas dizerem que a adolescência é uma fase difícil, que pessoas nessa idade não sabem o que querem. Parece-me na verdade que as pessoas na minha idade sabem muito menos sobre elas mesmas, e se andam, andam por que o que vem atrás lhes empurra; segue-se adiante, em muitos casos, aos tropeços, sem nunca se ter certeza de nada.
(Es)forço-me sempre (par)a me entender e tentar entender os sinais que brotam de mim, mas sempre é compliado se saber para onde se virar, para onde nadar, para onde correr quando começa a chuva.
É nessas que eu vejo o quanto nós somos vulneráveis. Somos todos pó, todos poeira, somos todos grãos de areia. E seja um pequeno monte, ou uma duna, todos somos suscetíveis à ação do vento. Alguns se deixam levar mais facilmente até, e acabam ou acabarão fazendo aquilo que não querem, ou os deixariam mais felizes; todos podem sofrer desse mal....
...eu estou dizendo tudo isso, andando em círculos e tudo mais só pra dizer que acho que as pessoas no geral não vivem pra buscar a felicidade. Não mesmo. Ok ok, não vou entrar no mérito do que é felicidade aqui: alguns querem casar e ter 50 filhos, outros querem ficar fazendo matemática e não olhar pros lados (como o Paul Erdös... não é o meu caso =) O fato é que já dá pra ver nos olhos de alguns o medo da solidão, de ficarem sozinhos, de não serem livres para ousar, para se encontrarem. Aí quem passa os mover é o desespero e a angústia, não mais suas próprias vontades. A nossa vida, nosso cotidiano nos limita muito. Qtos de nós não temos nossas vidas sociais limitadas ao trabalho, à faculdade, àquele velho grupinho de poucos amigos? Isso nos limita, certamente; e acaba limitando nossos encontros e contatos com outras pessoas.
Há uma metáfora que o Henri Poincaré usa pra falar sobre as idéias que é muito conveniente neste ponto; vou voltar a ela num outro post mais à frente, no qual ando "trabalhando" (até parece rsrs): as pessoas que vc conhece são como partículas: algumas delas podem se colidir e dar margem a namoros, amizades, casamentos etc. Quanto maior o numero de pessoas que vc conhece, maior a chance de vc encontrar uma partícula que te agrade mais quando vcs se colidirem - por que há mais partículas ao seu redor.
E de divagação em divagação a gente se reduz ao que é simples.... simples e universalmente compreendido: os desenhos animados!!! \o/ Me lembrei de um filminho que eu vi uma vez, sobre uma moça que trabalha num banheiro público e quer encontrar um parceiro. É muito bonito, principalmente o final.
Saudades de todos....sei que vcs tbm sentiram saudades dos meus posts insólitos e quentinhos... como a mão de alguém que te dá um abraço (ou quentinho como um muffin saindo do forno..hummm =)
Comum ouvir as pessoas dizerem que a adolescência é uma fase difícil, que pessoas nessa idade não sabem o que querem. Parece-me na verdade que as pessoas na minha idade sabem muito menos sobre elas mesmas, e se andam, andam por que o que vem atrás lhes empurra; segue-se adiante, em muitos casos, aos tropeços, sem nunca se ter certeza de nada.
(Es)forço-me sempre (par)a me entender e tentar entender os sinais que brotam de mim, mas sempre é compliado se saber para onde se virar, para onde nadar, para onde correr quando começa a chuva.
É nessas que eu vejo o quanto nós somos vulneráveis. Somos todos pó, todos poeira, somos todos grãos de areia. E seja um pequeno monte, ou uma duna, todos somos suscetíveis à ação do vento. Alguns se deixam levar mais facilmente até, e acabam ou acabarão fazendo aquilo que não querem, ou os deixariam mais felizes; todos podem sofrer desse mal....
...eu estou dizendo tudo isso, andando em círculos e tudo mais só pra dizer que acho que as pessoas no geral não vivem pra buscar a felicidade. Não mesmo. Ok ok, não vou entrar no mérito do que é felicidade aqui: alguns querem casar e ter 50 filhos, outros querem ficar fazendo matemática e não olhar pros lados (como o Paul Erdös... não é o meu caso =) O fato é que já dá pra ver nos olhos de alguns o medo da solidão, de ficarem sozinhos, de não serem livres para ousar, para se encontrarem. Aí quem passa os mover é o desespero e a angústia, não mais suas próprias vontades. A nossa vida, nosso cotidiano nos limita muito. Qtos de nós não temos nossas vidas sociais limitadas ao trabalho, à faculdade, àquele velho grupinho de poucos amigos? Isso nos limita, certamente; e acaba limitando nossos encontros e contatos com outras pessoas.
