Ontem me aconteceu algo desconfortável. Inundado diante da persistência de um colega em começar um trabalho que, a meu ver, já nasce morto, me peguei hesitando. Me senti mal por dizer que não queria entrar naquele barco. Mas na hora não sabia bem o porque.
Disse não, mas saí dali pesado, com culpa. Será que mais informação relevante me havia sido dada? Havia algo ali que me fez mudar de opinião sem que eu soubesse? Talvez fosse a dúvida diante de tanto entusiasmo da parte dele, e me imaginar pesaroso no futuro por ter errado na minha "crença" de que aquele era um barco furado.
Ou talvez tenha sido essa estranha sensação de estar perto de alguém um pouco arrogante e impulsivo, que parece te levar com informação mas, no fim das contas, deu um show de hand-waving com pitadas de entusiasmo desmesurado e você não soube muito bem como reagir com fundamentos, você não soube argumentar de maneira clara o porque esse não era um caminho a se seguir.
Você se julga racional, mas se "defende" de uma crença com uma outra crença. Condenar a arrogância do "esse é o jeito XXX de qualidade que eu sigo", a convicção sem respaldo... com uma resposta não clara. Como se despida de todo fundamento lógico da tua rejeição àquele caminho.
Ou talvez tenha sido essa estranha sensação de estar perto de alguém um pouco arrogante e impulsivo, que parece te levar com informação mas, no fim das contas, deu um show de hand-waving com pitadas de entusiasmo desmesurado e você não soube muito bem como reagir com fundamentos, você não soube argumentar de maneira clara o porque esse não era um caminho a se seguir.
Você se julga racional, mas se "defende" de uma crença com uma outra crença. Condenar a arrogância do "esse é o jeito XXX de qualidade que eu sigo", a convicção sem respaldo... com uma resposta não clara. Como se despida de todo fundamento lógico da tua rejeição àquele caminho.
Orgulho da minha parte? Queria ter saído de cena sob a glória de uma piada? Ou sob os holofotes da lúcidez e transparência?
Talvez seja isso... que bailarina quer sair do palco aos tropeços? Foi estranho... acho que meu desconforto foi em me ver impulsivo em dizer não, em não saber como lidar com a resposta, navegar com o desconforto da pergunta "você quer entrar nesse barco?", "você quer escrever um artigo?"
Me conheço, por isso me questiono. Cada galho podado passa por um escrutínio antes de vira adubo: foi vaidade minha? Em ter dado o problema e depois sair de cena? Foi medo de me engajar? Foi tocar uma peça pela metade? Ou foi, pura e simplesmente, uma atitude respaldada na confiança que tenho em mim mesmo?
É interessante isso, como alguém entusiasmado e impulsivo consegue envergar as fundações do edifício da reticência, do medo, do receio, da desconfiança. E quando essa onda passa, presenciamos aquela estrutura ainda ali, firme, sem saber se celebramos a calmaria ou se nos perguntamos o quanto faltou para cedermos.
Há dois posts que escrevi em 2010, (...e que toda escolha é uma forma de renúncia, segunda parte aqui), que de certa forma tratam desse assunto: olharmos pra trás e vermos um horizonte de escolhas que não existem mais, como ramos mortos de uma árvore que no presente insiste em se expandir pra outro lado.
Talvez seja isso... que bailarina quer sair do palco aos tropeços? Foi estranho... acho que meu desconforto foi em me ver impulsivo em dizer não, em não saber como lidar com a resposta, navegar com o desconforto da pergunta "você quer entrar nesse barco?", "você quer escrever um artigo?"
Me conheço, por isso me questiono. Cada galho podado passa por um escrutínio antes de vira adubo: foi vaidade minha? Em ter dado o problema e depois sair de cena? Foi medo de me engajar? Foi tocar uma peça pela metade? Ou foi, pura e simplesmente, uma atitude respaldada na confiança que tenho em mim mesmo?
É interessante isso, como alguém entusiasmado e impulsivo consegue envergar as fundações do edifício da reticência, do medo, do receio, da desconfiança. E quando essa onda passa, presenciamos aquela estrutura ainda ali, firme, sem saber se celebramos a calmaria ou se nos perguntamos o quanto faltou para cedermos.
Há dois posts que escrevi em 2010, (...e que toda escolha é uma forma de renúncia, segunda parte aqui), que de certa forma tratam desse assunto: olharmos pra trás e vermos um horizonte de escolhas que não existem mais, como ramos mortos de uma árvore que no presente insiste em se expandir pra outro lado.
Meditei sobre esse assunto um bocado entre ontem e hoje.. percorri muitos caminhos e variações até que, depois de um tempo, vi que era o caso somente sedimentar minhas escolhas, aceitando a responsabilidade de fundamentá-las: seja com o cimento da razão, ou com os tijolos frageis da intuição.
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