Uma das coisas que mais interessante de se morar perto dos pais é poder visitá-los durante um dia de trabalho e, pra variar um pouco o ambiente, trabalhar na casa deles. Mas é nessa hora que você tropeça na fronteira que separa tua vida adulta da tua vida de adolescente.
E mesmo que arame farpado ali houvesse, não adiantaria: por mais cuidado que se tenha, lá vem tua mãe atrapalhar tua reunião importante pra te oferecer um suco, ou atravessar a sala durante uma call com câmera ligada com um recado "fui comprar manteiga pra fazer pão".
É foda.
Eu fico bravo, digo que não é pra entrar no escritório enquanto estou trabalhando ou em reunião, mas começo a rir sozinho dessas absurdidades que chegam a ser fofas de tão nonsense. Porque, no fundo, não adianta: nossos pais nunca vão entender que a gente cresceu.
Mas o pior disso é ver que não apenas crescemos, como invertemos os papéis:provavelmente lá estavamos nós, aos 5, querendo brincar de pega-pega enquanto nossos pais queriam é brincar de um outro pega-pega (entre eles somente, claro), ou queríamos ficar cantando na frente da TV e pulando no sofá enquanto eles queriam ler um livro. Hoje, é o contrário: os adultos somos nós, eles é que viraram crianças.
Não sei... só sei que estou desistindo. Não adianta falar mais, só me resta evitar e não repetir esses erros de achar que sou eu que tenho o controle da situação. Bate então o momento humildade, eu tentando aprender com essas fraquezas que me desviam a alma.... e não chego à lugar algum. Me pergunto que tipo de coisas hei de fazer aos 60... 70... de quantas formas diferentes podemos encabular nossos jovens filhos que ainda não temos? Pergunta retórica e difícil... mas já estou preparando uma listinha hee hee :)
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