Pensei em escrever "bobolha", pra fazer uma piada entre bobos (frisando a irracionalidade), e bolhas (coisas que estão supervalorizadas).
Essa pulga atrás da orelha me veio durante uma última entrevista com uma empresa britânica. Me enviaram um site supre flashy, super bonito, cheio de nomes de nomes de grupos de VC que investem na companhia... mas nada de conteúdo no site: quem são os clientes, como eles fazem oque dizem fazer etc. Fiquei meio assim logo de cara....
"hummm talvez seja realmente tão de ponta que eles não querem falar muito sobre...", pensei. Mas cético que sou com essas abordagens milagrosas, fui tentando lê-los nas entrelinhas. Me enviaram um monte de coisa sobre a empresa: na mídia. "A empresa do ano", "prêmio de empresa que parece ter futuro", "revista do investidor escrevendo sobre as empresas mais promissoras do novo século na Inglaterra" (escrito, por sinal, por uma mulher que é uma investidora e que, até recentemente, só assinava artigos de produtos de luxo)....
Dentre os links, um panfleto da empresa, explicando mais ou menos oque fazem: um pdf lindo, com um gráfico comparando oque fazem e a abordagem padrão..
...mas que na hora me chamou a atenção: "como assim, oque eles fazem é melhor: esse gráfico não tem nem escala!". Será que melhorou de usuais 10% pra 90% ou de 1% pra 2%? O gráfico não diz isso. Quando falei pro entrevistador isso ele me disse "ohhh maybe the people that did it were from the marketing department"
Enfim... me desculpe pelo embróglio minimamente técnico. Oque isso tudo me fez ver é o quão reticente eu estou com pque vejo no mundo lá fora. Ok, ok, o mundo acadêmico não é muito melhor, mas deixe-me voltar à questão: minha reticência se dá diante de decisões importantes serem tomadas por pessoas não qualificadas para tomá-las. O cara que lida com a engenharia é um coach, o cara que tem que falar sobre o trabalho feito é um ótimo palestrante que vende até areia no deserto.... tudo é bem "flashy", como o website acima, mas no fundo no fundo... muita coisa é rasa, e AI só no nome. Me pergunto se estamos caminhando pra uma próxima "dot-com" bubble, como a que nos levou à crise de 2008. Interessante que tenho poucas memórias dessa crise, pois o Brasil meio que se safou dela na época, com o boom das commodities. Mas logo que cheguei nos EUA (em 2020) me lembro de muitos falando sobre, como um grande tsunami que havia passado e devastado as vidas de tantos.
... enfim... fiquemos de olhos abertos: acho que há sim uma revolução acontecendo lá fora neste momento, mas também acho que há muita gente falando muito mais do que pode fazer, e isso me assusta um pouco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário