sexta-feira, 27 de novembro de 2015

10 lições para hoje: reminiscências de mais um thanksgiving em terras longínquas

#1 (A diferença entre gostar daquilo que se ama e gostar de amar):  em geral não há nada de errado com as pessoas; elas simplesmente não são aquilo que gostaríamos que elas fossem.

#2 (círculos viciosos): descobri que minha vida e meus hábitos criaram raízes em mim que levaram a comportamentos que se repetem. Mais sutil q a rotina de se fumar um cigarro quando se bebe, ou de sempre trair a(o) esposa(o) e se arrepender, algo não físico se apoderou das entranhas do meu comportamento e passou a ser parte dos fundamentos desse edifício ainda longe de sólido chamado eu. Entenda-se, e procure não ser vítima das suas próprias ciladas. Não seja um cachorro tentando morder o próprio rabo (mas: nada errado em ser um cachorro louco)

#3: difícil discernir entre a vontade de compartilhar e outra, a de moldar as pessoas q queremos nas nossas vidas. Do livro que vc deu a alguém que nunca o vai ler até tentar aproximar da sua rotina uma outra rotina que não é a sua. Sutil diferença. 

#4: não ser preciosista com o agir nem o pensar. Não agir buscando reconhecimento por se agir, mas agir por gostar de fazê-lo. O que move o mundo é o gostar e não a cegueira de ganhar por se querer ganhar pura e simplesmente. 

#5: ações e pensamentos são vetores que se alinham e devem andar em paralelo.  A pontualidade do comportamento pode gerar prazer tão pontual quanto o momento vivido, com consequências quase sempre negativas. Alinhar metas e atitudes reduz a ansiedade da dúvida e da antecipação. Creia no dia de amanhã não por que o espera com ardor, mas por andar em direção a ele. 

#6: há pessoas que vão esperar a conveniência de te ver quando vc estiver perto, de te ouvir quando estiverem com paciência o bastante pra te ouvir. E há pessoas que vão estar sempre ali pra vc. Nunca priorizar as primeiras em detrimento das últimas. 

#7: não perca tempo de prosa com um mundo com o qual vc não concorda. Se há algo a ser mudado, vá lá e tente mudar, tente fazer com que as coisas mudem. Esperar convenientemente sentado no seu sofá (caso vc tenha um; eu só tenho um pufe até então) sendo um "bom cidadão" pode não ser o bastante. Não confundir com #3: há diferença monstruosa entre aceitar as coisas como são e ser conivente com aquilo que não se concorda.

#8: aprender a dizer não quando as coisas te forçarem a sair do seu caminho violentamente (ou sem qualquer motivo).

#9: vc pode criar histórias e fábulas diante daquilo que vive. Vc pode sofrer ao ver o quanto alguém ou algo precisa de vc. Mas vc tbm pode ver o quão bonito é fazer parte dos sonhos de alguém e contribuir pra que eles se realizem. 

#10: seja consistente mas nao seja rígido. Esteja aberto a  mudar. Acima de tudo, esteja disposto/aberto a ouvir os outros.

sábado, 31 de outubro de 2015

Melhores canções

Quando vc mora sozinho você acaba desenvolvendo uns hábitos muito estranhos. No geral eles aparecem pra que vc se entretenha. Eu descobri que isso não era tão não usual depois de ler nos livros do Amir Klynk que ele também fazia isso durante suas expedições. Uma das coisas que faço, meio que por acaso, é inventar músicas sobre coisas estúpidas que acontecem. No geral o processo e composição acontece na cozinha, enquanto lavo a louça ou cozinho. Então o post de hoje é dedicado a isso: todas essas canções maravilhosas que já compuz hahaha Aqui vai uma lista de títulos:

# 1) You forgot to buy tomatoes

# 2) You have enough kiwis for the week.

# 3) Laundry, sweet laundry

Bom...melhor parar por aqui e ir curtir meu halloween =)





domingo, 11 de outubro de 2015

Uqeybi ( ou "a rota do indivíduo")


