sábado, 24 de março de 2018

Tropeçando em desigualdades (ou "a pergunta mais óbvia nem sempre é a correta")

Eu sempre me pergunto por que me coloco em apuros. Por que arrisco, por que continuo tentando, por que ... e acho que nunca terei a resposta.

Há momentos  em que pareço ser jogado a um mundo de contrastes e conflitos. Sinto-me como naquelas tirinhas do Calvin, emque ele começa a falar de um mundo sem gravidade.




E sim, lá estou eu, com os pés longe do chão. Sinto minha rotina me levando como um mar em ressaca, que nada traz de volta à margem. Os dias seguem, e a vida passa. Lembrei de algo que  percebi enquanto morava nos EUA:  que ninguém ficava ali por gostar, mas sim pelo que fazia. Nisso entram empregos, oportunidades de trabalhar num lugar de prestígio, dinheiro, poder trabalhar menos (sim, nos países da  américa do Sul ao menos tem que se trabalhar muito mais pra se conseguir menos). E no fundo, vive-se dividido, sem saber muito bem oque é aquilo tudo. Era curioso ver isso nos EUA: o senso de identificação era muito baixo. Eu ouvia de colegas "eu sou colombiano", "eu sou mexicano", embora eles tivessem nascido e crescido em Nova Iorque.

Não imaginava, enquanto vivendo na mini-apple, que pararia no Japão. Agora... pra onde vou depois daqui... parece-me a pergunta mais óbvia. No entando, me percebi recentemente pensando que talvez seja sim a pergunta mais óbvia, mas não a correta. Não se trata de pra onde vou, mas sim oque vou fazer. Talvez seja esta a grande pergunta. E o jeito é ser paciente e honesto comigo mesmo:  misturar os meus medos com os medos dos outros não levará à resolução de nada. No fim das contas,  oque  deve nos moldar são os nossos desejos e sonhos, não nossos medos.

Drink me, make me feel real
Wet your beak in the stream
Game we're playing is life
Love is a two way dream

Leave me now, return tonight
Tide will show you the way
If you forget my name
You will go astray
Like a killer whale
Trapped in a bay

[Bjork, Bachelorette]


ps: a música é essa. O piano é incrível, bem minimalista, em contraste com as cordas e a voz.


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