Há quatro anos atrás escrevi sobre o tema de hoje em "good morning, mini apple" Ainda me lembro de estar na cama e olhar o site do NY times mais uma vez antes de tentar dormir: como caldeiras em ebulição, os ponteiros de "probably Trump", que até poucos minutos atrás apontavam 95% de chance de Hillary Clinton ganhar, agora apontavam o oposto.
Os ponteiros em vermelho, parecia um prenúncio de lavas e destruição. Olhava pr'aquilo como se estivesse diante de uma caldeira em ebulição, fora de controle, prestes a explodir. Como se dormir fosse resolver o problema, tentei cair no sono, pra acordar e ver um grande "Trump Triumphs", na primeira página do mesmo nytimes que dias antes apontara uma vitória improvável do republicano. "Trump Triumphs", como uma brincadeira de mau gosto, um trava lingua anti-democrático, um Trump que triunfa apontava para o pior dos medos de muitos que eu conhecia, e que junto comigo até aquele dia pareciam ignorar que o mundo que nos cercava.
Ir pro trabalho foi difícil. A cidade parecia a mesma, embora o mundo parecesse diferente de alguma maneira. Onde estariam escondidas aquelas pessoas que corroboraram com aquilo? Será que me olhavam por detras das cortinas de suas casas? Seria aquele aluno que reprovei no semestre passado? Seria um amigo, ou alguém que considerara um amigo, mas que no fundo.... apunhalava-me, "imigrante" que era, pelas costas?
Hoje me bate o mesmo medo ao ver esses ponteiros indicando a mesma coisa na Flórida, Carolina do Norte e Geórgia. Me pesa escrever isso, mas talvez menos do que da primeira vez. Talvez eu esteja, como muitos dos meus, "numb", anestesiado diante de tanto ódio, discursos divisivos, diante de uma democracia que se diz englobar todas as faces com uma face só.
Aguardo... embora não espere muito mais do que o mesmo.
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