O título do post de hoje vem do idioma somali: uqeybi, "dividir". Termo matemático, mas que pode ser visto como "compartilhar" (ao menos em português e outras linguas latinas). Recentemente comecei a voluntariar ensinando matemática. A maioria dos que ensino são refugiados: gente que teve que sair de casa ou fugir de seu país para sobreviver. Gente que veio em busca de um lugar melhor, de um país melhor. Em busca de um lugar para chamar de casa. É impossível não me identificar com essas pessoas: desde suas condições como imigrantes até suas dificuldades em entender uma frase ou se expressarem em inglês. Muitos não sabem ler na própria lingua nativa. Olho pra minha trajetória e penso que saí do Brasil pra estudar, sem ter que fugir, sem ter que procurar refúgio algum. Me vejo como uma pessoa com sorte, mas me pergunto se isso é mesmo sorte. Do que mesmo isso se trata? 

Não sei... honestamente, não sei. Paro pra pensar nessa história toda e a única coisa que sinto é que em maior ou menos grau sou também um deles. 

Penso nos meus pais: uma mãe que na infância catava café, um pai que fugiu de casa aos 16 anos de idade, do interior de Pernambuco pra São Paulo. Refugiados da própria vida. Duas pessoas que tiveram que fugir para poder sobreviver e crescer. Acho incrível que duas histórias tão similares e tão extremas (ele do nordeste, ela do sul) se encontraram no meio do caminho. Me vejo e sou o fruto disso. Imigrante, eu, Eumigrante. Será que a humanidade anda em círculos e tenta reescrever sua própria história cortando e colando letras das primeiras páginas de seu livro? A mim ao menos nada de refúgio, exílio ou ostracismo (como algumas vezes me referi a isso): vivo num mar no qual remo, nado e levo adiante meu barquinho. Aonda isso vai me levar ... talvez melhor não me perguntar demais. 

Deixando de lado menores/maiores digressoes: é interessante discutir matemática nesse - pra mim- novo contexto. Fico suando frio pra tentar ensinar meus alunos a aprender a subtrair 5 de 13.. incrível como me apropriei de alguns conceitos de maneira tão orgânica que ensinar vira um processo muito grande de se redescobrir e se doar. E no fim das contas entender algo que não números, mas pessoas. Acho que aí mora a maior riqueza disso tudo: dividir. A matéria prima com a qual trabalho é conhecimento, mas ninguém precisa mantê-lo em estantes cheias de livros, ou armazenado em terabytes, discos rígidos, folhas e notas. Me sinto gratificado a cada vez que vejo o esforço de mães de 40, 50 anos tentando aprender. Acima de tudo, sinto nítidamente a vontade deles em  se integrarem a esse novo mundo. E mais uma vez me pego ali: me esforçando para me integrar e  também ainda aprendendo  matemática; em geral eu fico no meu mundo de equações diferenciais, perturbações singulares, ondas de choque e ondas de difusão... a mesma (seria outra?) matemática... um pouco mais abstrata aqui e ali, mas ainda assim a mesma arte. Me vejo então como um aluno: mesmas dúvidas, mesmos medos e angústias. Aprender e ensinar não são coisas assim tão distantes.




segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A cidade dentro da gente


A cidade é aquilo que vivemos e contruímos: palácios, prédios, pessoas e coisas. Ruínas de coisas e vidas que passam, vão e vem.  Coisas que carregamos conosco e que insistem em ser levadas em toda e qualquer mala que fazemos. A ruína... que vive dentro da gente da mesma maneira que a formas ao nosso redor, se moldam e se adequam aos nossos olhos e olhar. 


Mais fácil construir uma cidade a partir de escombros ou começar tudo do zero? 

