[A foto ao lado foi tirada nessa última terça (dia 7 de Abril), dia em que defendi minha tese. Hesitei pela manhã um pouco: ir de chinelo pra defesa? Não não... acho que sou um escravo de formalidades.. não cabia ir dessa forma: tratei de ir o mais formal possível (embora de tênis vermelho :) ]
[Escrito ao som de "No one ever tells you"
... "It never comes easy"...]
Pois é.... acabou. Quem diria. Nesses dias eu tenho encontrombado amigos e colegas; passam aqueles filmes diante dos olhos "nos conhecemos no primeiro semestre..parece que foi ontem..agora vc está se formando", disse um deles. Tudo parece que foi há pouco: sair da casa antiga, mudar pra casa branca, a casa temporária no verão, partir pro trabalho debicileta numa manhã de verão e sentir o sol cedinho-quente-quentinho, a viagem à nova Iorque com calor de abraços e beijos, tantos tchaus cinematográficos em aeroportos, dias de ressaca, os dias de coração rasgado ao voltar do Brasil, as manhãs com o vermelho do nascer do sol batendo na minha janela pra que eu acordasse.... tantas coisas... ainda não chegou o momento de dizer tchau pra essa cidade, mas é o momento em que um ciclo se fecha: acabou o doutorado. Uffaaa....
O futuro me pareceu incerto por tanto tempo... as possibilidades em minhas mãos: EUA ou Brasil? Poutz... nunca imaginaria que seria uma escolha tão difícil. Por anos e anos tenho dito que quero voltar ao Brasil (e ainda o pretendo fazer assim que possível); surge uma oportunidade e eu digo não a ela!!?? Me pareceu irreal tanto pensar/hesitar, mas ponderar é sempre a melhor coisa diante de uma decisão tão grande. Mesmo ao lado de amigos, família e tantas outras coisas acho que a realidade dos fatos me fez ver uma única coisa: a decisão era minha e que eu deveria tomá-la sozinho. Só eu sei oque é bom pra mim, e nesse momento não é o Brasil: instabilidade econômica, falta de dinheiro pra pesquisa/viagens... quero e penso em voltar pro Brasil, mas não pra enterrar/afundar minha vida devido a uma escolha precipitada.
Curiosamente, não foi uma decisão com o mesmo "gosto" da decisão que tomei ao vir pra cá em 2010: naquela época eu vim sem saber oque me esperava; dessa vez eu voltei sabendo que diante de mim só estariam boas coisas. Acho que foi importante ver que ... sim, sou uma pessoa diferente depois desses cinco anos: tenho mais conciência dos meus medos e, acima de tudo, tenho consciência quando eles tentam tomar conta das minhas atutudes/escolhas. Nunca, nunca... Faça aquilo que você gosta, busque aquilo que procura, guie-se pelo que te é belo e pelo que alimenta teus dias. Basear escolhas em medo corrói a alma... por que o caminho certo nem sempre é o mais fácil. Me dói ainda a escolha que fiz.. na verdade me dói ter que ter encarado essa encruzilhada, mas... acho que foi importante tê-lo feito: agora sei que há um caminho de volta e que minha vida não se tornou um labirinto (como tanto temi durante os anos aqui). Embora não soubesse que o sei, me peguei no meio desse mar conhecendo o caminho de volta ao "meu" porto. Mais que isso, acredito que poderei voltar adiante num cenário mais otimista não só pra minha carreira mas, no aspecto pessoal, como uma pessoa mais íntegra/inteira (seja lá oque isso signifique).
Os anos aqui me serviram pra algo: pra exorcizar fantasmas que nunca quis encarar e que sempre me perseguiram. Sou razoavelmente otimista diante do futuro: acho que ao menos estou a caminho de me tornar o homem que almejo ser. E isso não tem a ver com carreira, dinheiro, status, nada... tem a ver com estar feliz consigo mesmo e a pessoa que você é. Allegro, ma non troppo... mas talvez chegando lá. Pois é... serenar por agora e deixar assim... como está.
Um comentário:
Mas enfim, dizer que eu nao estou com medo seria mentira. Estou com muuuito medo, mas tentando não me deixar paralizar diante disso. O medo pode ser uma coisa boa tbm: denota sua consciência frente a coisas que são arriscadas e grandes.. percepção de si mesmo e do risco que se corre.
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