Há uma metáfora que o Henri Poincaré usa pra falar sobre as idéias que é muito conveniente neste ponto; vou voltar a ela num outro post mais à frente, no qual ando "trabalhando" (até parece rsrs): as pessoas que vc conhece são como partículas: algumas delas podem se colidir e dar margem a namoros, amizades, casamentos etc. Quanto maior o numero de pessoas que vc conhece, maior a chance de vc encontrar uma partícula que te agrade mais quando vcs se colidirem - por que há mais partículas ao seu redor.
E de divagação em divagação a gente se reduz ao que é simples.... simples e universalmente compreendido: os desenhos animados!!! \o/ Me lembrei de um filminho que eu vi uma vez, sobre uma moça que trabalha num banheiro público e quer encontrar um parceiro. É muito bonito, principalmente o final.
Saudades de todos....sei que vcs tbm sentiram saudades dos meus posts insólitos e quentinhos... como a mão de alguém que te dá um abraço (ou quentinho como um muffin saindo do forno..hummm =)
segunda-feira, 28 de junho de 2010
SOR ...ou melhor, SOS
Meu sucessive over relaxation estava uma porcaria,
meu programinha de computador estava dando errado
eu estava querendo jogar este pc na parede...
até que, com uma matriz transposta, eu resolvi o problema do meu algoritmo
\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/*
Ó Matlab, vc é um pequeno deus! =)
*(será que daria pra representar uma ôla?)
ps: muita gente me pergunta o que eu faço aqui, estudando .... geralmente eu fico desenhando umas funções no micro, coisas do tipo ..já ponho uma foto aqui, só esperem o meu micro parar de ficar lento
Não parece uma arraia, desenhada com lápis de cor? Parece, né? Coloquei este gráfico aqui só por isso, achei muito grande a semelhança...será efeito colateral de ficar quase há uma semana neste lab, eu e as máquinas somente (?)... passei a desconhecer as formas humanas, as formas dos animais e das plantas? De qqr forma, o desenho é bonito
%=)
meu programinha de computador estava dando errado
eu estava querendo jogar este pc na parede...
até que, com uma matriz transposta, eu resolvi o problema do meu algoritmo
\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/*
Ó Matlab, vc é um pequeno deus! =)
*(será que daria pra representar uma ôla?)
ps: muita gente me pergunta o que eu faço aqui, estudando .... geralmente eu fico desenhando umas funções no micro, coisas do tipo ..já ponho uma foto aqui, só esperem o meu micro parar de ficar lento
Não parece uma arraia, desenhada com lápis de cor? Parece, né? Coloquei este gráfico aqui só por isso, achei muito grande a semelhança...será efeito colateral de ficar quase há uma semana neste lab, eu e as máquinas somente (?)... passei a desconhecer as formas humanas, as formas dos animais e das plantas? De qqr forma, o desenho é bonito
%=)
domingo, 27 de junho de 2010
O princípio das atenções divididas
É fato que, ao dividir cérebro entre o andar e o assobiar, seu corpo não faz direito nem um, nem outro: vc pode cair de lado após dar um chute no próprio pé, ou esquecer-se de respirar enquanto caminha, só por achar que no fundo ndo fundo, não dividiu-se em mais de um para fazer o que achou que conseguiria.
Realmente, nem se anda e nem se assobia: só esperamos, só seguimos adiante (no meu caso, sigo adiante ouvindo os papagaios do meu vizinho cantarem ilarilariê todas as manhãs)
E nessas horas, quando vc pára e pensa há quantas horas deixou de encher os pulmões com um pouquinho de oxigênio, que vc se dá conta de como ele é importante pra vc.
Quero ar (limpo) nos pulmões!!!
amor pra dar e vender,
balas de goma,
linguas de sogra,
matar minha saudades no grito
a saudades que eu já ando sentindo de muita coisa, mesmo antes de sair de casa. Sair de casa, virar a esquina, achar 2 "real" no chão e sair correndo pra comprar um sorvete.
