Quando adolescentes o rock n' roll era uma parte importante das nossas vidas. Ou diria, de quem éramos: quem gosta da banda X é assim, da banda Z é daquele jeito etc. E, comumente, tirávamos sarro dos gostos dos outros: algo que uns levavam numa boa, e outros combatiam com ira belicosa.
Claro, muitas das bandas que gostávamos cantavam em inglês. Pra sacanearmos alguém que gostava de uma banda não era incomum cantarmos algo do repertório da banda em português, enfatizando o quão iletrados eram os autores da canção. Desses embates saíram versões como "medo de escuro" (uma versão de "fear of the dark", da banda Iron Maiden), "poção do amor" (uam tradução bem forçada de "poison heart", dos Ramones) e.... "culpado de amor" como uma versão de "guilty of love" do Whitesnake.
Me lembrei dessa estória esta semana em meio de risos, mas parei ao tentar encaixar duas palavras tão dispares numa mesma frase: "amor" e "culpa". Como num jogo de tetris, tentava encaixá-las na minha vida, em algum evento. Não tive êxito até me lembrar das vezes em que, nos primeiros dates com alguém, a palavra "namoro", "compromisso", surgia. Quando alguma mãe ou pai se referia a mim como "-o teu namorado" ao invés de "Rafaello". Em momentos assim não há escapatória: você assume o papel que te dão, sentado calado no banco dos réus.
"-Ahhh, mas foi só uma ou duas noites calientes com tua filha, isso não configura um relacionamento", eu poderia dizer num picosegundo, tão rápido quanto um "terms and conditions apply" dito de maneira suave por algum locutor de voz aveludada num daquels comerciais de produtos milagrosos que fazem tudo e custam quase nada.
"I'm a boyfriend in this event... Not valid in other events or states... terms and conditions apply".
Vai ver "culpado de amor" é algo assim... mas então não seria melhor "acusado de amor"? Sei lá... melhor esquecer desses dias em que sentei nos bancos dos réus 😝
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