Às vezes acho que já me adaptei, que já me misturo aos meus arredores como um camaleão, inotável. Como um papel de parede, lá vou eu, brasileiro até a alma seguindo pela cidade.
Cidade que me assusta, me surpreende.
Não sei se há um brasileiro médio. O típico comportamento brasileiro do qual outros brasileiros gostam de falar e criticar. Mas sei o seguinte: que o brasileiro que irrita tem o poder de irritar mesmo.
Por exemplo: é muito comum encontrar pessoas que ouvem celular alto no metrô. Ou que não tem o menor pudor em deixar o celular com aqueles barulhinhos horríveis, sem o menor respeito pelo espaço auditivo do outro.
É algo tipicamente tupiniquim? Definitivamente não: já vi isso na China, na França, nos EUA. Agora... no Brasil isso ocorre bastante também.
E isso faz daqui pior?
Não, não faz. Por outro lado, gera um desconforto estranho, uma desolação que me abate quando presencio essas coisas e penso que pouts, nem em 100 anos esse país vai conseguir vencer essas coisas, dar educação pra todos seus cidadãos, imbuir de bom senso e civilidade a maior parte da população que aqui vive.
Claro, pareço estar sendo dramático ao falar só de um celular barulhento. Antes fosse só isso: o Brasil mostra seu subdesenvolvimento em diversas facetas. Pra piorar, mostra o quão desenvolvido é também em diversas outras coisas.
E aí, nesse turbilhão de contradições, eu não sei mais oque pensar. Pareço viver num grande páis desenvolvido-em-subdesenvolvimento, um oxímoro que só quem pisou nesta terra pode entender. Ou melhor: muitas vezes nem entende (como eu), mas testemunha.
Um bagunça... uma confusão... ainda estou por entender, mas acho que nunca vou fazer sentido desse país.
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