O que eu levo de tudo é a saudades...por mais que não possa preencher todos os momentos que gostaria ao seu lado, esse tudo- abstrato - é o que ganha minhas lágrimas, ri de mim, me cobre no meio da noite quando tenho frio, pinga remédio no meu nariz quando fico doente, chega de asa-deltas pra jogar bola à terças, me oferece carona nos dias de chuva, me fala do que acontece no outro lado do mundo, canta baixinho aquela música dos los hermanos....faz bolo, faz cachecol, faz bolo, come meu brownie
Mas qdo me leva, me põe no bolso junto com umas notas velhas de supermercado e umas poucas moedas... saudades saudades, gostaria de te manter um pouco mais longe de mim
Realmente, nem se anda e nem se assobia: só esperamos, só seguimos adiante (no meu caso, sigo adiante ouvindo os papagaios do meu vizinho cantarem ilarilariê todas as manhãs)
E nessas horas, quando vc pára e pensa há quantas horas deixou de encher os pulmões com um pouquinho de oxigênio, que vc se dá conta de como ele é importante pra vc.
Quero ar (limpo) nos pulmões!!!
amor pra dar e vender,
balas de goma,
linguas de sogra,
matar minha saudades no grito
a saudades que eu já ando sentindo de muita coisa, mesmo antes de sair de casa. Sair de casa, virar a esquina, achar 2 "real" no chão e sair correndo pra comprar um sorvete.
O que eu levo de tudo é a saudades...por mais que não possa preencher todos os momentos que gostaria ao seu lado, esse tudo- abstrato - é o que ganha minhas lágrimas, ri de mim, me cobre no meio da noite quando tenho frio, pinga remédio no meu nariz quando fico doente, chega de asa-deltas pra jogar bola à terças, me oferece carona nos dias de chuva, me fala do que acontece no outro lado do mundo, canta baixinho aquela música dos los hermanos....faz bolo, faz cachecol, faz bolo, come meu brownie
Mas qdo me leva, me põe no bolso junto com umas notas velhas de supermercado e umas poucas moedas... saudades saudades, gostaria de te manter um pouco mais longe de mim
sábado, 26 de junho de 2010
Self handmade
Ai caramba... cortei meus cabelos por estes dias, mas acho que estava meio escuro e acabei por cortá-los meio tortos... Só que ficou tão engraçado que eu não to querendo mais arrumá-los. Sorte que minha mãe não tá por perto; ela vivia falando que não entende como essa juventude gosta de ficar bizarra
aí eu pensei em mostrar pra vcs verem, mas fiquei meio envergonhado (sou um rapaz tímido, alguns de vcs bem sabem). Criei coragem e então tirei a foto torta tbm pra constrastar um pouco com os cabelos bem cortados, à lá Guggenhein rsrs
Talvez alguém encare isso como arte (éxotico, mas.. rsrs)
Até agora ninguém reagiu adversamente a isso..nem o pessoal daqui de casa ficou abismado...
acho que vai ficar assim mesmo
=)
ou melhor %=) <--- é o bonequiinho da carmen miranda!!! Não parece?!
aí eu pensei em mostrar pra vcs verem, mas fiquei meio envergonhado (sou um rapaz tímido, alguns de vcs bem sabem). Criei coragem e então tirei a foto torta tbm pra constrastar um pouco com os cabelos bem cortados, à lá Guggenhein rsrs
Talvez alguém encare isso como arte (éxotico, mas.. rsrs)
Até agora ninguém reagiu adversamente a isso..nem o pessoal daqui de casa ficou abismado...
acho que vai ficar assim mesmo
=)
ou melhor %=) <--- é o bonequiinho da carmen miranda!!! Não parece?!
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Parte 3/Fim: Um documentarista se dirige a cientistas: Arte, ciência e desenvolvimento
Continuando o post Um documentarista se dirige a cientistas: Arte, ciência e desenvolvimento, com o final do texto do João Moreira Salles que saiu na folha do dia 06 de junho de 2010.
modistas. Alimento o pesadelo de que, em alguns anos, os aviões não decolarão, mas todos nós seremos muito elegantes. É evidente que um país pode ter documentaristas demais e físicos de menos. O Brasil já sofre uma carência de engenheiros. Segundo dados de um relatório do Iedi [Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial] entregue ao ministro da Educação, Fernando Haddad, a taxa de formação de engenheiros no Brasil é inferior à da China, da Índia e da Rússia, países emergentes com os quais competimos.