O contraste.... morar aqui é um evidente contraste. Uma cidade em que uma folha que cai no chão já é motivo pra alvoroço...gritaria. Que o diga uma árvore plantada a 3 metros de onde fora inicialmente pensada, um ciclista que pedala entre a calçada e a entrada de sua casa... em anticlandestineápolis tudo é motivo pra desespero e angústia de seus cidadãos, que não toleram desordem.  E olha que estou há mais de 5 anos por aqui e nunca havia me deparado com uma cidade tão pouco permissiva quanto essa: um misto de cidade escandinava com casa de vó chata hahaha Me lembrou muito um poema do Leminski de quando este visitou Brasília pela primeira vez

Claro Calar sobre uma Cidade sem Ruínas (Ruinogramas)

Em Brasília, admirei.
Não a niemeyer lei,
a vida das pessoas
penetrando nos esquemas
como a tinta sangue
no mata borrão,
crescendo o vermelho gente,
entre pedra e pedra,
pela terra a dentro.

Em Brasília, admirei.
O pequeno restaurante clandestino,
criminoso por estar
fora da quadra permitida.
Sim, Brasília.
Admirei o tempo
que já cobre de anos
tuas impecáveis matemáticas.

Adeus, Cidade.
O erro, claro, não a lei.
Muito me admirastes,
muito te admirei.


Poema integrante da série Distraídos Venceremos.

A ordem tem seu preço... de qualquer forma.. oque se aprende com isso.. eu não sei...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Chorão



Visitei minha árvore favorita ontem de novo. Não sei ainda o por que, mas acho que me identifiquei com esse chorão ermitão à beira do lago, banhado em água, sol e visitantes esporádicos. 

Ps: aparentemente não só eu tenho essa árvore por favorita; havia uma grande garça perto dela quando passei. Ela voou assustada mas assim que me afastei ela voou de volta pro chorão solitário.

sábado, 29 de agosto de 2015

Para lembrar de nunca esquecer

Hoje pedalava de volta pra casa (melhor dizendo, pro sofá de uma casa que não é a minha) quando pensei: "- caramba, essa cidade enoooorme e eu só conheço uma pessoa". Pedalei meio desligado mas com essa frase na cabela, carregando com esforço a city bike carroça à qual sou grato mas agora amaldiçoo, vento batendo no rosto, contemplando o missisipi(?) e seus remadores, suas mil e três pontes. Achei curioso pensar nisso... me lembrei de como as pessoas romanceavam a minha primeira vinda, como eu mesmo (de certa maneira) tinha meus olhos cegos a isso quando fui pro Rio e pros EUA. 

Ontem voltei pra casa e queria colo. Mas o colo mais próximo - família- está a milhares de kms, a 12 horas daqui. Não, não há tempo pra isso. A gente tropeça mesmo no começo e não há muito por que ficar chorando as pitangas por aí rsrs Mas não posso esquecer de que esses momentos down acontecem mesmo; aconteceram há anos atrás e vão acontecer de novo ...e de novo... e de novo. Nunca se esqueça:  as dificuldades estão espalhadas por aí não para que vc tropece nelas, não para que você passe a duvidar de si mesmo e suas capacidades, mas para que vc as supere, para que você tome-as como uma oportunidade para crescer, acrescentar .... e talvez passar a olhar o mundo com outras perspectivas. 

Nessa noite de 28 de Agosto, Rafaello, o explorador destemido, vai dormir no sofá. 
Na cabeça: idéias; umas grandes, outras pequenas e muitas delas vagas.
Em seus sonhos: uma casa, e uma cama.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Devaneio onírico marxista-carioca #1

Hoje tive um sonho "horrível". Sonhei que entrava numa festa que minha ex dava em sua casa e que eu a procurava pra me dizer presente/dar oi. Vejo uma versão dela menor e mais nova que só poderia ser uma prima ou uma filha (filha não, pq ela não teria uma daquele tamanho); sigo adiante, procurando-a. A encontro, ela está linda. Dou um abraço nela. Quando o abraço termina estou abraçando um velho barbudo que parece o Karl Marx. Acordo.