Desde o começo dessa pandemia uma das coisas que mais tem cortado meu coração foi ver o aumento no número de entregadores de comida: várias pessoas de idade fazendo isso, além de várias pessoas bem novas também.
Alguns vêem nisso um sinal de que estamos caminhando a uma era onde tudo fica mais online. Não discordo, mas tenho um viés um pouco mais pessimista de que a uberização dos nossos skills chegou para ficar.
Médicos terão seus skills leiolados por apps, assim como engenheiros, advogados. Quem tem menos conhecimento técnico então... nem se fala: pra tudo no qual se pode trabalhar haverá a intermediação de algum app, por trás do qual umas poucas dezenas de "entrepreneurs" de Stanford estarão sentados, coletando dólares sem muito esforço.
Onde está o erro nessa equação? Claro, tecnologia está aqui pra dinamizar nossas vidas, nos servir. Mas quando se torna cada vez mais claro que a mesma só vem exacerbando a desigualdade em distribuição de renda e levando ao nosso empobrecimento (como um todo, como sociedade), passo a me perguntar: será que, iludidos pela cantiga da "tecnologia", caminhamos para nosso colapso? Para uma sociedade menos inventiva, com poder de escolha diminuto e de decisão cada vez mais concentrado nas mãos de uns poucos?
Uma vez um amigo biólogo me "puxou a orelha" durante uma conversa sobre Darwinismo, dizendo que evoluir (por pressão do ambiente) não necessariamente significa que há uma "melhora" do indivíduo, ou um aumento na sua complexidade. "-Pode acontecer do indivíduo menos complexo ser o mais apto para se desenvolver num meio". Infelizmente, talvez seja sob essa toada que estejamos caminhando...
[Acrescenta-se a isso tudo o crescente número de lojas fechadas.]
[Recentemente uma fábrica de cookies aqui perto de casa, antiga que só e que passou por poucas e boas nesse Japão, fechou. 💔]
[Torço por dias melhores, embora essa "esperança" não tenha respaldo algum em fatos.]
Nenhum comentário:
Postar um comentário