A Rússia forma 190 mil engenheiros por ano, a Índia, 220 mil e a China, 650 mil, diz o relatório. Nós formamos 47 mil. Os números da China são pouco confiáveis, mas outras comparações eliminam possíveis dúvidas. A Coreia do Sul, por exemplo, com 50 milhões de habitantes, forma 80 mil engenheiros por ano, 26% de todos os formandos. Na China, a crer nas métricas, essa proporção chega a 40%. Em 2006, a taxa por aqui era de apenas 8%. Até o México, país com indicadores sociais semelhantes aos nossos, hoje possui 14% de seus formandos nessa área.
ESTAGNAÇÃO Companhias que integram a "Fortune 500", lista das maiores
empresas do mundo, mantêm 98 centros de pesquisa e desenvolvimento na
China e outros 63 na Índia. No Brasil aparentemente não é feita esta contagem; se o número existe, consegui-lo é uma proeza, o que só confirma a pouca importância atribuída ao assunto. O relatório do Iedi mostrou que os gastos totais em pesquisa e desenvolvimento como proporção do PIB estão estagnados no país. Há cinco anos não cresce o número de empresas que investem em desenvolvimento. Em 2009, apesar da crise, a Toyota sozinha registrou mais de mil patentes. A soma de todas as patentes requeridas pelas empresas
brasileiras não chegou à metade disso, segundo a Anpei [Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras]. Somos detentores de 0,3% das patentes do planeta. Em termos de inovação, ocupamos o 24º lugar entre as nações. O país prospera à força de consumo, não de investimento ou invenção. Compramos coisas que foram pensadas lá longe, as quais serão
brevemente superadas por outras coisas que também não terão sido pensadas aqui. É um processo estéril. Escritores, cineastas e editores de suplementos dominicais se espantariam em saber que, na China, a proficiência em matemática desfruta de uma forte valorização simbólica. Na Índia, um jovem programador de software se sente no topo do mundo. Há pouco tempo, o jornalista Thomas Friedman, do "New York Times", publicou uma coluna sobre os 40 finalistas de um concurso promovido pela empresa de processadores Intel, que premia os melhores alunos de matemática e ciências do ensino médio americano.Cada um deles solucionou um problema científico. Eis o nome dos jovens americanos premiados: Linda Zhou, Alice Wei Zhao, Lori Ying, Angela
Yu-Yun Yeung, Kevin Young Xu, Sunanda Sharma, Sarine Gayaneh Shahmirian, Arjun Ranganath Puranik, Raman Venkat Nelakant -assim prossegue a lista, até terminar com Yale Wang Fan, Yuval Yaacov Calev, Levent Alpoge, John Vincenzo Capodilupo e Namrata Anand.
VALORIZAÇÃO PÍFIA Enquanto isso, como lembra o matemático César Camacho, diretor do Impa, várias universidades brasileiras têm vagas abertas para professores de matemática, não preenchidas por falta de candidatos. A valorização das ciências entre nós é pífia. Sempre me espanto com a presença cada vez maior de projetos sociais que levam dança, música, teatro e cinema a lugares onde falta quase tudo. Nenhuma objeção, mas é o caso de perguntar por que somente a arte teria poderes civilizatórios. Ninguém pensa em levar a esses jovens um telescópio ou um laboratório de química ou biologia? Centenas de estudantes universitários gostariam de participar de iniciativas assim. Com entusiasmo -e um pró-labore-, mostrariam que a ciência também é legal e despertariam talentos. Seria bom também se o nosso sistema educacional fosse mais flexível, com cadeiras de humanidades e iniciação científica no ciclo básico de todos os cursos universitários. É imprudente tomar uma decisão definitiva aos 18 anos de idade, mas é exatamente o que têm de fazer os alunos ao entrar na universidade -embora, como norma, eles não saibam para o que têm vocação. Uma vez escolhido o escaninho, somem as oportunidades de conhecer outras áreas e eventualmente migrar. Se em algum momento a vocação se manifesta, em geral o aluno e sua família consideram que é tarde. Circunstâncias econômicas ou psicológicas -começar de novo exige determinação férrea- dificultam muito um ajuste de