Agora que as coisas parecem estar se assentando, que os dias parecem ter encontrado melhor seus lugares, que a rotina parece querer se estabelecer, eu me pergunto: oque vem depois disso? Não encontro uma resposta fácil. Pareço me perder em mil planos distintos, cada um contendo a peça que falta pra que tudo fique certinho, para que tudo finalmente caiba no seu devido lugar.
Eu sei que isso é uma ilusão, que nada disso há de acontecer ou esse dia chegar. Mas me dá um certo alento tentar elaborar e planejar isso. Jogo pétalas imaginárias e abstratas no chão, preparando o terreno pra ver esse dia descer à terra numa espaçonave imaginária... encho minha agenda de tarefas e micro-to-dos que parecem desaguar em algo mas que, por fim, levam a mais planos e planos...
Às vezes seres humanos são como aqueles hamsters correndo nos threadmills... porque será que fazemos isso?
O rádio toca "a love supreme", do Coltrane... fico me perguntando se ele começou essa obra pensando em chegar a algum lugar. Ouço as improvisações, os acordes que se concatenam, se movem e ainda assim parecem estáticos... olho pra mim mesmo... será que eu também, me movo estático pelos dias que se apinham e suscedem?
Olho pela janela. Faço um solo de suspiro e junto a sessão de garganta com covid com pulmão com covid num crescendo orquestral que me traz de volta à pergunta inicial: "e oque vem depois?" Olho no horizonte: as maritacas fazem barulho, as obras de prédios enchem a rua de bate-estacas e vigas metálicas ruidosas.. "-Se ao menos o café ainda tivesse gosto", penso comigo mesmo.
Páro... melhor voltar a ler, depois eu penso nessas coisas...
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