Pra registrar o respeito com o qual os japoneses lidam com os estrangeiros: cheguei na alfândega e o policial, não sabendo falar inglês, apontou pra um livrinho no qual dizia
"os cães farejadores detectaram algo na tua mala. Por favor nos siga pra uma inspeção mais detalhada"
E lá fui eu, calmo (já aconteceu isso antes comigo, já não me preocupo mais). Aí lá vai, 6 policiais pra ver a minha mala. Um deles me perguntando num inglês truncado, qual era minha especialidade. Falei que vinha dos EUA, onde morei nos últimos 7 anos. Mais perguntas, falei que era matemático. Todos eles ficaram curiosos.
No meio tempo, aquele samba: tira coisa da mala, japoneses vendo todas as minhas roupas de baixo, sapatos, goiabadas vindas do Brasil etc Até que, quando tudo havia sido checado e escaneado, eles viram pra mim e pedem desculpa pelo transtorno. Pergunto se posso ajudá-los a colocar as coisas na mala, ao que eles respondem afirmaticvamente. Não sem antes abrirem um dos livros de matemática que estava na mala e se debruçarem encantados com as fórmulas e desigualdades. A única coisa que entendia nessa hora eram expressões vagas como
"seno" (japonês ininteligível) "cosseno"
Um diálogo entre dois mundos, que transcende a língua: eu, vindo cheio de números, pra conversar numa linguagem universal com outros daqui. Achei o momento incrivelmente único e bonito.
Ainda sem entender muito, aponto pras minhas outras malas. Eles me respondem, afrimativamente com a cabeça (típico dos japoneses). "no no"... era só aquela a mala que queriam fiscalizar.
E assim começou a jornada por aqui (esse era pra ter sido o primeiro post, dáí o número 0)
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