rota. (Sei bem como é, porque foi o meu caso.) É absolutamente certo que, neste momento, alguns milhares de jovens estão prestes a cometer o mesmo equívoco. Muitos se revelarão apenas medianos ou preguiçosos, e é provável que a ciência não tenha como alcançá-los. Sem desmerecer os excelentes alunos de cinema, letras ou sociologia, é impossível negar que, para alguém sem grande talento ou dedicação, será sempre mais fácil ser medíocre num curso de humanas do que num de exatas. Alguns desses jovens sem orientação provavelmente terão inclinação para as ciências e ainda não descobriram. É preciso criar mecanismos que os ajudem a escolher o caminho certo. Infelizmente, as artes e as humanidades, pelo menos por enquanto, não colaboram muito. Ao contrário. Nós disputamos esses jovens e, infelizmente, até aqui estamos ganhando a guerra.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Parte 2: Um documentarista se dirige a cientistas: Arte, ciência e desenvolvimento
Continuando o post Um documentarista se dirige a cientistas: Arte, ciência e desenvolvimento
RESPONSABILIDADE Vivendo quase exclusivamente no hemisfério das humanidades, recebo poucas notícias do lado de lá. O que eu teria a dizer sobre ciência fica perto do zero. Por outro lado, como especialista na minha própria ignorância, posso discorrer sobre ela sem embaraços. Com as devidas ressalvas às exceções que devem existir por aí, estendo minha ignorância a todo um grupo de pessoas e me pergunto de quem seria a responsabilidade por sabermos tão pouco sobre as leis que regem o que nos cerca. As respostas são previsíveis. Em parte, a responsabilidade é dos próprios cientistas, que não fazem questão de se comunicar com a comunidade não-científica; em parte é dos governos, que raramente têm uma política eficaz de promoção da ciência nas escolas; e em parte -e essa é a parte que mais me interessa- é nossa, das humanidades, que tomamos as ciências como um objeto estranho, alheio a tudo o que nos diz respeito. A quase totalidade dos personagens de classe média da
literatura e do cinema brasileiro contemporâneos pertence ao mundo dos
artistas e intelectuais. São jornalistas, escritores (geralmente em crise e com bloqueio), professores (quase sempre de história, filosofia ou letras),
antropólogos, viajantes (à deriva), cineastas, atores, gente de TV ou filósofos de botequim. Quando muito, um empresário aqui, um advogado acolá. Para encontrar um engenheiro ou médico, é preciso voltar quase a Machado de Assis. Cientistas são pouquíssimos, se bem que no momento não me lembro de nenhum. (Os filmes de Jorge Duran são uma exceção, mas ele nasceu no Chile.)
É como se, do lado de fora das disciplinas criativas, não houvesse redenção. Em "Cidade de Deus", o menino escapa do ciclo de violência quando recebe uma máquina fotográfica e vira fotógrafo. Não parece ocorrer a ninguém -nem aos personagens, nem ao público- a possibilidade de ele virar biólogo, meteorologista ou mesmo técnico em ciência. "Cidade de Deus" é uma narrativa realista, e portanto tende a preferir o provável ao possível. Mas não é só isso. Nenhuma daquelas profissões soaria suficientemente cool ao público -seria um anticlímax. Em nome da eficácia narrativa, bem melhor ele virar artista. Eleição para a Academia Brasileira de Letras dá página de jornal.
Já no caso da Academia Brasileira de Ciências, saindo da comunidade
científica, é improvável achar alguém que tenha pelo menos noção de onde ela fica, que dirá saber o nome de algum acadêmico. Há pouco tempo, escrevi o perfil de um jovem matemático carioca, Artur Avila. Boa parte dos meus amigos -alguns deles muito bem informados- não sabia da existência do Impa [Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada], sob vários aspectos a melhor instituição de ensino superior do país (o número de artigos publicados em revistas de circulação internacional de alto padrão científico, por exemplo, põe o Impa de par em par com alguns dos grandes centros americanos de
matemática, como Chicago e Princeton).
