"Since I had nowhere permanent to stay, I had no interest whatever in keeping treasures, and since I was empty-handed, I had no fear of being robbed on the way" [Matsuo Bashô , The records of a travel-worn Satchel]
domingo, 30 de agosto de 2020
Tudo ou nada
O mundo dentro de uma bolha
Pensei em escrever "bobolha", pra fazer uma piada entre bobos (frisando a irracionalidade), e bolhas (coisas que estão supervalorizadas).
Essa pulga atrás da orelha me veio durante uma última entrevista com uma empresa britânica. Me enviaram um site supre flashy, super bonito, cheio de nomes de nomes de grupos de VC que investem na companhia... mas nada de conteúdo no site: quem são os clientes, como eles fazem oque dizem fazer etc. Fiquei meio assim logo de cara....
"hummm talvez seja realmente tão de ponta que eles não querem falar muito sobre...", pensei. Mas cético que sou com essas abordagens milagrosas, fui tentando lê-los nas entrelinhas. Me enviaram um monte de coisa sobre a empresa: na mídia. "A empresa do ano", "prêmio de empresa que parece ter futuro", "revista do investidor escrevendo sobre as empresas mais promissoras do novo século na Inglaterra" (escrito, por sinal, por uma mulher que é uma investidora e que, até recentemente, só assinava artigos de produtos de luxo)....
Dentre os links, um panfleto da empresa, explicando mais ou menos oque fazem: um pdf lindo, com um gráfico comparando oque fazem e a abordagem padrão..
...mas que na hora me chamou a atenção: "como assim, oque eles fazem é melhor: esse gráfico não tem nem escala!". Será que melhorou de usuais 10% pra 90% ou de 1% pra 2%? O gráfico não diz isso. Quando falei pro entrevistador isso ele me disse "ohhh maybe the people that did it were from the marketing department"
Enfim... me desculpe pelo embróglio minimamente técnico. Oque isso tudo me fez ver é o quão reticente eu estou com pque vejo no mundo lá fora. Ok, ok, o mundo acadêmico não é muito melhor, mas deixe-me voltar à questão: minha reticência se dá diante de decisões importantes serem tomadas por pessoas não qualificadas para tomá-las. O cara que lida com a engenharia é um coach, o cara que tem que falar sobre o trabalho feito é um ótimo palestrante que vende até areia no deserto.... tudo é bem "flashy", como o website acima, mas no fundo no fundo... muita coisa é rasa, e AI só no nome. Me pergunto se estamos caminhando pra uma próxima "dot-com" bubble, como a que nos levou à crise de 2008. Interessante que tenho poucas memórias dessa crise, pois o Brasil meio que se safou dela na época, com o boom das commodities. Mas logo que cheguei nos EUA (em 2020) me lembro de muitos falando sobre, como um grande tsunami que havia passado e devastado as vidas de tantos.
... enfim... fiquemos de olhos abertos: acho que há sim uma revolução acontecendo lá fora neste momento, mas também acho que há muita gente falando muito mais do que pode fazer, e isso me assusta um pouco.
sábado, 22 de agosto de 2020
O vazio que fica quando você se vai
Ontem aconteceu algo estranho: acordei às 5 da manhã, e não consegui voltar a dormir. Parecia ansiedade.... mas uma ansiedade com propósito. Logo, depois de rolar um pouco na cama, decidi que o jeito era me levantar e começar a trabalhar: como um ataque final ao cume de uma montanha, lá fui eu...
...e quando deu 4 da tarde parece que um grande abismo se estendeu como um tapete à minha frente: não havia mais nada para acrescentar no "papel": havia terminado.
"Acabou?", pensei.
Sim, havia acabado. Uma sensação estranha, um vazio prazeroso mas desconfortável. Penso nas tantas vezes que caí na falácia de planejamento ao longo do caminho: "mais duas semaninhas e acabo", disse a mim mesmo em fevereiro quando acabara de voltar dos EUA, algo que repetiria umas tantas outras vezes até aqui. Como é curioso esse processo de nos auto-enganarmos...
É claro que finalizar algo não significa jogar pro mundo. Há certamente rituais a seguir, procedimentos a adotar: reler, preparar, corrigir, tirar uns dias pra reler.... mas só de saber que "tudo oque era pra estar ali, lá está" já é um enorme alívio. Só me resta lidar com esse vazio que fica por dentro... parte dor, parte coceguinha-na-barriga...
... enfim...
No violence... and no interaction: discurso sobre uma possível abstinência de likes
Eu estava pensando hoje: uma das coisas mais assombrosas que vejo hoje em dia é o crescente poder que grandes empresas têm, como facebook, apple, google e outras. No entanto é muito difícil neste momento cortar laços com elas: deixar de usar o email deles, ou me ostracizar de uma plataforma de contatos só me alienaria de amigos e família.... essas corporações se adentraram de tal maneira nas nossas vidas que, dificilmente, conseguimos deixar que saiam: tornamo-nos dependentes, infelizmente.
Mas estava pensando... se cada "like" que damos é uma pequena dose de dopamina nos nossos cérebros... e se, simplesmente, parássemos de manifestar nossas preferências em forma de cliques? Isso, uma abstinência de "likes": você vê, mas o sistema (o "master algorithm", "bib brother") não sabe se você gostou ou não, se prestou atenção ou não.... será que funcionaria?
Claro, tal "política de resistência sem violência" não funciona em todas a plataformas: muitas não baseiam tal recompensa (pra eles, como algoritmos que colhem nossos dados; pra gente, em forma de prazer/dopamina) em "gostar" ou "não gostar", são mais complexas nas formas de nos avaliar, de mensurar nossas tendências e propensões .. mas em diversas delas funcionaria...
Hummm....
domingo, 16 de agosto de 2020
Networking ++
domingo, 9 de agosto de 2020
Networking #4 - brô
D.T.
Couching
Trump University
"H te adicionou com a seguinte mensagem:"
Te adicionei, irmão.
É nóis (acima de tudo!).
D.T.
Networking #3 - fofura
H
Advogado de grandes empresas
Unibozo
"H te adicionou com a seguinte mensagem:"
Te achei um fofo. Um dia a gente trabalha assim, lado a lado.
Vamos fazer networking.
H
Networking #2 - emptiness
F
Engenheiro de panelas e utensílios domésticos
Stanford University
F te adicionou, com a seguinte mensagem:
Para responder F, clique aqui:
Networking #1
Querido senhor X
Meu nome é Z, e trabalho na mesma área que o senhor. Fui à lua um número infindável de vezes também, onde me envolvi - dentre outras coisas - na prospecção de petróleo lunar, na pesca submarina lunar, no setor hoteleiro lunar. Também cafetinei no setor de prostituição lunar (mas esta é uma outra estória).
Sei que és muito importante na área, com trabalhos dignos dos mais grandes autores (dos quais certamente o sr faz parte). Gostaria de saber o teu segredo, ou alguma dica, ou algum insight, no qual pudesse me espelhar: me inspiro no teu trabalho e obra, e o tenho como guia neste mundo cheio de tantas informações deletérias e paradoxalmente desinformadoras.
Sem mais, aguardo uma resposta.
Z