Nem sei por que damos o nome de caminho àquilo que não tem rumo, como fiz no título do post. Pode-se, óbviamente, chamar de caminho a um trajeto. Mas ele não é na verdade um caminho, pois os caminhos sem rumo só podem ser percorridos uma única vez; nem seus próprios autores saberiam refazê-los .
Comum ouvir as pessoas dizerem que a adolescência é uma fase difícil, que pessoas nessa idade não sabem o que querem. Parece-me na verdade que as pessoas na minha idade sabem muito menos sobre elas mesmas, e se andam, andam por que o que vem atrás lhes empurra; segue-se adiante, em muitos casos, aos tropeços, sem nunca se ter certeza de nada.
(Es)forço-me sempre (par)a me entender e tentar entender os sinais que brotam de mim, mas sempre é compliado se saber para onde se virar, para onde nadar, para onde correr quando começa a chuva.
É nessas que eu vejo o quanto nós somos vulneráveis. Somos todos pó, todos poeira, somos todos grãos de areia. E seja um pequeno monte, ou uma duna, todos somos suscetíveis à ação do vento. Alguns se deixam levar mais facilmente até, e acabam ou acabarão fazendo aquilo que não querem, ou os deixariam mais felizes; todos podem sofrer desse mal....
...eu estou dizendo tudo isso, andando em círculos e tudo mais só pra dizer que acho que as pessoas no geral não vivem pra buscar a felicidade. Não mesmo. Ok ok, não vou entrar no mérito do que é felicidade aqui: alguns querem casar e ter 50 filhos, outros querem ficar fazendo matemática e não olhar pros lados (como o Paul Erdös... não é o meu caso =) O fato é que já dá pra ver nos olhos de alguns o medo da solidão, de ficarem sozinhos, de não serem livres para ousar, para se encontrarem. Aí quem passa os mover é o desespero e a angústia, não mais suas próprias vontades. A nossa vida, nosso cotidiano nos limita muito. Qtos de nós não temos nossas vidas sociais limitadas ao trabalho, à faculdade, àquele velho grupinho de poucos amigos? Isso nos limita, certamente; e acaba limitando nossos encontros e contatos com outras pessoas.
Há uma metáfora que o Henri Poincaré usa pra falar sobre as idéias que é muito conveniente neste ponto; vou voltar a ela num outro post mais à frente, no qual ando "trabalhando" (até parece rsrs): as pessoas que vc conhece são como partículas: algumas delas podem se colidir e dar margem a namoros, amizades, casamentos etc. Quanto maior o numero de pessoas que vc conhece, maior a chance de vc encontrar uma partícula que te agrade mais quando vcs se colidirem - por que há mais partículas ao seu redor.
E de divagação em divagação a gente se reduz ao que é simples.... simples e universalmente compreendido: os desenhos animados!!! \o/ Me lembrei de um filminho que eu vi uma vez, sobre uma moça que trabalha num banheiro público e quer encontrar um parceiro. É muito bonito, principalmente o final.
Saudades de todos....sei que vcs tbm sentiram saudades dos meus posts insólitos e quentinhos... como a mão de alguém que te dá um abraço (ou quentinho como um muffin saindo do forno..hummm =)
6 comentários:
Rafa!
Adorei o video, lindo!!!
E sobre o post, me tocou muita esta frase: "complicado se saber para onde se virar, para onde nadar, para onde correr quando começa a chuva".
É, difícil saber o que fazer quando tudo parece desabar sobre nossas cabeças.
Concordo que nos limitamos, mas muitas vezes é difícil lutar contra tudo isto, no final muitos apenas querem fazer parte de algo, seja um casamento, seja uma comunidade. E por mais que não seja perfeito, nem o faça feliz, é comodo. Como você falou, o medo da solidão faz ficar. O medo de nunca mais encontrar o que aqui tem, por mais que seja ruim, e se nem este ruim conseguir de novo?
Beijos
Oi Milene,
legal que vc curtiu... só não entendi o final do seu comentário. Meio confuso... vou tirar nota (0.4 só rsrsrs)
=P
olha ele.. vida nova, blog de cara nova.. =)
ficou bonito, mas parece que ficou mais lento e mais difícil de ler (pelas cores e tal)! :O
muito bonito esse post, lido em "última mão". =P
muitas carinhas neste comentário..
só pra completar, faltou uma triste: =/
ela fica pela parte que fala do medo da solidão.
bjs
Ehhh Araújo... Vc anuncia Heidegger e nem sabe rss.. e Rilke personificava o pensamento heideggeriano! Enfim, Holzwege uma de suas obras, fala do caminho a lugar nenhum numa floresta. Um pensamento circular que não pretende um fim: faz-se o caminho no pensar. Muuuito diferente do nosso hábito pragmático de fixar um ponto e, à partir dele, determinar a trajetória.
Quanto à angústia, tbém citada por Heidegger, está presente qdo nos encaramos como "Ser", infinitas "possibilidades", portanto "nada" em 'estado material' - isso é confuso rsrs - "está" nada.
A aparente angústia, pode ser o prenúncio de um novo 'estado material'. Para alguns, uma maldiçaõ. Para outros, a salvação...
Bacio
"(...) O impulso que te faz voar é o nosso grande patrimônio humano, comum a todos. É o sentimento de relação com as raízes de todas as forças. Mas tememos abandonar-nos a ele. É tão perigoso! Por isso quase todos renuciam de bom grado a voar e preferem caminhar, pela escala burguesa, apoiados no preceitos legais. Tu não. Tu continuas voando corajosamente. (...)
Oi babi! Totalmente coerente esse seu comentário...coisa rara rsrs; esse perigo, em virtude do qual renunciamos ao direito de voar, é justamente o que consta no post. O mais curioso é vc ter contato com as pessoas que passaram a andar e então pensar se está fadado a isso tbm: a uma resignação, este temor que reprime e poda.
É esse vôo (tem acento isso ainda... que antiquado eu, não? :) que a moça do filme vê nas fotos do jornal e pensa se a ela só resta o caminhar sobre pernas frágeis, ou ainda há alguma esperança de ver o mundo de um ponto mais alto...
... acho que, no fundo no fundo, tudo acaba voltando pro mesmo ponto; a gte está sempre discutindo uma mesma coisa, que passou pelo colisor de hádrons/palavras - aquele, de algum post no passado- e se fragmentou em muitas outras palavras e idéias
=)
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