DESCOLADOS Uma das minhas obsessões é folhear a revista dominical do
jornal "O Globo" . Existe ali uma seção na qual eles abordam jovens descolados na saída da praia, de cinemas, lojas e livrarias, para conferir o que andam vestindo. No pé da imagem, informa-se o nome e a profissão da pessoa. Um número recente trazia um designer, uma produtora de moda, um estudante, uma dona de restaurante, um assistente de estilo, outra designer, uma jornalista, uma publicitária, um "dramaturg" (estava assim mesmo), uma estilista, outra estilista e alguém que exercia a misteriosa profissão de "coordenadora de estilo". Acompanho essas páginas há um bom tempo, e estatisticamente o resultado é assombroso. Conto nos dedos o número de engenheiros, médicos ou biólogos que vi passar por ali. Eles não podem ser tão
malvestidos assim. De duas, uma: ou são relativamente poucos, ou a revista prefere destacar as profissões que considera mais charmosas. As duas alternativas são muito ruins, mas a segunda me incomoda particularmente, pois sei por experiência como é poderosa a atração exercida por algumas profissões com alto cachê simbólico. Dou aula na PUC-Rio, no departamento de comunicação, que num passado recente oferecia apenas cursos de jornalismo e publicidade. Durante alguns anos, lecionei história do documentário para turmas de futuros jornalistas. Em 2005 foi criada a especialização em cinema -e, hoje, quase todos os meus trinta e poucos alunos são estudam cinema.
sábado, 19 de junho de 2010
Um documentarista se dirige a cientistas: Arte, ciência e desenvolvimento
O texto abaixo foi retirado da Folha de São Paulo do dia 06 de junho de 2010, no caderno Ilustríssima. Vou postá-lo em duas ou mais partes por ser um texto muito grande... eu conheço vcs: passou de 20 linhas, ninguém lê! =P
Neste ensaio, derivado de uma participação do documentarista João Moreira Salles em simpósio da Academia Brasileira de Ciências, discute-se a hipervalorização das artes e humanidades em detrimento das ciências "duras" e da engenharia, e as consequências do processo para o desenvolvimento tecnológico, científico e cultural do país.
JOÃO MOREIRA SALLES
Agradeço ao professor Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências, o convite que me fez para falar a uma plateia de colegas seus, na crença de que eu pudesse servir de porta-voz das humanidades num encontro de cientistas. Peço desculpas por desapontá-lo. Sou ligado ao cinema documental e, mais recentemente, ao jornalismo, atividades que, se não são propriamente artísticas, decerto existem na fronteira da criação. Jornalismo não é literatura nem documentário é cinema de ficção. Nosso capital simbólico é muito menor e nosso horizonte de possibilidades é limitado pelos constrangimentos do mundo concreto.
Não podemos voar tanto, e essa é a primeira razão pela qual, com notáveis exceções, o que produzimos é efêmero, sem grande chance de permanência. Não obstante, é fato que minhas afinidades pessoais e profissionais estão muito mais próximas de um livro ou de um filme do que de uma equação diferencial -o que não me impede de achar que há um limite para a quantidade de escritores, cineastas e bacharéis em letras que um país é capaz de sustentar.
Isso deve valer também para sociólogos, cientistas políticos e economistas, mas deixo a suspeita por conta deles. Na minha área, creio que já ultrapassamos o teto há muito tempo, e me pergunto de quem é a responsabilidade. Em 1959, o físico e escritor inglês C.P. Snow deu uma famosa palestra na Universidade de Cambridge sobre a relação entre as ciências e as humanidades. Snow observou que a vida intelectual do Ocidente havia se partido ao meio. De um lado, o mundo dos cientistas; do outro, a comunidade dos homens de letras, representada por indivíduos comumente chamados de intelectuais, termo que, segundo Snow, fora sequestrado pelas humanidades e pelas ciências sociais. As características de cada grupo seriam bem peculiares. Enquanto artistas tenderiam ao pessimismo, cientistas seriam otimistas.
Aos artistas, interessaria refletir sobre a precariedade da condição humana e sobre o drama do indivíduo no mundo. O interesse dos cientistas, por sua vez, seria decifrar os segredos do mundo natural e, se possível, fazer as coisas funcionarem. Como frequentemente obtinham sucesso, não viam nenhum despropósito na noção de progresso. Estava estabelecida a ruptura: de um lado, o desconforto existencial, agravado pela perspectiva da aniquilação nuclear; do outro, a penicilina, o motor a combustão e o raio-X. Na qualidade de cientista e homem de letras, Snow se movia pelos dois mundos, cumprindo um trajeto que se tornava cada vez mais penoso e solitário.
