A cidade é aquilo que vivemos e contruímos: palácios, prédios, pessoas e coisas. Ruínas de coisas e vidas que passam, vão e vem. Coisas que carregamos conosco e que insistem em ser levadas em toda e qualquer mala que fazemos. A ruína... que vive dentro da gente da mesma maneira que a formas ao nosso redor, se moldam e se adequam aos nossos olhos e olhar.
Mais fácil construir uma cidade a partir de escombros ou começar tudo do zero?
O contraste.... morar aqui é um evidente contraste. Uma cidade em que uma folha que cai no chão já é motivo pra alvoroço...gritaria. Que o diga uma árvore plantada a 3 metros de onde fora inicialmente pensada, um ciclista que pedala entre a calçada e a entrada de sua casa... em anticlandestineápolis tudo é motivo pra desespero e angústia de seus cidadãos, que não toleram desordem. E olha que estou há mais de 5 anos por aqui e nunca havia me deparado com uma cidade tão pouco permissiva quanto essa: um misto de cidade escandinava com casa de vó chata hahaha Me lembrou muito um poema do Leminski de quando este visitou Brasília pela primeira vez
Claro Calar sobre uma Cidade sem Ruínas (Ruinogramas)
Em Brasília, admirei.
Não a niemeyer lei,
a vida das pessoas
penetrando nos esquemas
como a tinta sangue
no mata borrão,
crescendo o vermelho gente,
entre pedra e pedra,
pela terra a dentro.
Em Brasília, admirei.
O pequeno restaurante clandestino,
criminoso por estar
fora da quadra permitida.
Sim, Brasília.
Admirei o tempo
que já cobre de anos
tuas impecáveis matemáticas.
Adeus, Cidade.
O erro, claro, não a lei.
Muito me admirastes,
muito te admirei.
Poema integrante da série Distraídos Venceremos.
A ordem tem seu preço... de qualquer forma.. oque se aprende com isso.. eu não sei...
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