quinta-feira, 29 de março de 2018

Herrar é umano

Errar talvez seja a forma mais simples e fácil de se desumanizar. De esquecer de se ouvir. De parar de se acolher. De se confundir, perder-se. Essa semana, depois de me esforçar ao máximo pra me livrar de uma revisão de um projeto (que submeti novamente na última sexta-feira), acordo no meio da noite do domingo pra segunda num estalo

 "Pqp, aquela desiguldade no artigo estava errada!"

 A partir daí não deu outra: não dormi. O cérebro, que inconscientemente deve ter ficado remoendo desigualdades e inequações durante o final de semana inteiro, não quis mais parar. E sim, havia um erro. Fui invadido por uma mistura de coisas: vergonha em ter submetido algo errado, angústia de ter que esperar mais ainda pra que o artigo fosse publicado..e uma seção looonga de autoflagelamento; eu achando que tudo corrobora com minhas crenças de que não faço bem oque devo etc etc.

Somos finitos. E curioso: somos vaidade, fruto dos nossos medos. Perfeccionistas, em maior ou menor grau. Mas incrivelmente, oque somos não se mede pelo que ansiamos, pelos troféus que carregamos nas costas, mas como nos portamos depois de quedas e  tropeços. Profissionalismo é a maneira como lidamos com nossos tropeços no palco e como conseguímos integrá-los à cena de maneira sutil, quase despercebida aos olhos do público; não é mensurável pela perfeição que almejamos, inalcançável, impossívelmente distante. Mais que ganhar, aprender a perder e errar. E transformar essa "matéria escura" em instrumento de transformação.

sábado, 24 de março de 2018

Tropeçando em desigualdades (ou "a pergunta mais óbvia nem sempre é a correta")

Eu sempre me pergunto por que me coloco em apuros. Por que arrisco, por que continuo tentando, por que ... e acho que nunca terei a resposta.

Há momentos  em que pareço ser jogado a um mundo de contrastes e conflitos. Sinto-me como naquelas tirinhas do Calvin, emque ele começa a falar de um mundo sem gravidade.




E sim, lá estou eu, com os pés longe do chão. Sinto minha rotina me levando como um mar em ressaca, que nada traz de volta à margem. Os dias seguem, e a vida passa. Lembrei de algo que  percebi enquanto morava nos EUA:  que ninguém ficava ali por gostar, mas sim pelo que fazia. Nisso entram empregos, oportunidades de trabalhar num lugar de prestígio, dinheiro, poder trabalhar menos (sim, nos países da  américa do Sul ao menos tem que se trabalhar muito mais pra se conseguir menos). E no fundo, vive-se dividido, sem saber muito bem oque é aquilo tudo. Era curioso ver isso nos EUA: o senso de identificação era muito baixo. Eu ouvia de colegas "eu sou colombiano", "eu sou mexicano", embora eles tivessem nascido e crescido em Nova Iorque.

Não imaginava, enquanto vivendo na mini-apple, que pararia no Japão. Agora... pra onde vou depois daqui... parece-me a pergunta mais óbvia. No entando, me percebi recentemente pensando que talvez seja sim a pergunta mais óbvia, mas não a correta. Não se trata de pra onde vou, mas sim oque vou fazer. Talvez seja esta a grande pergunta. E o jeito é ser paciente e honesto comigo mesmo:  misturar os meus medos com os medos dos outros não levará à resolução de nada. No fim das contas,  oque  deve nos moldar são os nossos desejos e sonhos, não nossos medos.

Drink me, make me feel real
Wet your beak in the stream
Game we're playing is life
Love is a two way dream

Leave me now, return tonight
Tide will show you the way
If you forget my name
You will go astray
Like a killer whale
Trapped in a bay

[Bjork, Bachelorette]


ps: a música é essa. O piano é incrível, bem minimalista, em contraste com as cordas e a voz.


terça-feira, 20 de março de 2018

quarta-feira, 7 de março de 2018

Rememorando carnavais passados

Ok, carnaval já passou. Mas eu não posso deixar de comentar algo.

Você já teve medo assistindo um filme? Certamente, não? Por exemplo, o incrível "The shining"/O iluminado, do Kubrick, com aquele menininho andando de pedalinho no hotel.


Mas... e ouvindo uma música?

Toda vez que no meio dos bloquinhos de carnaval eu ouvia essa música eu ficava meio arrepiado.



Minha mente ia longe... e eu ficava me imaginando num salão enorme, cheio de palhaços... aí uma mão aparecia e mexia no interruptor, apagando a luz...

Vixe...que medo!