"Eu sentia que transitava entre dois grupos que já não se comunicavam", escreveu.
Certa vez, um amigo seu, cidadão emérito das humanidades, foi convidado para um daqueles jantares solenes que as universidades inglesas cultivam com tanto gosto. Sentando-se a uma mesa no Trinity College -onde Newton viveu e onde descobriu as leis da mecânica clássica- e feitas as apresentações formais, o amigo se virou para a direita e tentou entabular conversa com o senhor ao lado. Recebeu um grunhido como resposta. Sem deixar a peteca cair, virou-se para o lado oposto e repetiu a tentativa com o professor à sua esquerda. Foi acolhido com novos e eloquentes grunhidos. Acostumado ao breviário mínimo da cortesia -segundo o qual não se ignora solenemente um vizinho de mesa-, o amigo de Snow se desconcertou, sendo então socorrido pelo decano da faculdade, que esclareceu: "Ah, aqueles são os matemáticos.
Nós nunca conversamos com eles". Snow concluiu que a falta de diálogo fazia mais do que partir o mundo em dois. A especialização criava novos subgrupos, gerando células cada vez menores que preferiam conversar apenas entre si.
SÍNTESE E ORDEM Não sei se alguém já voltou a conversar com os matemáticos. Torço para que sim, apesar das evidências em contrário. Seria um desperdício, pois a matemática, para além dos seus usos, é
guiada por um componente estético, por um conceito de beleza e de elegância que a maioria das pessoas desconhece. O que move os grandes matemáticos e os grandes artistas, desconfio, é um sentimento muito semelhante de síntese e ordem. Os dois grupos teriam muito a dizer um ao outro, mas, até onde sei, quase não se falam. (No passado, o poeta Paul Valéry deu conferências para matemáticos e o matemático Henri Poincaré falou para poetas.) Segundo Snow, com a notável exceção da música, não há muito espaço para as artes na cultura científica: "Discos. Algumas fotografias coloridas. O ouvido, às vezes o olho. Poucos livros, quase nenhuma poesia." Talvez seja exagero, não saberia dizer. Posso falar com mais propriedade sobre a outra parcela do mundo, e concordo quando ele diz que, de maneira geral, as humanidades se atêm a um conceito estreito de cultura, que não inclui a ciência. Os artistas e boa parte dos cientistas sociais são quase sempre cegos a uma extensa gama do conhecimento. Numa passagem famosa de sua palestra, Snow conta o seguinte: "Já me aconteceu muitas vezes de estar com pessoas que, pelos padrões da cultura tradicional, são
consideradas altamente instruídas. Essas pessoas muitas vezes têm prazer em expressar seu espanto diante da ignorância dos cientistas. De vez em quando, resolvo provocar e pergunto se alguma delas saberia dizer qual é a segunda lei da termodinâmica. A resposta é sempre fria -e sempre negativa. No entanto, essa pergunta é basicamente o equivalente científico de 'Você já leu Shakespeare?'. Hoje, acho que se eu propusesse uma questão ainda mais simples -por exemplo: 'Defina o que você quer dizer quando fala em 'massa' ou 'aceleração'', o equivalente científico de 'Você é alfabetizado?'-, talvez apenas uma em cada dez pessoas altamente instruídas acharia que estávamos falando a mesma língua".
terça-feira, 15 de junho de 2010
Desespero
Dispensaram todos os funcionários da fac hj... e eu doido pra tomar um café.
Corro pra cantina.... todos os funcionários dispensados tbm (maldito amor pelo futebol!!!! )
...deve ser sindrome de abstinência...minha mãos treremmmem e eu digirto tudso errraao.
Os outros estudantes também pareciam meio atordoados...vou subir pra ver o segundo tempo com eles. Tomara que abram a cantina depois
=0
Corro pra cantina.... todos os funcionários dispensados tbm (maldito amor pelo futebol!!!! )
...deve ser sindrome de abstinência...minha mãos treremmmem e eu digirto tudso errraao.
Os outros estudantes também pareciam meio atordoados...vou subir pra ver o segundo tempo com eles. Tomara que abram a cantina depois
=0
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